Argentina

O futebol quase roubou da Fórmula 1 seu primeiro grande campeão: Juan Manuel Fangio

A paixão dos argentinos pelo futebol é inegável. Nas ruas do país, especialmente em Buenos Aires, é possível sentir o fanatismo simplesmente na atmosfera. Mas um ídolo de outro esporte conseguiu se equiparar aos grandes craques da história da Albiceleste: Juan Manuel Fangio. Afinal, mais do que um dos maiores símbolos nacionais, o piloto também se eternizou como um dos melhores da história do automobilismo. Os seus cinco títulos na Fórmula 1 não deixam dúvidas. Uma lenda que partiu há exatos 20 anos (justamente no dia em que o gol de mão de Túlio Maravilha eliminou a Argentina na Copa América de 1995), deixando para sempre sua memória.

ESPECIAL: O futebol e os 20 anos da morte de Ayrton Senna

Filho de italianos, Fangio podia não ser dos torcedores mais fanáticos, embora tivesse preferência pelo River Plate. No entanto, como um bom argentino, a febre pela bola também o atingiu. A ponto de iniciar a carreira em clubes amadores antes de assumir o volante. Ganhou até mesmo o seu apelido de infância, que o acompanhou na carreira, dentro dos campinhos da capital: era chamado de El Chueco, por causa de sua perna esquerda arqueada e habilidosa.

Aos 16 anos, quando ganhou o seu primeiro carro, também atuava como meia no Club Rivadavia. Além do mais, esportista nato, também mantinha a forma praticando basquete. Porém, o futebol era onde o jovem realmente despontava. Também defendeu o Club Leandro Alem y Mitre e chegou a ser convocado para a seleção de Balcarce, localidade onde nasceu.

A relação com o futebol se tornou mais séria quando tinha 21 anos, após cumprir o serviço militar. “Ao sair do exército, eu tinha ofertas para jogar em um clube de Mar del Plata. Sentíamos que em Balcarce não tínhamos campo de ação para evoluir”, declarou, em sua biografia. No entanto, permaneceu na cidade, onde abriu com um amigo uma oficina mecânica. Assim, continuou defendendo a seleção local, a ponto de ser festejado por fazer o gol de cabeça que definiu o “clássico” contra Necochea, cidade vizinha, em 1935.

Só que o meia deixou as aspirações no futebol logo no ano seguinte. Aos 25 anos, Fangio disputou a sua primeira corrida, sob a alcunha de “Rivadavia”, justamente em referência ao seu primeiro clube. E o talento com o volante o permitiu deslanchar. Balcarce pode ter perdido um grande jogador. Contudo, a Argentina ganhou o seu melhor piloto, assim como a Fórmula 1 descobriu um de seus maiores campeões.

fangio

***

Sobre Fangio, também recomendo o texto do Futebol Portenho, do amigo Caio Brandão Costa, que relaciona o piloto com seu contemporâneo Di Stéfano. E para saber mais sobre o mito do automobilismo, vale demais conferir o especial em cinco partes do ótimo Projeto Motor.

Foto de Leandro Stein

Leandro Stein

É completamente viciado em futebol, e não só no que acontece no limite das quatro linhas. Sua paixão é justamente sobre como um mero jogo tem tanta capacidade de transformar a sociedade. Formado pela USP, também foi editor do Olheiros e redator da revista Invicto, além de colaborar com diversas revistas. Escreveu na Trivela de abril de 2010 a novembro de 2023.
Botão Voltar ao topo