Libertadores

O local onde surgiu Arrascaeta, que vive coração dividido em Flamengo x Peñarol

A Trivela esteve no Estádio Luis Franzini, onde o craque uruguaio recebeu sua primeira chance entre os profissionais

Giorgian de Arrascaeta é um dos jogadores mais importantes da história do Flamengo. Contratado em 2019, o uruguaio já títulos e, acima disso, o coração dos rubro-negros. A torcida, agora, terá a oportunidade de conhecer onde a carreira do craque começou.

Cria do Defensor Sporting, importante, mas modesto clube quando comparado a Nacional e Peñarol, Arrascaeta fez história antes mesmo de deixar o Uruguai.

O Luis Franzini

Com capacidade para 16 mil torcedores, o estádio é acanhado, mas extremamente vibrante em dias de jogos do Defensor Sporting. As arquibancadas são no estilo raiz, feitas de ferro, sem cadeiras. O torcedor que vai ao estádio fica em pé ou sentado nas vigas de ferro.

As instalações do Estádio Luis Franzini (Foto: Gui Xavier/Trivela)

O gramado é mantido em bom estado pelos funcionários do clube, que conversaram com a reportagem a respeito do estádio. Segundo eles, o local é um dos mais interessantes do Uruguai para se acompanhar uma partida de futebol.

O estádio também exibe as glórias do Defensor Sporting, embora em forma de mensagem. Os troféus estão exibidos na sede social do clube, que fica ao lado do Luis Franzini. Ainda que Peñarol e Nacional dominem o futebol uruguaio há muito tempo, a equipe do Parque Rodó é importante no cenário nacional.

A sala de troféus do Defensor, localizada na sede social do clube (Foto: Gui Xavier/Trivela)

Luis Franzini ainda é um nome relevante para o jornalismo. Editor chefe do El Día, importante em Montevidéu, ele se tornou chefe de jornalismo do Uruguai na década de 60, antes da ditadura militar. O periodista foi um símbolo de resistência nesse período.

Histórias de Arrascaeta no Defensor

Ainda que tenha dado os primeiros passos no futebol profissional, Arrascaeta teve origem distante de Montevidéu. Como é natural para a maioria das promessas uruguaias, o baby fútbol foi o caminho. Somente em 2008, quando tinha 14 anos, chegou para vestir a camisa do Defensor Sporting.

O uruguaio já era uma promessa importante antes de chegar, mas, depois que iniciou o caminho no Luis Franzini, despontou de vez. Um dos funcionários que conversou com a Trivela, identificado como Rodrigo, revelou que os olhos brilhavam quando via Arrascaeta jogar.

— Ele era um fenômeno, junto com o (Felipe Gedóz). A questão não era física, era técnica. Um dos mais inteligentes que vi com a camisa do Defensor — explicou.

A timidez foi um assunto quando chegou ao Flamengo e também apareceu na chegada ao Defensor. Como as categorias de base da equipe uruguaia são divididas entre sub-15 e sub-17, já que depois disso as promessas integram o profissional, Arrascaeta teve tempo para se acostumar por lá. Fez bem.

As primeiras oportunidades nos profissionais vieram em 2012, mas foi em 2014 que o meia despontou de vez. No Campeonato Uruguaio foram 12 gols e nove assistências, porém o encantamento aconteceu mesmo na Libertadores, onde foi destaque e guiou o Defensor a semifinal. Rodrigo se rendeu.

— Campanha histórica para nós. A torcida não é muito grande, mas fizemos a nossa parte e ficamos muito felizes. O Giorgian foi fundamental — analisou.

Talentos vão embora cada vez mais cedo

Já no fim do papo, o Rodrigo nos alertou para um tema cada vez mais comum não só no Defensor, mas no futebol uruguaio: a saída de jovens para outros pontos do futebol. Está acontecendo com os atletas cada vez mais jovens. Ele ainda citou o exemplo de Luciano Rodríguez, ex-Liverpool-URU e contratado pelo Bahia.

— Quando fazemos uma boa campanha no campeonato local, a janela seguinte é sempre um tormento. Se destacam e vão embora. Para segurar é muito difícil, somos um clube que forma muito, mas não consegue manter os talentos — finalizou.

Coração dividido

Arrascaeta passou por Cruzeiro e Flamengo depois de encantar no Defensor, mas sua paixão de infância é o Peñarol, adversário desta quinta-feira (26). Ainda que já tenha mostrado profissionalismo em outros confrontos, o coração está dividido. O caso é o mesmo de Varela e Nico De La Cruz, que também são hinchas do Carbonero.

O que se espera de Arrascaeta, assim como dos outros uruguaios, é um grande jogo pelo Flamengo. A bola rola a partir das 19h (de Brasília), no Campeón Del Siglo, valendo a classificação para a semifinal da Libertadores.

Foto de Guilherme Xavier

Guilherme XavierSetorista

Jornalista formado pela PUC-Rio. Da final da Libertadores a Série A2 do Carioca. Copa do Mundo e Olimpíada na bagagem. Passou por Coluna do Fla e Lance antes de chegar à Trivela, onde apura e escreve sobre o Flamengo desde 2023.
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