Como o Werder Bremen dominou a Alemanha há 20 anos
Treinado por Thomas Schaaf, time foi campeão da Bundesliga e da Copa da Alemanha

Na temporada 2003/2004, o Werder Bremen vivia um incômodo jejum de 12 anos sem saber o que era levantar o título da Bundesliga. A última conquista havia acontecido na temporada 1992/1993. Para quebrar esta série ruim, a diretoria do clube montou um time eficiente e equilibrado, e o planejamento culminou em um time sólido defensivamente, veloz e criativo no meio-campo, e letal no setor ofensivo. O resultado? Um título alemão incontestável, e, de quebra, uma Copa da Alemanha/
Pelo tempo em que estava sem vencer um título, os resultados em campo surpreenderam, principalmente pelo fato do Werder Bremen ter desbancado o sempre favorito Bayern de Munique, mas Thomas Schaaf e seus comandados fizeram uma grande trajetória naquela temporada e vamos relembrar aqui os principais pontos daquela trajetória que culminou no último título da Bundesliga conquistado pelo clube.
O acerto na montagem do elenco
Thomas Schaaf foi um dos responsáveis diretos pelo sucesso do Werder Bremen na temporada 2003/2004. O treinador conseguiu montar um time equilibrado em todos os setores do campo e isso foi fundamental para o bom andamento da equipe naquela temporada. O clichê ‘um grande time começa com um bom goleiro' cabe perfeitamente neste contexto. Andreas Reinke vinha de uma ótima temporada pelo Real Murcia, da Espanha, e no auge dos seus 34 anos, foi o escolhido para defender a meta do time.
Apesar de não ser tão badalado, cumpriu bem o seu papel. Titular em toda a temporada, não foi vazado em 13 jogos, e foi o primeiro goleiro da época a conquistar dois títulos nacionais por clubes diferentes, já que em 1998, ao lado de Andreas Brehme, foi campeão alemão pelo Kaiserslautern. Reinke acabou perdendo espaço no time titular após a chegada do ótimo Tim Wiese, um ano mais tarde.
Na defesa, não havia um titular absoluto, já que o canadense Paul Stalteri podia atuar dos dois lados do campo, mas se firmou como lateral-direito, revezando com Ümit Davala. Na esquerda, Christian Schulz e Viktor Sripnik brigaram pela posição, mas a força ofensiva do alemão lhe concedeu mais minutos em campo do que o ucraniano.
Na zaga, Valérien Ismaël, francês recém-chegado do Strasbourg, e o sérvio Mladen Krstajic, formaram uma dupla muito forte fisicamente e ótimos na bola aérea, marcando juntos oito gols e deram três assistências. Não eram os mais técnicos, porém eram muito disciplinados e compensavam as limitações com muita vontade e entrosamento em campo.
Os três meio-campistas do time do Werder Bremen nesta época cumpriam com muita qualidade a função de proteção à defesa e quando a equipe tinha a posse de bola, eram muito criativos para suplantar qualquer sistema defensivo e criar muito perigo contra a meta adversária. À frente da área, Frank Baumann era um volante alto, com 1,87 metros e ia muito bem nos desarmes tanto por baixo, como na bola aérea defensiva, garantindo a proteção da defesa.
Mais adiantados, Fabian Ernst e Tim Borowski controlavam o ritmo das partidas, marcavam bem, tinham boa chegada no campo de ataque, garantiam a superioridade numérica da equipe no momento da finalização e confundiam a marcação adversária. Na Bundesliga, Ernst deu 11 assistências em 33 jogos, e Borowski marcou cinco gols na Copa da Alemanha, dois na final diante do Alemannia Aachen.
Formando a ponta do “diamante” do 4-3-1-2 armado por Thomas Schaaf, o meia Johan Micoud era o diferencial técnico daquela equipe. Com visão de jogo acima da média e eficiente nas bolas paradas, o jogador anotou 15 gols e deu nove assistências na temporada 2003/2004. Não à toa conhecido como Le Chef, defendeu a seleção francesa entre 1999 e 2004.
No comando de ataque, uma dupla de respeito formada pelo brasileiro Aílton, jogador revelado pelo Mogi Mirim em 1994, e pelo croata Ivan Klasnic. Dentro das quatro linhas, os dois firmaram um dos melhores duetos do futebol alemão. O brasileiro marcou 34 gols e deu 10 assistências, sendo o artilheiro da Copa da Alemanha, já o croata balançou as redes em 19 oportunidades e contribuiu com 13 assistências.
No banco de reservas, Thomas Schaaf tinha ótimas opções como os meias Lagerblom e Krisztian Lisztes. Além disso, Angelos Charisteas e o paraguaio Nelson Valdez eram peças de reposição de luxo para o ataque. Juntos, a dupla suplente no ataque do Werder Bremen anotou 16 gols na temporada.
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Jogos importantes da campanha na Bundesliga
O Borussia Dortmund de Frings, Rosicky, Ewerthon e Koller foi o adversário do Werder Bremen na 22ª rodada da Bundesliga em 2003/2004. Mas nem mesmo a qualidade do quarteto ofensivo do time adversário impediu uma grande vitória da equipe de Thomas Schaaf por 2 a 0, gols marcados por Ismael e Aílton, ambos no segundo tempo.
Nove rodadas mais tarde, um 6 a 0 diante do Hamburgo consolidou o Werder Bremen como favorito ao título da competição, o que se concretizou na rodada seguinte, quando em pleno Estádio Olímpico de Munique, Klasnic, Micoud e Aílton abriram 3 a 0 diante do Bayern de Munique, então vice-líder da competição. O holandês Roy Makaay chegou a diminuir a contagem, mas nada que evitasse a festa e o título do clube do noroeste da Alemanha após 12 anos de seca.
A trajetória do Werder Bremen na Copa da Alemanha
Entre a disputa da Bundesliga, o Werder Bremen disputou a Copa da Alemanha e assim como fez com seus adversários na liga nacional, foi superando seus adversários no torneio eliminatório. Logo na primeira fase, uma goleada por 9 a 1 frente ao Ludwigsfelder, com direito à hat-trick de Aílton, mostrou a força da equipe e o ímpeto daquele time, faminto por conquistas.
Na segunda fase um placar mais modesto, porém não menos dominante, um 3 a 1 contra o Wolfsburg em casa e mais uma classificação garantida. Nas oitavas de final, mais uma goleada, desta vez, por 6 a 1 contra o Hertha Berlim. Na eliminatória seguinte, um dos jogos mais complicados para o Werder Bremen na competição contra o Greuther Fürth. Salteri marcou o primeiro da equipe aos 18 minutos da primeira etapa, porém, Ismael contra e Feinbier viraram o jogo e tudo caminhava para a eliminação do Werder.
Havia passado 45 minutos do segundo tempo, a angústia e medo pela eliminação tomou o coração do torcedor do norte da Alemanha, até que nos acréscimos, Micoud e Klasnic marcaram em sequência e viraram um jogo praticamente perdido, era o Werder Bremen na final da Copa da Alemanha.
A decisão contra o Alemannia Aachen não foi das mais complicadas, embora também tenha sido emocionante. Borowski aos 31 e Klasnic, aos 45 minutos, abriram 2 a 0 de vantagem ao Werder Bremen no final do primeiro tempo. Blank, logo aos sete da etapa complementar, tentou aumentar a pressão do jogo, mas novamente Borowski tratou de amenizar os ânimos e definir o placar. Nem mesmo o gol de honra marcado por Meijer nos acréscimos impediu a festa do segundo título da equipe.