Ídolo argentino critica disparidade entre premiações da Copa do Brasil e da Argentina
Governo argentino retirou benefícios fiscais dos clubes e força a entrada de recursos externos no futebol
Juan Sebástian Verón é um dos maiores ídolos do Estudiantes de La Plata. Campeão da Libertadores em 2009, e atual presidente do clube, o dirigente comparou o valor embolsado pelo Flamengo após vencer a Copa do Brasil, com as cifras pagas nas competições argentinas.
Em um post nas redes sociais, Verón deu destaque aos R$ 93,1 milhões recebidos pelo Rubro-Negro carioca, e criticou o montante pago aos times argentinos.
O dirigente comentou que o valor recebido pelo campeão da Copa da Argentina não é suficiente para cobrir os custos dos ônibus de torcida.
“E aqui (na Argentina) entre o Torneio dos Campeões do Mundo e a Copa da Argentina, não dá nem para cobrir os ônibus dos torcedores… mas o clube pertence aos sócios”, criticou Verón.
Juan Sebastián Verón, em seu Instagram, sobre a diferença da premiação do campeão da Copa do Brasil para o campeão da Copa Argentina.
"E aqui [Argentina] entre o torneio dos campeões mundiais e a Copa Argentina você não tem [dinheiro] suficiente para cobrir os ônibus dos… pic.twitter.com/Zx70l63NAE
— LIBERTA DEPRE (@liberta___depre) November 11, 2024
Flamengo embolsou 32 vezes mais que vencedor da Copa da Liga Argentina
A primeira competição de peso do calendário do futebol argentino é a Copa da Liga. O Estudiantes de Verón bateu o Vélez Sarsfield na decisão deste ano por 2 a 1, e recebeu 500 mil dólares (R$ 2,9 milhões).
Se comparado aos R$ 93,1 milhões recebidos pelo Flamengo, o valor pago ao campeão da Copa da Liga Argentina é 32 vezes menor que o montante arrecadado pelo vencedor da Copa do Brasil.
Já a Copa da Argentina paga ainda menos. Boca Juniors e Vélez Sarsfield decidirão a competição no próximo dia 27 de novembro. O campeão levará 171 milhões de pesos (aproximadamente R$ 985 mil), valor inferior aos R$ 2,2 milhões pagos aos times que passaram para a terceira fase da Copa do Brasil.
Verón trabalha para fazer clubes argentinos aderirem ao modelo SAD
La Brujita tem um posicionamento claro sobre o futuro do futebol argentino. Na visão do dirigente, os clubes locais precisam aderir sobre a entrada de investimento externo na modalidade.
Verón defende a legalização das Sociedades Anônimas Desportivas (SADs), modelo parecido com as SAFs no Brasil.
Recentemente, o dirigente esteve perto de trazer um aporte de R$ 650 milhões ao Estudiantes, oriundos de um investidor norte-americano.
O governo de Javier Milei é adepto a mudança do modelo administrativo dos clubes de futebol no país, e em outubro, cortou benefícios fiscais que os times argentinos recebiam.
Tal medida aumentou ainda mais a tensão entre a AFA e o presidente argentino. A ideia de aumentar os impostos sobre os clubes é a nova manobra do presidente de forçar a entrada das SADs no futebol local.
Em entrevista ao GE, Sara Young, co-founder da Sara Carsalade, e responsável da empresa Somos Young explicou a disparidade entre as cifras do futebol brasileiro e argentino.
Na visão da gestora, o processo de profissionalização do futebol no Brasil, a criação das SAFs, e o uso de dados e tecnologia, são as grandes responsáveis por esta diferença.
O modelo de gestão dos clubes brasileiros é outro ponto importante, que ajudam a entender como o Brasil chegará ao seu sexto título de Libertadores, enquanto nossos vizinhos não levantam a taça desde 2018.
“O mercado nacional (brasileiro) vem passando por uma evolução, que inclui a criação das SAFs, a profissionalização da gestão, a valorização dos ativos, o uso da tecnologia e dos dados para melhorar os processos. Essas medidas extracampo influenciam no resultado de campo e isso fica nítido quando você observa que, em 2024, o Brasil chegará a seis títulos consecutivos da Copa Libertadores”, afirma Sara Young.