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Entenda a lesão sofrida após entrada de Marcelo e efeitos na vida do atleta

Imagem assustou e fez o lateral do Fluminense chorar, mas a lesão poderia ter sido ainda pior

O lance forte envolvendo Marcelo e o zagueiro Luciano Sánchez foi o assunto do dia após o empate entre Fluminense e Argentinos Juniors pela Libertadores. A imagem assustou e fez o lateral do Flu chorar, mas a lesão poderia ter sido ainda pior.

De acordo com especialistas ouvidos pela Trivela, o fato de não haver fratura é muito importante. A luxação, entretanto, pode gerar outras lesões. A lesão acontece quando uma articulação sai do lugar e não volta para a posição natural.

Chefe do departamento médico do Argentinos Juniors, Alejandro Roncoroni já afirmara ser uma contusão raríssima no futebol.

— Em 23 anos de medicina, nunca vi uma lesão assim. Donato Villani (médico da AFA) em 40 anos me disse a mesma coisa — afirmou Alejandro Roncoroni, médico e secretário geral do Argentinos Juniors, à Rádio D Sports, na Argentina.

Ex-médico do Santos e especialista em ortopedia esportiva, Rodrigo Zogaib explicou melhor a lesão.

— É uma contusão muito incomum no futebol. Lógico que aconteceram algumas. No nosso país, acho que a mais lembrada é a do Maikon Leite, no Santos. O que aconteceu foi a luxação foi a perda de contato entre tíbia e fêmur, ossos que mantém a articulação, entre eles tem o menisco e os ligamentos, cruzado anterior e posterior, e o lateral e colateral medial. Existem outros, mas na prática, o que houve foi uma ruptura de vários deles junto à luxação — afirmou.

Sánchez recebeu o carinho de Marcelo após o jogo. O lateral-esquerdo do Fluminense foi ao vestiário adversário pedir desculpas e saber mais informações sobre o companheiro de profissão, além de trocar telefones.

Jogador pode voltar a jogar em alto nível?

A imagem forte fez os jogadores e espectadores esperarem pelo pior. Afinal, Sánchez poderá voltar a jogar em alto nível? De acordo com os médicos, sim.

— É uma recuperação muito diferente da maioria das lesões de joelho que acontecem no futebol. A medicina não é matemática. É totalmente possível que o jogador volte a atuar em alto rendimento. Se vai voltar bem ou do mesmo jeito, depende do organismo do atleta — afirmou Thiago Blum, médico do Bangu.

Blum comparou a lesão do zagueiro argentino com a de Bruno Henrique. Embora sejam contusões diferentes, foram muito incomuns e tendem a ter um tempo de recuperação parecido.

— Há a possibilidade de corrigir os ligamentos, a articulação e o menisco de uma só vez. Ou pode operar ambos de maneira isolada, com a recuperação de cada um deles em separado. Talvez seja a melhor opção porque o tempo de recuperação será parecido, e causará menos dor e sofrimento no pós-cirurgia — afirmou.

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Lance poderia causar problemas ainda mais graves

A preocupação dos médicos consultados pela Trivela, entretanto, eram bem maiores do que o rendimento esportivo. Segundo Thiago Blum, chefe do departamento médico do Bangu, o mais importante é preservar a “função básica” da articulação.

— Naquele momento o mais importante era preservar as áreas nobres da parte posterior do joelho: veias e artéria, além do tendão. Havia a possibilidade, por conta do movimento que aconteceu, de uma ruptura vascular que poderia causar um problema de fluxo sanguíneo nas pernas ou até um problema neurológico. Mas ele foi bem tratado e aparentemente nada disso vai acontecer — disse.

Médico especialista em ortopedia e traumatologia e médicina do esporte, Rodrigo Zogaib foi outro a citar as “áreas nobres”. Em 22 anos chefiando o departamento médico do Santos, ele presenciou uma contusão incomum e parecida, mas não igual.

— É uma contusão muito incomum no futebol. Lógico que aconteceram algumas. No nosso país, acho que a mais lembrada é a do Maikon Leite, em 2008, no Santos. O maior perigo, sem dúvidas, são as estruturas nobres, vasculares e nervosas, como artérias, que levam o fluxo de sangue até os pés. É uma urgência muito grande. Em 22 anos de futebol nunca vi uma lesão assim — opinou.

Ainda não há um diagnóstico completo sobre o caso de Luciano Sánchez. Uma ressonância magnética, nos próximos dias, deve informar todas as lesões sofridas no lance. A expectativa dos médicos ouvidos pela Trivela é que o argentino fique ao menos 15 meses fora dos campos.

Foto de Caio Blois

Caio BloisSetorista

Jornalista pela UFRJ, pós-graduado em Comunicação pela Universidad de Navarra-ESP e mestre em Gestão do Desporto pela Universidade de Lisboa-POR. Antes da Trivela, passou por O Globo, UOL, O Estado de S. Paulo, GE, ESPN Brasil e TNT Sports.
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