Argentina

Sampaoli afirma que deve ser técnico da Argentina e já tem uma convocação com a sua cara

A primeira oportunidade apareceu ano passado, quando Tata Martino deixou o cargo de técnico da Argentina. Mas Jorge Sampaoli não podia aceitar a convocação do seu país porque havia acabado de acertar com o Sevilla e havia montado o elenco, ao lado do então diretor de futebol Monchi, de acordo com o seu estilo de jogo. Seria muito pouco profissional introduzir um projeto novo e abandoná-lo antes mesmo de começar. O segundo cavalo selado passou com a queda de Edgardo Bauza, e Sampaoli, desta vez, irá montá-lo.

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Ainda falta o anúncio oficial, mas o técnico do Sevilla deixou claro qual é a sua intenção, na coletiva de imprensa desta sexta-feira, antes do seu último jogo no comando do clube espanhol, contra o Osasuna, neste sábado, no Ramón-Sánchez. Apesar da queda de rendimento na reta final da temporada, o clube garantiu classificação à próxima Champions League, na última rodada, com o empate sem gols entre Villarreal, quinto colocado, e o Deportivo La Coruña. Com o objetivo alcançado, o treinador sentiu-se mais confortável para falar livremente sobre seu futuro.

“O meu país me quer como técnico da seleção e eu tenho esse sonho desde que era criança. No verão do ano passado, eu não podia sair porque já havia me comprometido com o Sevilla e montado o elenco com Monchi. Desta vez, é diferente. A oportunidade de guiar o time nacional apareceu novamente e, como argentino, não posso recusá-la. Mesmo que isso signifique não poder mais trabalhar em clubes europeus, eu sinto que preciso fazer isso”, afirmou.

O contrato de Sampaoli, válido até 2018, permite sua saída mediante o pagamento de multa de € 1,5 milhão ao Sevilla, o que deve ser resolvido depois que a temporada terminar oficialmente. “Hoje, não sou o técnico da Argentina. Há um contrato, e a AFA e o Sevilla precisam resolver. Não está em minhas mãos. Ninguém tirará de mim o último jogo do Sevilla. Tem que ser um dia de comemorações e não me perdoaria se não trabalhasse neste jogo”, completou. No final de abril, Claudio Tapia, presidente da AFA, havia dito que Sampaoli era o “único candidato”.

E, realmente, seria inevitável que a Federação Argentina fosse para cima de Sampaoli com tudo o que estivesse à disposição. Em quinto lugar nas Eliminatórias Sul-Americanas, posição da repescagem, e com apenas dois pontos de vantagem para o sexto colocado, não poderiam se dar ao luxo de apostar em um jovem, como Marcelo Gallardo, ou em outro técnico mediano do nível de Tata Martino e Edgardo Bauza. Principalmente com tantos nomes de alto quilate nascidos na Argentina.

No entanto, Diego Simeone e Mauricio Pochettino são treinadores já muito bem estabelecidos no mercado europeu, com trabalhos sólidos e muitas ambições. Mesmo que deixem Atlético de Madrid e Tottenham, respectivamente, têm mercado em grandes do continente. Sampaoli acabou de chegar à Europa, para começar a fazer o seu nome, e teve uma primeira temporada de altos e baixos. Deu bons sinais, principalmente entre dezembro e março, período em que foi derrotado apenas duas vezes, mas chegou às últimas rodadas com um time desgastado fisicamente e não conseguiu manter o ritmo. Chegou a brigar pelo título do Campeonato Espanhol e atualmente está a 21 pontos do líder Real Madrid.

Sampaoli era o mais vulnerável dos principais treinadores argentinos e um candidato de ouro também pela sua experiência com seleções. Treinou o Chile, entre 2012 e comecinho de 2016, com destaque para o jogo em que quase eliminou o Brasil da Copa do Mundo e para o título da Copa América, o primeiro troféu de grande porte da história do país. Além disso, tem um estilo de jogo que combina com as principais peças da seleção argentina, a maioria delas no setor ofensivo. O lado negativo, para ele, é dar um passo atrás no seu plano de desbravar o continente europeu: quando terminar o trabalho na Argentina, terá que praticamente começar tudo novamente.

Na mesma entrevista coletiva, Sampaoli negou que já tenha convocado jogadores para amistosos contra Brasil e Cingapura, entre 9 e 13 de junho, mas a Federação Argentina divulgou a lista de relacionados para estas partidas – com ou sem consultá-lo, não sabemos – algumas horas depois. Entre eles, estão nomes que o treinador acompanhou de perto na Espanha, como Mercado e Joaquín Correa, do seu Sevilla, e Gerónimo Rulli, da Real Sociedad.

O principal indício de que a convocação foi realmente feita pensando em Sampaoli é que foram convocados jogadores que se adaptam às suas características e se encaixam na sua formação favorita, o 3-4-3. Constam apenas quatro defensores: Mascherano, Otamendi, Mammana e Mercado. Este último, homem de confiança que ele trouxe do River Plate, é o único lateral, embora atue frequentemente no miolo de zaga. Foram chamados jogadores que podem atuar pelos lados da linha de quatro do meio-campo e que haviam tido pouca ou nenhuma chance na seleção argentina até agora: os estreantes Alejandro Gómez, Manuel Lanzini e Correa, além de Eduardo Sálvio, do Benfica, convocado pela primeira vez desde 2012.

A novidade que mais chama a atenção é a presença de Mauro Icardi, o problemático e excepcional atacante da Internazionale, chamado pela primeira vez desde 2013. Apesar da péssima fase da sua equipe, Icardi está voando, com 24 gols em 34 rodadas do Campeonato Italiano. O excluído da lista foi Sergio Agüero, que também vem jogando bem: marcou sete vezes nas últimas 11 rodadas da Premier League.

Confira a lista de convocados da Argentina para os amistosos contra Brasil e Cingapura:

Goleiros: Sergio Romero (Manchester United-ING), Nahuel Guzmán (Tigres-MEX), Gerónimo Rulli (Real Sociedad-ESP)

Defensores: Gabriel Mercado (Sevilla-ESP), Nicolás Otamendi (Manchester City-ING), Javier Mascherano (Barcelona-ESP), Emanuel Mammana (Lyon-FRA)

Meias: Lucas Biglia (Lazio-ITA), Di María (Paris Saint-Germain-FRA), Éver Banega (Internazionale-ITA), Eduardo Salvio (Benfica-POR), Manuel Lanzini (West Ham-ING), Guido Rodríguez (Tijuana-MEX), Leandro Paredes (Roma-ITA), Alejandro Gómez (Atalanta-ITA), Joaquín Correa (Sevilla-ESP)

Atacantes: Lionel Messi (Barcelona-ESP), Gonzalo Higuaín (Juventus-ITA), Mauro Icardi (Internazionale-ITA), Paulo Dybala (Juventus-ITA)

Foto de Bruno Bonsanti

Bruno Bonsanti

Como todo aluno da Cásper Líbero que se preze, passou por Rádio Gazeta, Gazeta Esportiva e Portal Terra antes de aterrissar no site que sempre gostou de ler (acredite, ele está falando da Trivela). Acredita que o futebol tem uma capacidade única de causar alegria e tristeza nas mesmas proporções, o que sempre sentiu na pele com os times para os quais torce.
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