Mano admitiu erros na queda do Fluminense na Libertadores, mas culpa não foi só dele
Pilares do Flu não jogaram bem, inexperientes sentiram o jogo e jogadores em má fase não ajudaram em derrota
O Fluminense jogou mal, perdeu e foi eliminado pelo Atlético-MG nas quartas de final da Libertadores. Ao fim da partida, Mano Menezes afirmou que a responsabilidade era dele. Mas o técnico não foi o único a errar na Arena MRV.
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Como comandante da equipe, Mano detém, claro, a maioria dos deméritos coletivos. A questão é que muitos dos erros foram individuais. Para além de um plano de jogo que claramente não deu certo, a execução, em campo, não é só culpa do treinador.
Fábio, que pegou pênalti de Hulk e evitou o pior, foi a única exceção. Muitos dos principais jogadores do Fluminense estiveram bem abaixo do que podem em Belo Horizonte.
— Quando um time é superior, como o Atlético-MG foi superior a nós, o problema da equipe foi tático, foi estratégico, foi global. E essa responsabilidade é minha — afirmou Mano Menezes.
Mano protege elenco, mas pilares do Fluminense vão mal
A Trivela esteve em Belo Horizonte e acompanhou a derrota do Fluminense in loco. É bem verdade que as mexidas do treinador poderiam ter acontecido antes, como ele mesmo admitiu, e o planejamento deu errado.
Mas é inegável que pilares do Fluminense jogaram muito mal.
Thiago Silva joga no sacrifício na Libertadores
Com dores no calcanhar, Thiago Silva jogou no sacrifício. E seria cruel criticá-lo em mais um jogo que, como de costume, venceu a maioria dos duelos. É impossível, entretanto, não citar que o camisa 3 deixou Deyverson se antecipar e abrir o placar.
Thiago tentou mapear a área ao virar o pescoço antes da jogada. O herói atleticano, entretanto, esperou que o capitão do Flu se virasse para se deslocar e antecipar o zagueiro.
Após o gol, Thiago Silva se virou para o companheiro de zaga, Thiago Santos, e reclamou. Mas o erro foi mesmo dele, que não cortou o cruzamento e permitiu a antecipação. A jogada teve mais mérito de Deyverson.
A Trivela flagrou Thiago Silva mancando muito na saída do vestiário após o jogo. Ele não falou com a imprensa na zona mista após atender jornalistas à beira do campo.
Ganso não repete boas atuações, e Fluminense sente sua falta
Nas boas e nas más fases do Fluminense em 2024, Paulo Henrique Ganso tem sido um dos poucos a manter alto nível de atuações. Mas em Belo Horizonte, desta vez, o camisa 10 ficou devendo.
A Trivela observou Ganso reclamar do estado do gramado em alguns momentos em que falhou nos gestos técnicos. Os domínios e passes saíam errado em sequência, e sem conseguir ditar o ritmo do jogo, o meia influenciou na dificuldade do Fluminense em reter a posse de bola.
Ganso não cometeu erros capitais no jogo e foi substituído por Lima, que marcou o único gol tricolor no confronto. Sua atuação, entretanto, esteve bem longe do nível que apresentou nos últimos jogos.
Arias só aparece ao cometer pênalti
Os problemas do Fluminense causaram um efeito dominó da defesa ao ataque. Os zagueiros e laterais tinham dificuldade em marcar as estrelas do Atlético-MG. O meio-campo não conseguia manter a posse de bola. Assim, o ataque, claro, sofreu.
Melhor jogador do time, Arias chamou a atenção. Mas dessa vez, negativamente.
O colombiano só apareceu em campo ao cortar o chute de Guilherme Arana com o braço e cometer pênalti no início do jogo. Se foi decisivo na Recopa Sul-Americana e nas oitavas de final da Libertadores, desta vez, entretanto, o craque do Flu pouco foi visto.
Último a sair entre os jogadores na zona mista, ele ignorou chamados da imprensa para falar. Não é mesmo muito a dele.
Fato é que o Fluminense se ressentiu da qualidade de seu melhor jogador. Arias foi muito mal em Belo Horizonte.
Jogadores inexperientes sentem o peso do jogo
O Fluminense foi ao mercado em busca de contratações e gastou como nunca na janela de transferências.
Facundo Bernal e Kevin Serna rapidamente viraram titulares da equipe com Mano Menezes. Inexperientes, entretanto, ambos sentiram o jogo.
Na defesa, o uruguaio ainda conseguiu vencer a maioria dos duelos diretos. Fez desarmes importantes. Com a bola, entretanto, além de isolar a melhor chance do Tricolor no jogo, ele foi muito mal. Bernal errou 11 passes, sendo quatro longos, segundo dados do Sofascore. Esta foi sua pior desempenho em aproveitamento de passes desde que chegou ao Flu.
Serna, por outro lado, teve muitas dificuldades na marcação. O fôlego que gastou para frear as descidas de Scarpa e Hulk lhe faltou quando teve a bola. O colombiano, que já não é um primor técnico, foi muito mal no jogo.
Isolado, Kauã Elias tenta, mas não resolve
Aos 18 anos, Kauã Elias não pode ser culpado pela eliminação. Até porque o jovem foi o único jogador de ataque a tentar alguma coisa.
Dos seus pés saíram as três únicas chances reais de gol do Fluminense no jogo.
Uma em jogada individual, que depois gerou o escanteio para Thiago Silva cabecear rente ao gol. A outra, ao aproveitar roubada de bola e lançar Bernal. O uruguaio mandou para longe do gol de Everson na oportunidade mais clara que o Flu teve de marcar na Arena MRV.
— Não conseguimos fazer o que queríamos. Sempre tentamos dar o melhor, mas infelizmente não foi possível — disse.
De onde menos se espera, não saiu nada
Os laterais Samuel Xavier e Diogo Barbosa não vem tendo boas atuações. Embora o camisa 6 tenha barrado Marcelo, sua melhor sequência de jogos não durou mais do que três partidas. Na direita, é difícil explicar como o camisa 2 não perdeu a vaga para Guga, que sempre entra melhor.
Do banco de reservas, Cano foi o único a se salvar. Entrou com raça, brigou com zagueiros e parecia dar algum ânimo ao apático Fluminense. Mas foi pouco.
Até porque, antes disso, Antônio Carlos e Lima entraram e foram peças nulas. Mas o zagueiro errou no lance da classificação do Atlético-MG. O defensor poderia cortar o cruzamento, mas não reagiu e permitiu que Deyverson desse números finais ao confronto.
Martinelli participa diretamente da eliminação do Fluminense
A eliminação, entretanto, também passa pelos pés do criticado Martinelli. O recordista de jogos do Fluminense na Libertadores fazia um jogo similar aos companheiros.
Jogador com mais jogos pelo Fluminense em CONMEBOL Libertadores, Martinelli relembra o momento mais especial de seus 30 jogos na competição!Hoje tem mais uma decisão pela frente!Assista ao vídeo completo na #FluTV >> youtu.be/AGyWi1y6-wg?…
— Fluminense F.C. (@fluminense.com.br) September 25, 2024 at 3:18 PM
No fim, entretanto, errou ao conduzir a bola na grande área, e, mesmo que exista discussão sobre a falta de Paulinho, sua decisão foi equivocada — assim como a de Felipe Melo no clássico contra o Botafogo.
— Eu percebi do banco que foi falta no Martinelli. Cobramos a (marcação da) falta para o VAR ver. Mas não foi possível. Então não tem muito o que fazer, a gente queria mesmo ver se tinha como ele ir ao VAR — opinou Kauã Elias.
Pressionado e mal no jogo, o Tricolor precisava jogar sério naquele momento. Um chutão para a frente poderia evitar esta análise. Para piorar, o árbitro Wilmar Roldán mantinha o critério de não marcar esse tipo de faltas em todo o jogo. O erro, portanto, também foi de leitura.