Argentina

O River jogou com 10 desde os oito minutos e ainda venceu o vice-líder Talleres em Córdoba, num passo imenso pelo título

Numa "final antecipada", o River Plate superou as dificuldades e abriu sete pontos de vantagem na liderança

A principal lacuna na trajetória de Marcelo Gallardo à frente do River Plate é o Campeonato Argentino. O treinador faturou praticamente todos os títulos possíveis pelos millonarios, mas a liga nacional permanece como um desejo. A conquista do torneio, entretanto, parece cada vez mais próxima. E o River viveu uma jornada para catapultar suas chances de abocanhar o troféu. Os millonarios faziam o confronto direto contra o Talleres em Córdoba, com os dois times separados por quatro pontos no topo da tabela. Mesmo com uma expulsão aos oito minutos, a equipe de Gallardo superou a inferioridade e emplacou uma vitória por 2 a 0 na chamada “final antecipada”. A vantagem dos líderes sobe para sete pontos, restando oito rodadas para o fim da liga.

O River Plate temeu pelo pior no Estádio Mario Alberto Kempes. Afinal, logo aos oito minutos, o zagueiro Felipe Peña deu um pisão em Juan Méndez num lance estúpido no meio do campo e recebeu o vermelho direto. Com a expulsão, Gallardo não chegou a queimar alterações, mas realinhou o time e deslocou Enzo Pérez para a zaga. Com uma postura mais cautelosa, o River viu o Talleres dominar a posse de bola. O que não significaria, porém, que os millonarios se contentariam com o empate.

O Talleres poderia ter aberto o placar na sequência, mas Michael Santos errou o alvo diante de Franco Armani. De qualquer maneira, o River Plate causava perigos com suas subidas em velocidade e respondeu na sequência, quando o imparável Julian Álvarez forçou uma defesaça de Guido Herrera. Os millonarios exibiam maior qualidade em suas chegadas e conseguiram o primeiro gol aos 42, numa falta na intermediária. Numa linda jogada ensaiada, Santiago Simón recebeu na lateral direita e cruzou para Robert Rojas completar na área. Nos acréscimos, Armani ainda cresceu para salvar um chute de Michael Santos.

O segundo tempo veria um Talleres com mais energia, mas ainda dificuldades para buscar o empate. Gallardo recompôs a zaga do River com a entrada de Jonathan Maidana, realocando Enzo Pérez para o meio, e também injetou sangue novo com as substituições. Os cordobeses esbarravam nas compactas linhas adversárias, que demonstravam o enorme senso de sacrifício dos portenhos. E quando Diego Valoyes encontrou uma brecha, graças a uma chaleira, errou o alvo na hora de arrematar.

O River matou o jogo aos 25, num ótimo contra-ataque. Acionado por uma enfiada cirúrgica de Agustín Palavecino, Julián Álvarez disparou e causou estrago na zaga adversária, com direito a drible da vaca. Mesmo vivendo uma sequência artilheira, o garoto não foi egoísta e só rolou para Braian Romero, que tinha vindo do banco, definir. Com a vantagem ampliada, os millonarios ficaram ainda mais cômodos no controle do duelo e viram um adversário abatido. La T deu um pouco de calor na reta final, mas sem conseguir uma reviravolta.

O River Plate soma 39 pontos em 17 rodadas do Campeonato Argentino, de 25 no total. O momento da equipe é excelente, com 12 partidas de invencibilidade e uma sequência de sete vitórias. Se o clássico recente contra o Boca Juniors deu uma motivação extra aos millonarios, esta vitória em Córdoba tem peso enorme às pretensões da equipe de Marcelo Gallardo. O principal concorrente não foi páreo nem mesmo para 10 homens em campo. O Talleres fica com 32 pontos, enquanto Boca e Lanús aparecem atrás com 30.

Vale lembrar que o River Plate teve perdas cruciais nos últimos meses, sobretudo Gonzalo Montiel e Rafael Santos Borré. Nesta quinta, a equipe também não contava com nomes importantes, como Nicolás de la Cruz e Fabrizio Angileri. A escalação usada por Gallardo contava com seis pratas da casa. O que não muda é a organização de jogo e uma fome gigantesca de vencer, que não se esgota nem mesmo com o sucesso recente do clube. Os talentos individuais continuam surgindo e o encaixe coletivo não se perde. Agora, para aproximar os millonarios de um troféu que há sete anos não levantam.

Foto de Leandro Stein

Leandro Stein

É completamente viciado em futebol, e não só no que acontece no limite das quatro linhas. Sua paixão é justamente sobre como um mero jogo tem tanta capacidade de transformar a sociedade. Formado pela USP, também foi editor do Olheiros e redator da revista Invicto, além de colaborar com diversas revistas. Escreveu na Trivela de abril de 2010 a novembro de 2023.
Botão Voltar ao topo