Libertadores

Primeiro rival do Atlético-MG na Libertadores vive péssima fase e só terá logística ao lado

Somando seis jogos sem vencer e sem muita perspectiva de melhora, esse é o momento do Caracas, adversário do Atlético na estreia da Libertadores

O Atlético-MG conheceu na noite de segunda-feira (18) os adversários da fase de grupos da Copa Libertadores. Consequentemente, o Galo também já sabe a ordem dos jogos e para onde viajará. A primeira parada é para a Venezuela, onde enfrentará o Caracas em duas semanas. Os Rojos del Ávila vivem péssima fase desde o fim de 2023, e só terá a seu favor a logística complicada que o Alvinegro enfrentará até chegar a capital venezuelana.

O duelo contra o Caracas acontecerá no dia 4 de abril, quinta-feira, período entre os dois jogos da decisão do Campeonato Mineiro que o Atlético fará contra o Cruzeiro. Dentro desse cenário, o Galo precisará se preocupar muito com a logística – e agora também com um novo treinador, já que optou por demitir Felipão nesta semana.

Em 2023, quando foi enfrentar o Carabobo em Caracas pela fase preliminar da Libertadores, a delegação do Atlético levou 16 horas de viagem para chegar ao destino, fazendo um voo com duas conexões (São Paulo e Panamá) até o destino. Por isso a logística é vista como muito complicada. Para evitar esse longo trajeto que, sem dúvidas, é prejudicial aos atletas, principalmente no meio de dois jogos tão importantes, o Galo pode tentar um voo fretado, mas isso também é algo complicado.

Por conta de toda a questão social, política e econômica da Venezuela, as companhias aéreas do Brasil não operam voos no país. E o mesmo vale para as venezuelanas, que tem dificuldades em operar em solo brasileiro. No entanto, o Athletico-PR conseguiu uma viagem direta para Caracas na disputa da Sul-Americana de 2018, fazendo apenas uma parada em Manaus, o que mostra que fretar um voo não é algo impossível. Nesse cenário, o tempo de viagem cairia pela metade, passando a ser de cerca de sete horas.

A péssima fase do Caracas

A logística complicada para o Atlético fica sendo então a grande aliada do Caracas para a estreia da Libertadores, já que o time venezuelano não vive um bom momento desde o fim de 2023. Dos últimos 20 jogos oficiais, os Rojos del Ávila só venceram quatro. Atualmente, somam seis partidas seguidas sem vitórias, estando apenas em 11° lugar (de 14) no Torneio Apertura.

A Trivela entrou em contato com jornalistas venezuelanos que estão mais por dentro do dia a dia do Caracas para entender como o time vice-campeão nacional em 2023 terminou o ano tão mal e segue em baixa em 2024.

Segundo o jornalista Miguel Oropeza, o Caracas tem grandes dificuldades defensivas, principalmente por perder o goleiro titular, Alain Baroja, para o Always Ready (BOL). Na vaga dele, estão jogando dois jovens goleiros, que até são da base da seleção venezuelana, mas que não passam a confiança necessária. O clube trouxe de volta em 2024 Wuilker Fariñez, titular da Venezuela que era apontado como um goleiro de enorme potencial mundial, mas que não vingou. Ele, no entanto, ainda não atuou, pois se recupera de uma lesão sofrida com a seleção na metade de 2023, mas já treina com bola e pode ser novidade contra o Galo.

– Para a Libertadores, será um pouco mais complicado. É uma equipe que não tem referências. No gol, não tem um jogador que lhe dê essa segurança defensiva como teve no ano passado com Alain Baroja. (O zagueiro) Rubert Quijada, que é o capitão, também está tendo problemas físicos. Na última partida, ele teve que sair antes de terminar os primeiros 45 minutos por uma lesão na sua perna direita, que vem se arrastando desde o final de 2023 — disse Miguel.

Já o jornalista José Luis Rodríguez acredita que Caracas tem um time melhor do que em 2023, mesmo com o início ruim no campeonato nacional.

Qual a meta na Libertadores?

Sendo um time do pote 4, o Caracas entra, automaticamente, como o mais fraco do grupo (exceto em alguns casos, como o Botafogo). Diante desse cenário, Miguel Oropeza acredita que o time venezuelano terá vida bem difícil no Grupo G: “Ir à Libertadores com essas viagens, também os times que enfrenta… Tudo isso será bastante complicado para o Caracas”.

Já José Luis acredita que o Caracas pode ter um papel melhor no grupo, para isso, precisa se dar bem como mandante. “O objetivo para transcender andará de mãos dadas com o de se fazer forte em casa”, disse o jornalista, ao lembrar que o próprio Atlético não venceu o Carabobo em 2023 no estádio que é a casa do Caracas.

Caracas tem uma ativa torcida, que pode ajudar a fazer diferença nos jogos em casa (Divulgação/Caracas)

O Caracas FC

Tradicional time venezuelano, o Caracas tem 12 títulos da liga nacional, tendo conquistado o último em 2019, além de outras seis taças de copa. Na Libertadores, vão para a 23ª participação, tendo como melhor resultado as quartas de final em 2009.

O Caracas joga no Estádio Olímpico da Universidade da Venezuela, que tem capacidade para mais de 20 mil torcedores. O atual elenco é formado por muitos jogadores jovens, abaixo de 23 anos, como os selecionáveis venezuelanos Bryant Ortega (meia – 21 anos) e Renne Rivas (lateral – 20 anos), mesclados com algumas peças mais experientes, como os atacantes Edwuin Pernía, Yeison Mena e Richard Figueroa, e o já citado zagueiro Rubert Quijada, capitão do time.

Em campo, a formação mais utilizada é a 4-2-3-1. O Caracas até é o time que tem mais porcentagem da posse de bola em seus jogos, inclusive, chega a ter números destacados no quesito. No entanto, não consegue transformar isso em domínio ao ponto de marcar gols e vencer. Na temporada, são apenas seis gols marcados em oito jogos disputados.

Antes de encarar o Atlético, o Caracas fará mais um jogo pelo campeonato venezuelano, contra o Monagas, fora de casa, na tentativa de retomar o caminho das vitórias na temporada antes da estreia na Libertadores.

Foto de Alecsander Heinrick

Alecsander HeinrickSetorista

Jornalista pela PUC-MG, passou por Esporte News Mundo e Hoje em Dia, antes de chegar a Trivela. Cobriu Copa do Mundo e está na cobertura do Atlético-MG desde 2020.
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