Barras do Vélez agridem jogadores e, no dia seguinte, ainda invadem sede do clube
Após uma custosa derrota do Vélez para o Huracán, os barra bravas do clube protagonizaram diferentes episódios de violência

O Vélez Sarsfield enfrenta uma das maiores crises de sua história recente. O Fortín terminou o Campeonato Argentino no 25° lugar entre 28 times e corre o risco de rebaixamento na tabela anual. Neste final de semana, a derrota por 1 a 0 diante do Huracán foi bastante custosa e desencadeou diferentes episódios de violência. No domingo, torcedores invadiram a Vila Olímpica dos velezanos, onde ficam os alojamentos e o centro de treinamentos. Segundo os relatos da imprensa local, jogadores foram agredidos verbalmente e três deles também fisicamente. Já nesta segunda-feira, ocorreu uma invasão na sede do clube, com pedidos por uma ampla renúncia da direção.
O Vélez soma 27 pontos na tabela anual do Campeonato Argentino, que soma os pontos da Liga e da Copa da Liga. O último colocado será rebaixado. O Huracán era justamente o lanterna até então, quando a derrota por 1 a 0 complicou um pouco mais a situação dos velezanos. Com isso, o Fortín aparece apenas dois pontos acima do Colón, que seria rebaixado no momento. A disputa da Copa da Liga permite a sobrevivência, mas não que o cenário atual anime. Especialmente diante dos ataques.
Como foi a agressão aos jogadores
A agressão do domingo se direcionou principalmente contra jogadores formados pelo clube. Um dos atacados foi Gianluca Prestianni, de apenas 17 anos e uma das principais promessas do Vélez. Santiago Castro, atacante de 18 anos, também foi agredido. Outro que sofreu foi o experiente lateral Leonardo Jara, de 32 anos. Os torcedores ainda danificaram carros dos atletas. Só depois os seguranças do clube viram a situação e protegeram os demais jogadores, antes que a polícia chegasse e os torcedores fugissem.
Conforme os relatos, três automóveis cercaram os jogadores na saída da Villa Olímpica. Prestianni, Castro e Jara deixavam o local quando foram abordados e atacados. Além das agressões, Jara ainda foi ameaçado com uma arma de fogo. Os barras afirmaram que iriam dar um “tiro corretivo em cada perna do defensor por perder um jogo de nove pontos”. Por enquanto, os agressores não foram denunciados pelos futebolistas. No entanto, alguns atletas já solicitaram a transferência para outros clubes. O elenco do Vélez estará de folga até a próxima sexta-feira e existem temores de novos ataques na volta aos treinamentos.
Prestianni chegou a se manifestar publicamente e recebeu ameaças de morte, indicando que não deve seguir no elenco: “Tinha ofertas para sair antes, mas fiquei em respeito ao Vélez. Minha família não gostou do que aconteceu comigo. Golpearam o meu carro, também me acertaram no rosto duas vezes e me pegaram pelo pescoço. Continuar no clube é uma decisão difícil, tenho que falar com minha família, porque são torcedores do Vélez. Você não sabe o que fazer, preciso ver muito bem”.
Em nota oficial, o clube escreveu: “O Vélez lamenta e repudia energicamente a situação intimidatória que viveram alguns jogadores de nosso time principal. Promovemos os valores do esporte, a integridade e o respeito às pessoas em todas as circunstâncias. Todo ato de violência deve ser condenado. A segurança e o bem-estar de todas as pessoas envolvidas no clube são de extrema importância para nós. A instituição fica à disposição da justiça. Reiteramos nosso apoio aos jogadores e à comissão técnica. Seguiremos em frente trabalhando juntos, mas sempre com valores que historicamente marcaram a família Vélez”.
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Como foi a invasão desta segunda
Nesta segunda-feira, a barra brava do Vélez foi até a sede do clube para protestar. Pediam a saída do presidente Sergio Rapisarda, bem como de outros integrantes da direção do clube. Os dirigentes eram responsabilizados pela situação preocupante do Fortín e pela falta de resultados. Além dos pedidos para uma renúncia geral, também ameaçavam novos conflitos caso não ocorra uma limpa. O clube deverá realizar uma Assembleia Extraordinária em breve, no que poderia culminar no pedido de demissão.
Diante do caos, parte dos torcedores invadiu a sede do clube e subiu as escadas rumo aos escritórios da direção. Nem mesmo os seguranças do clube conseguiram conter os torcedores e o chefe do departamento foi expulso do local pelos invasores. Entretanto, nenhum dirigente estava presente. Só depois é que a situação foi contornada pela polícia.
Outros ataques nos últimos meses
O histórico recente do Vélez é tenso. Há dois meses, 12 integrantes da barra do clube invadiram a sede e questionaram os jogadores. Os torcedores fugiram quando a polícia chegou ao local. Já no final de junho, os organizados pararam um treinamento dos velezanos para exigir “mais compromisso” da equipe. A pressão, entretanto, não significou uma melhora do ambiente – pelo contrário.
A impunidade prevalece nos diferentes episódios. Na agressão deste domingo, os barra bravas envolvidos não foram identificados pelos jogadores ou pelos seguranças do clube. Há um claro temor de represálias. Todavia, conforme os primeiros relatos, os envolvidos seriam os mesmos dos últimos episódios. E há uma infiltração interna dos barras dentro da própria instituição. Os torcedores revendem ingressos e até mesmo vendem álcool ilegalmente nas arquibancadas do Estádio José Amalfitani. Não é um caso isolado no futebol argentino, mas está entre os mais arraigados.