RB Leipzig mantém perfil jovem, mas faz uma aposta um pouco arriscada ao contratar Domenico Tedesco
Aos 36 anos, o ex-treinador do Schalke 04 tem poucos trabalhos em times principais - e tantos sucessos quanto fracassos

O RB Leipzig não demorou para definir o sucessor de Jesse Marsch. Nesta quinta-feira, anunciou a contratação de Domenico Tedesco, técnico de 36 anos com poucos trabalhos em times principais, mas que mantém o perfil de comandantes jovens da equipe da Red Bull. Para um time que não teve paciência com Marsch, profissional da casa, e precisa de resultados de curto prazo, porém, é um risco.
Nascido na Itália, Tedesco se mudou à Alemanha aos dois anos e não tem passado como jogador. É um estudante que se formou em administração, com mestrado em gestão de inovação e que saiu da escola de técnicos da Federação Alemã em 2016 com a melhor nota da sua turma. Àquela época, já estava trabalhando nas categorias de base. Esteve na do Stuttgart e na do Hoffenheim.
A primeira oportunidade como técnico principal surgiu aos 31 anos, em 2017, no Erzgebirge Aue. Assumiu em março, comandou 11 jogos e conseguiu a manutenção na segunda divisão. De lá, foi para o Schalke 04 e conseguiu sua grande campanha até agora: o segundo lugar da Bundesliga de 2017/18, o melhor resultado da equipe de Gelsenkirchen em 11 anos.
Mas o sucesso não foi muito duradouro. Foi demitido em março de 2019, após levar 7 a 0 do Manchester City na Champions League, sem vencer há sete rodadas do Campeonato Alemão e a quatro pontos da zona do rebaixamento. Huub Stevens foi chamado para terminar a temporada e conseguiu a salvação. O trabalho seguinte de Tedesco foi no Spartak Moscou, da Rússia. Começou com um sétimo lugar, mas conseguiu ser vice-campeão na última temporada.
Saiu ao fim do seu contrato e estava livre no mercado. Segundo a Kicker, ele fez uma “análise fantástica” da equipe do RB Leipzig que impressionou a cúpula. O diretor técnico Christopher Vivell afirmou que Tedesco sempre se certificou “de um desenvolvimento rápido e na direção certa” assim que assumiu todos os seus (poucos) clubes, e é disso que o Leipzig precisa: está em 11º lugar na Bundesliga, a sete pontos de vaga na Champions League.
“Não temos muito tempo para discutir as coisas de campo”, disse Tedesco, que tentará ajustes com mensagens “simplificadas” para os jogadores para tentar melhorar os resultados o mais breve possível. Ele não disse à imprensa qual foi a análise que deixou a diretoria do Leipzig tão impressionada, mas disse que “se todos estiverem em forma, o elenco é muito bom”. Sobre estilo de jogo, prometeu que se adaptará ao elenco, mas que “compartilha uma abordagem semelhante” ao de Julian Nagelsmann, antecessor de Marsch no cargo.
“Se você olhar para onde eu estive antes, a situação no Erzgebirge Aue, por exemplo, foi realmente difícil quando comecei. Lá, nós nos concentramos em manter a posse da bola. No Schalke, por outro lado, tínhamos um jeito diferente de jogar. Em Moscou, enfatizamos muito a importância de manter a bola, criar muitas chances e pressionar bem. É sempre importante que a comissão técnica seja flexível e consiga se adaptar ao time que tem à disposição”, disse.
Os discursos são promissores, mas Marsch havia sido anunciado como o “técnico dos sonhos” pelo RB Leipzig e durou apenas cinco meses. Tedesco tem história nas categorias de base, importante para um clube que depende da formação de jovens. Entre os adultos, porém, são poucos trabalhos, com boas e más campanhas quase na mesma quantidade.
O RB Leipzig ascendeu dentro do futebol alemão com uma filosofia clara e sempre apostando em processo, mas a própria demissão de Marsch indica que não há mais tanta paciência assim. Uma temporada fora da Champions League, por exemplo, pode custar caro, inclusive na tentativa de manter seus principais jogadores. Por isso, Tedesco, pela relativa inexperiência, parece ser uma aposta um pouco arriscada.