“A repressão policial o matou”, diz irmão de torcedor do Gimnasia morto em tumulto na Argentina
César Regueiro morreu após sofrer uma parada cardiorrespiratório enquanto era transportado ao hospital, durante o tumulto que gerou a suspensão de Gimnasia La Plata x Boca Juniors na última quinta-feira

Oscar Regueiro, irmão de César Regueiro, que morreu após sofrer uma parada cardiorrespiratória enquanto era transportado de ambulância do Estádio Del Bosque para o hospital, acusou a polícia de ter matado o seu familiar ao tentar controlar, por meio de repressão, a situação que se desenvolvia nos arredores do jogo entre Gimnasia La Plata e Boca Juniors na última quinta-feira pela 23ª rodada da Superliga Argentina.
A partida foi interrompida aos nove minutos quando gás lacrimogêneo lançado pela polícia começou a entrar no campo de jogo. Torcedores no lado de fora, com e sem ingresso, tentavam entrar, mesmo com os portões fechados. Os agentes de segurança reagiram também com balas de borracha. César Regueiro, funcionário da prefeitura de La Plata e que havia atuado como jogador profissional na Liga Platense, foi a única morte confirmada pelas autoridades.
O ministro de Segurança da província de Buenos Aires, Sergio Berni, criticou a ação da polícia durante o tumulto, dizendo que a morte de Regueiro “deveria ter sido evitada” e que a situação foi “resolvida da pior maneira”. O governador Axel Kicillof demitiu o responsável pela operação, e o caso está sendo investigado. Berni afirmou que houve sobrecarga de ingressos, o que o Gimnasia La Plata nega.
“A repressão policial o matou”, disse Oscar Regueiro, em uma entrevista coletiva à imprensa da Argentina. “Não é uma questão de insegurança. Ele foi ver um jogo de futebol como todo mundo que foi ao estádio. Ele e 25 mil pessoas foram agredidos pela polícia da província de Buenos Aires. Por que não abriram os portões quando as pessoas pediam para sair porque estavam morrendo afogadas? O meu irmão morreu nos braços da minha sobrinha, com os netos ao lado. Quando estavam fazendo RCP (reanimação cardiorrespiratória) nele, a polícia atirava gases ao lado de onde estava meu irmão”.
Oscar Regueiro foi ainda mais longe. Disse que a situação foi “preparada” e que ela precisa ser investigada. O governador da província de Buenos Aires e o ministro de Segurança disseram que tudo será colocado à disposição para os promotores apurarem o que aconteceu. “Não foi uma casualidade. Foi uma causalidade. Que agradeçam que apenas meu irmão pagou porque poderia ter acontecido uma tragédia. Eu vi o estádio do Gimnasia muito mais cheio, não havia cinco mil pessoas no lado de fora, não há vídeos que mostrem agressão com pedras contra a polícia e o gás lacrimogêneo foi lançado do único portão que foi aberto”, disse.
“Fico com as melhores lembranças. Depois do meu pai, ele era o líder da manada. Eu fico com as mãos vazias. Ele não merecia morrer como morreu. É um caso de repressão policial e eu quero justiça”, encerrou.