Messi se emocionou com companheiros na Copa: “Queriam ganhar por mim”
Em entrevista à TV argentina, Messi contou sobre a inexplicável sensação de ser campeão do mundo e a forma como sentiu que o grupo jogava para o tornar campeão
Durante a Copa do Mundo, a Argentina precisou crescer na competição. Começou perdendo e tinha o seu craque, Lionel Messi, vivendo aquele que, provavelmente seria sua última chance de ser campeão. O título que faltava a ele e que tanto faltava à Argentina. Em entrevista à Televisión Pública Argentina, o jogador contou muito sobre as sensações da Copa, do grupo e como sentiu, dentro do grupo dos albicelestes, que aqueles jogadores jogavam por ele de uma forma que o deixou emocionado.
A trajetória de Messi na seleção foi errática, não tanto pelos seus desempenhos, mas pela falta de um time que conseguisse ser campeão. A Copa do Mundo é um torneio traiçoeiro e que não respeita muito nem projetos, nem ideias e nem craques. A maioria dos craques jamais levantará uma Copa do Mundo. A história é assim, os títulos mundiais são de poucos privilegiados. Mesmo assim, parecia um absurdo que Messi não tivesse essa taça.
Das críticas à consagração na Argentina
Entre as muitas críticas que recebia no seu país, Messi conquistava tudo que podia no Barcelona. Conquistou todos os títulos possíveis mais de uma vez. Falta algo na seleção, mas tudo começou a mudar na Copa América de 2019, a que perdeu do Brasil jogando bem. Messi, conhecido por sua compostura, sua calma, esbravejava. Alguns chamavam de um processo maradoniano pelo qual Messi passava. Outros chamaram de um processo Messiânico.
Era a sua forma de viver e sentir. Coroada, em 2021, com o título da Copa América, que iniciou uma trajetória que levaria à Copa. A AFA continua sendo uma bagunça, sem projeto e que pareceu dar sorte de encontrar em Lionel Scaloni alguém capaz de montar um time. Um time que tinha Messi, motivado, capaz e, desta vez, idolatrado no vestiário de uma forma como ele mesmo nunca tinha visto. Alguns dos jogadores tinham crescido vendo Messi. Agora, jogavam com ele. E jogaram, acima de tudo, por ele. Sentiam que ele merecia, acima de todos. Algo que Messi confirmou em suas palavras.
O que significa a seleção argentina para Lionel Messi
“A seleção para mim é o máximo. Acho que mostrei ao longo da minha carreira o que sentia pela seleção, desde uma época que foi muito ruim para mim, quando estava no meu melhor momento no meu clube, Barcelona, onde ganhava Champions League, La Liga, prêmios individuais e queria ganhar com a seleção e era uma realidade totalmente diferente onde sofria muito. Sofriam as pessoas próximas a mim, minha família”, contou Messi.
“A seleção é onde sempre quis estar acima de tudo, sempre tentei o que podia até o final, mas nunca deixei de ter esse sonho, esse objetivo e ao final, graças a Deus, terminou chegando (o título mundial). A seleção para mim é algo que me desfrutei, desfruto, para além de muitíssimas amarguras que me doeram passar, mas é algo muito especial”.
Jogadores argentinos: tudo para fazer Messi campeão
A entrevistadora contou que perguntaram a Rodrigo De Paul o que ele pensou quando viu Gonzalo Montiel cobrar o pênalti que definiu a Argentina como campeã mundial e ele respondeu: “Pensei em Leo”. Ele disse que pensou primeiro em Leo porque quando era garoto nos mundiais anteriores e a Argentina perdeu, sempre a cara da derrota era de Leo. Então é justo que quando a Argentina se tornou campeã, a primeira pessoa que pensou foi Leo. Como se fosse a correção de uma imensa injustiça que se viveu até ali. A história era longa.
Messi esteve na Copa do Mundo de 2006, mas ainda era jovem e reserva. Mesmo assim, marcou o seu primeiro gol em Copas. Em 2010, já protagonista, foi eliminado nas quartas de final para a Alemanha sem ter feito um gol, mesmo jogando bem. Em 2014, levou a Argentina até a final, mas o time acabou derrotado novamente pela Alemanha, na prorrogação. Em 2018, a queda foi nas oitavas de final diante da França, que seria campeã do mundo.
Derrotas na Copa América machucaram, mas motivaram Messi
No meio disso tudo, ainda teve a Copa América em 2011, na Argentina, que o time foi derrotado ainda nas quartas de final. As duas Copas América seguidas, em 2015 e 2016, perdidas nos pênaltis para o Chile. Tudo isso sempre como um peso enorme a Messi, que chegou a dizer que se aposentaria da seleção em 2016. Ficou alguns jogos fora antes de voltar, a pedido da torcida e dos jogadores. Jogadores como Rodrigo de Paul.
“A verdade é que eu senti e foram dizendo isso mesmo. Senti que todos queriam sair campeões para me verem campeão também. Não quero dizer que antes não acontecia isso e que agora que somos campeões está tudo diferente, porque não é assim”.
“Nós chegamos em finais de Copa, perdemos finais de Copa América e foi um processo que aproveitei muito com um grupo muito parecido com este, muito são, muito bonito, que desfrutava muito do dia a dia, de compartilhar coletivamente, o mesmo que acontece agora e disse antes da Copa que vinha muitas similaridades com esse grupo”.
“Mas é verdade, sentia muito neste grupo também isso que eram garotos que, um pouco entre aspas, tinham crescido me vendo jogar antes e que sentiam muito isso, que é algo muito bonito”, confessou Messi, um pouco envergonhado pela idolatria que sabe que causa nos seus companheiros, dispostos a tudo por ele.
O papel fundamental de Rodrigo De Paul
“Com Rodri desde o primeiro momento tivemos uma relação muito linda. Na verdade, ele me ajudou muito porque quando a camada anterior é desarmada e não havia ninguém, vieram as primeiras partidas sem ir para a seleção e, quando voltei, havia muitos garotos que conhecia, mas não tinha uma grande relação, uma grande confiança”.
“Ele me ajudou muito a me integrar nesse grupo, que era algo que tinha que fazer naquele momento. Eram todos garotos e a maioria novo e que vinham de outros processos que já se conheciam de antes, já tinham jogado algumas partidas juntos”.
“Não lembro exatamente quando (começaram a relação), mas desde o primeiro treinamento que compartilhamos, depois foi acontecendo a relação, sem o procurar. Sou uma pessoa que ajo muito por feeling e com ele tive um feeling especial nesse momento”, contou.
O significado que a Copa teve para Messi
“É inexplicável. A verdade é que é muito difícil de explicar por ser campeão do mundo e pelo que significava para mim, pessoalmente, para mim, para minha família, meus amigos. Um pouco pelo que disse, o que passei no começo na seleção, por tudo que eu sofri, os maus resultados, e poder terminar depois de quase toda minha carreira conseguindo o mais importante, o máximo fui extraordinário. Além do mais, era a única que me faltava e, ao mesmo tempo, a mais desejado pelo que significa ser campeão”.
“Desfrutei muito de tudo que ganhei, as Champions que ganhei, a Copa América, que foi um momento mágico para mim, o meu primeiro título com a seleção. Chegar a ser campeão do mundo, para o que significa isso para um jogador e para nós como país também, o que se mostrou depois com os festejos”.
Qual é a fórmula para se manter em alto nível por tanto tempo?
“Acho que o mesmo que me levou a conseguir tudo que consegui, tanto a nível coletivo quanto individual: a mentalidade, a constância, o esforço, o sacrifício e querer sempre mais. Desde muito pequeno sempre foi assim, muito seguro com o que queria desde muito garoto e sempre dei o máximo para conseguir o máximo”.
“Obviamente, às vezes não acontece, mas sempre foquei no princípio que cada temporada ter essa mentalidade, essa vontade de querer seguir me superando. Dia a dia também tive a grande sorte que as lesões me respeitaram muito. Um pouco disso”.
Quanto tempo mais Messi ficará na seleção argentina?
“Sinceramente, nem eu sei até quando. Acho que vai acontecer o que tem que acontecer. Depois de ter conseguido tudo neste último tempo, a única coisa que resta é desfrutar e que o tempo, como disse sempre, Deus dirá quando será esse momento e nada por lógica, por idade. Certamente será em pouco tempo, mas não sei, não sei exatamente quando vai ser o momento”, afirmou o craque.
“Simplesmente penso em no dia a dia, desfrutar e desfrutar de todo este momento lindo que estamos vivendo. Como disse antes, me doeu passar momentos muito difíceis, muito duros na seleção e agora que tivemos a grande sorte de sermos campeões do mundo, da América, é bom desfrutar tudo isso”.
- 175 jogos pela seleção argentina: Messi é o jogador com mais partidas pela albiceleste
- 103 gols: Messi é o maior artilheiro da seleção argentina na história, 47 gols à frente de Gabriel Batistuta, segundo colocado
- Na Copa 2022: 7 jogos, 7 gols, duas assistências
- 13 gols em 26 jogos de Copa do Mundo
Assista à entrevista na íntegra abaixo, no canal da TV Pública Argentina no Youtube: