Justiça da Argentina estuda notificar Deyverson, do Atlético-MG
Ministério Público Federal entende que jogador promoveu a desordem ao levar uma camisa do Boca Juniors ao estádio do River Plate
A Justiça da Argentina, através do Ministério Público Federal, estuda notificar Deyverson por provocação de discórdia. No caminho da delegação do Atlético-MG ao estádio Monumental para disputar a semifinal da Libertadores contra o River Plate, o atacante deixou à mostra uma camisa do Boca Juniors, maior rival do adversário argentino.
A reportagem da Trivela, presente em Buenos Aires, apurou com integrantes de órgãos de segurança locais que a representação local deve acontecer nos próximos dias.
Também foi levantado que o River Plate não vai ingressar com qualquer tipo de reclamação formal, seja desportivamente, através da Conmebol, ou de maneira civil.
A equipe argentina foi comunicada do intuito da Justiça local entrar com a notificação e se sentiu suficientemente representada com isso.
A Conmebol, por sua vez, não possui jurisdição para atuar nesse episódio, já que ele aconteceu no trajeto da delegação atleticana ao Monumental. A entidade máxima do futebol na América do Sul pode, no máximo, endossar qualquer iniciativa de repúdio que seja feita contra a atitude do atacante.
Um representante do departamento jurídico do Galo estava em Buenos Aires e foi colocado a par da situação logo após a partida que garantiu a classificação da equipe mineira à final da Libertadores.
O Atlético deve se posicionar após toda a situação ser esclarecida internamente. Quando isso acontecer, a matéria será atualizada com o posicionamento.
Deyverson, por sua vez, não passou pela zona mista após o triunfo na capital argentina e nem deve se falar sobre o assunto. O jogador deixará nas mãos do Atlético qualquer posicionamento oficial da parte dele.
Deyverson pode perder a final da Libertadores caso seja notificado pela Justiça da Argentina?
Heroi das classificações atleticanas à semi e final nesta edição da Libertadores, Deyverson tem figurado como uma das grandes estrelas do Galo na campanha internacional. O jogador foi contratado no meio do ano, vindo do Cuiabá.
E para confortar o torcedor atleticano, a notificação do Ministério Público Federal da Argentina não tem o poder de tirar o centroavante da decisão da competição continental que acontece no dia 30 de novembro, também em Buenos Aires.
A reportagem da Trivela buscou informações nos arredores do Monumental e descobriu que a notificação, chamada na Argentina de contravenção, é um apontamento de infração leve. A situação foi comparada ao recebimento de multa de trânsito.
Os contatos, inclusive, geralmente sequer acontecem com a pessoa notificada, mas com um advogado ou outro representante legal.
É possível haver uma audiência virtual que defina pelo pagamento de indenização por parte de Deyverson. As chances de isso acontecer, no entanto, são muito remotas.
O máximo que o atleta será afetado é ficar “pendurado” com a Justiça argentina.
Em um possível novo episódio de provocação que a Justiça da Argentina entenda como incitação à violência e desordem, o centroavante seria reincidente e seria penalizado de forma mais contundente, como condenação para pagamento de multa.
Cara da classificação do Atlético à final da Libertadores, Deyverson tem vasto histórico de provocações contra o River
Autor de dois gols no triunfo atleticano por 3 a 0, em Minas Gerais, na partida de ida, Deyverson foi fundamental na volta do clube mineiro à decisão continental após 11 anos, quando a equipe conquistou o seu único título da Libertadores na história.
Ainda no duelo disputado na Arena MRV, o jogador também ficou destacado pelas provocações aos jogadores do River Plate.
No duelo de volta, o centroavante não se intimidou em estar na casa do adversário e, além de levar a camisa do Boca Juniors ao estádio Monumental, também colocou fones de ouvido e fez gestos em referência ao maior rival do River. Isso aconteceu quando ele foi substituído, no segundo tempo.
Outra atitude de Deyverson ao deixar o gramado foi fazer um gesto com as duas mãos na altura das axilas.
O gesto dividiu opiniões sobre ser a imitação de um macaco ou uma galinha.
A primeira opção teria o intuito de rebater movimentos comumente denunciados por torcedores de equipes argentinas quando jogam contra brasileiros e foram repetidos em direção ao ônibus com torcedores do Atlético a caminho do estádio Monumental.
A segunda faria referência a um apelido pejorativo dado à torcida do River Plate.