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O primeiro Superclássico do reformado Monumental teve um recebimento inesquecível e uma homérica confusão

O River Plate derrotou o Boca Juniors no apagar das luzes e aumentou sua distância no topo da tabela, num jogo bem mais marcado pela briga generalizada depois do tento

River Plate e Boca Juniors se enfrentaram neste domingo em momentos bastante distintos. Os millonarios sobram no Campeonato Argentino, mas vinham da traulitada contra o Fluminense na Copa Libertadores. Já os xeneizes, se iniciaram bem sua campanha continental, estão muito longe dos rivais na tabela do nacional. E seria um Superclássico especial, sobretudo por ser o primeiro no Monumental de Núñez após as reformas recentes. Os dois pontos altos ficaram para o começo e o fim do duelo. Primeiro, para o recebimento magnífico promovido pelos anfitriões. Depois, pela vitória que o River arrancou nos acréscimos do segundo tempo, com um pênalti convertido por Miguel Borja que valeu o placar de 1 a 0 – e desencadeou uma grande confusão que terminaria com sete expulsos, num duelo pegado de 39 faltas.

A entrada em campo gerava já expectativas para o Monumental. O estádio recebeu grandes festas depois de sua reabertura, vide o que foi a recepção à seleção argentina depois do título mundial. De qualquer maneira, aquele era o primeiro Superclássico desde então e os millonarios queriam dar as “boas vindas” aos rivais com uma atmosfera grandiosa e intimidatória. Foi o que aconteceu, com muita fumaça colorida, trapos, balões e também uma cantoria forte.

O primeiro tempo refletiu a diferença entre os clubes na tabela. O River Plate teve amplo domínio, mas parou nas boas defesas do veterano Sergio Romero – duas delas com a pontinha dos dedos. O segundo tempo se tornou mais equilibrado na posse de bola, mas com os millonarios ainda mais perigosos. Romero continuou com o corpo fechado, operando um milagre diante de Nicolás de La Cruz, e ainda contou com a sorte quando Pablo Solari acertou a trave. Franco Armani seria bem menos exigido, por mais que tenha salvado também numa falta cobrada por Sebastián Villa rumo ao ângulo.

O gol decisivo surgiu apenas aos 48 minutos, num pênalti discutível sofrido por Solari. Borja deslocou Romero e garantiu o triunfo do River Plate. Mas não que a disputa tivesse acabado ali, num jogo quente pelas muitas faltas. Durante a comemoração, uma enorme confusão aconteceu no centro do gramado, longe do colombiano. Os dois times trocaram sopapos e mesmo os reservas se envolveram na briga. No fim das contas, o árbitro distribuiu sete cartões. Foram três vermelhos diretos para jogadores do Boca Juniors, além do técnico Jorge Almirón, e três para jogadores do River Plate, embora dois deles estivessem no banco de reservas. A paralisação durou cerca de dez minutos, até que a situação fosse contornada.

O River Plate aparece com uma vantagem de nove pontos na liderança do Campeonato Argentino. Os millonarios somam 37 pontos em 15 partidas, embora a diferença vá ser reduzida por San Lorenzo ou Defensa y Justicia na sequência da rodada. Já o Boca Juniors aparece bem longe, com menos da metade dos pontos, 18 no total. Os xeneizes ocupam o 13° lugar, com só uma vitória nas últimas seis rodadas. Pelo menos a Libertadores começou bem melhor aos boquenses.

Foto de Leandro Stein

Leandro Stein

É completamente viciado em futebol, e não só no que acontece no limite das quatro linhas. Sua paixão é justamente sobre como um mero jogo tem tanta capacidade de transformar a sociedade. Formado pela USP, também foi editor do Olheiros e redator da revista Invicto, além de colaborar com diversas revistas. Escreveu na Trivela de abril de 2010 a novembro de 2023.
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