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Clube a clube, um guia para acompanhar a retomada da Bundesliga 2019/20

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O futebol em alto nível volta à televisão neste final de semana. Ninguém sabe ao certo quão eficiente será o protocolo médico elaborado pela Bundesliga. Ainda assim, a Alemanha apresenta as melhores condições na Europa para retomar seu campeonato e deu um passo à frente entre as grandes ligas do continente. A próxima rodada terá um grande teste, não só dentro de campo, mas também às autoridades: o clássico entre Borussia Dortmund e Schalke 04, que não poderá gerar aglomerações nem mesmo longe do Signal Iduna Park sem público.

O Bayern de Munique começava a abrir vantagem na liderança em março, mas esta era uma das temporadas mais equilibradas da Bundesliga nas últimas décadas. E a paralisação parece deixar o cenário ainda mais nebuloso: ninguém sabe como os jogadores voltarão fisicamente, como o encaixe das equipes funcionará, qual será o nível de concentração com os estádios vazios ou mesmo se haverá o risco de novas interrupções. É um novo campeonato, que já vem com uma tabela cheia de pontos, mas nove rodadas completamente incertas. Não dá para cravar quem conseguirá manter a toada ou tirará vantagem da situação.

Para ajudar os leitores a acompanhar a Bundesliga, preparamos um guia ao recomeço do torneio. Damos o panorama dos clubes até a paralisação, os destaques individuais, um nome para ficar de olho e também possíveis desdobramentos da nova realidade. Além disso, mencionamos a sequência de compromissos e o time-base que deve entrar em campo neste final de semana. Confira:

Classificação fornecida por

Bayern de Munique (1° colocado, 55 pontos)

Como vinha no campeonato: O Bayern atravessava o seu momento mais consistente na temporada – e, talvez, nos últimos anos. A equipe exibia um bom futebol, com equilíbrio e objetividade. Batia em quem aparecesse pela frente. Os bávaros acumulavam 11 partidas de invencibilidade na Bundesliga, com dez vitórias no período, o que permitiu um salto do sétimo lugar à liderança. Além disso, o Bayern apresentava certo favoritismo na Champions League, sobretudo após atropelar o Chelsea no primeiro encontro pelas oitavas de final. Muitos dos méritos são de Hansi Flick, o ex-interino que acertou o time e mantém boa relação com os jogadores. Não à toa, ganhou novo contrato até 2023.

Quem estava se destacando: Robert Lewandowski é a menção obrigatória. Entre as muitas temporadas insaciáveis do artilheiro, ele atravessava a sua melhor, com 25 gols nas primeiras 23 aparições pela Bundesliga. Thomas Müller foi outro que recuperou seu futebol, fundamental com suas 16 assistências. Serge Gnabry seguia bastante decisivo na frente. Joshua Kimmich e Thiago Alcântara comandam o meio, com a opção de Leon Goretzka por ali. Já na defesa, além da recuperação de Manuel Neuer, David Alaba surpreendia positivamente mesmo improvisado como zagueiro – por conta dos muitos desfalques no setor.

Um jogador para ficar de olho: O Bayern aproveitou a paralisação para realizar algumas renovações de contrato. Entre elas, Alphonso Davies assinou um novo vínculo com os bávaros. O canadense chegou como uma aposta para o futuro, mas vinha agradando bastante por seu desempenho. Escalado majoritariamente na lateral esquerda, ajuda bastante no apoio, mas também apresentando certa consistência na recomposição. Aos 19 anos, tende a crescer ainda mais.

Como a nova realidade pode ajudar ou atrapalhar: O Bayern pode reclamar que a paralisação cortou o seu embalo. No entanto, se há um clube com elenco suficiente para superar os percalços, este é o atual heptacampeão nacional. Todas as posições estão bem servidas, inclusive a desfalcada defesa, com o retorno gradual de suas peças. Por enquanto, os bávaros não precisarão dividir suas atenções com a Champions League, o que talvez atrapalhasse em condições normais. Para melhorar, Lewandowski estava lesionado antes da interrupção da liga, mas se recuperou a tempo de retornar ao time.

A tabela na sequência da Bundesliga: Union Berlim (F), Frankfurt (C), Dortmund (F), Fortuna Düsseldorf (C), Leverkusen (F), Gladbach (C), Werder Bremen (F), Freiburg (C), Wolfsburg (F)

Provável escalação na reestreia: Neuer – Pavard, Boateng, Alaba, Davies – Kimmich, Thiago – Gnabry, Müller, Coman – Lewandowski

Borussia Dortmund (2° colocado, 51 pontos)

Como vinha no campeonato: O Dortmund oscilou muito durante a Bundesliga, algo que não é exatamente novo com Lucien Favre. Entre vitórias acachapantes dentro de casa e tropeços inexplicáveis fora, a equipe demorou a emplacar como candidata à liderança. Porém, o desempenho dos aurinegros desde fevereiro era bom, especialmente por terem se acertado na defesa. Com mais proteção atrás, o BVB parecia pronto o ascender, considerando todo o seu poderio na frente. Já na Champions League, os alemães acabaram eliminados pelo Paris Saint-Germain em um dos jogos sem público pelas oitavas de final.

Quem estava se destacando: O melhor jogador do Dortmund na temporada chama-se Jadon Sancho. É impressionante a maturidade do ponta, com muita contribuição ofensiva e qualidade na criação. Ele somava 14 gols e 15 assistências até então. Erling Braut Haaland chegou como um meteoro e contribuía a guinada dos aurinegros, com nove gols em oito aparições. Marco Reus segue importante, mas voltando a conviver com as lesões. O forte apoio dos alas é uma das armas do BVB, com Achraf Hakimi e Raphaël Guerreiro por ali. Mais atrás, a confiança era depositada em Mats Hummels e no recém-contratado Emre Can, podendo acompanhar Axel Witsel na faixa central ou entrar na linha de zaga.

Um jogador para ficar de olho: O Dortmund é cheio de jovens promissores, mas Giovanni Reyna ia se mostrando como alguém para ganhar seu espaço nos próximos meses. Filho de Claudio Reyna, antigo ídolo da seleção americana, o garoto de 17 anos estreou neste semestre pelo clube e já teve boas atuações. Marcou um golaço contra o Werder Bremen na Copa da Alemanha e ajudou a derrotar o PSG dentro do Signal Iduna Park pela Champions. Em meio à maratona, pode ganhar mais minutos.

Como a nova realidade pode ajudar ou atrapalhar: O Dortmund perdeu uma boa sequência antes da paralisação, mas o mês dedicado aos treinamentos pode ter intensificado o acerto de sua defesa. O fato de contar com jovens destaques tende a ajudar na maratona de jogos, sem que eles sofram tanto o impacto físico e possam dar diferentes caras ao ataque. Um problema é o departamento médico sempre cheio: o time já volta com Reus, Can, Witsel, Schulz e Zagadou indisponíveis. Além do mais, jogar sem o apoio da Muralha Amarela é um desafio tremendo a quem sempre se valeu da torcida.

A tabela na sequência da Bundesliga: Schalke (C), Wolfsburg (F), Bayern (C), Paderborn (F), Hertha (C), Fortuna Düsseldorf (F), Mainz (C), Leipzig (F), Hoffenheim (C)

Provável escalação na reestreia: Bürki – Piszczek, Hummels, Akanji – Hakimi, Brandt, Delaney, Guerreiro – Sancho, Haaland, Hazard

RB Leipzig (3° colocado, 50 pontos)

Como vinha no campeonato: Era esperado que Julian Nagelsmann pudesse melhorar os resultados do RB Leipzig. Ainda assim, a primeira temporada sai melhor do que a encomenda. A equipe da Red Bull briga seriamente pela Salva de Prata e terminou o primeiro turno na liderança. O fôlego diminuiu um pouco no returno, mas nada que tenha afastado os Touros Vermelhos do páreo. É uma equipe com variações táticas e bom poderio de ataque, embora precise corresponder melhor nos confrontos diretos. Também costuma se dar bem como visitante. Além disso, já tinha se garantido nas quartas de final da Champions, ao eliminar o Tottenham com duas vitórias.

Quem estava se destacando: Timo Werner vivia a melhor temporada da carreira, com 21 gols e sete assistências na Bundesliga, o único capaz de concorrer com Lewandowski pela artilharia. Além de sua velocidade, aprimora a finalização. Christopher Nkunku e Marcel Sabitzer eram outros dois superando as expectativas por sua produtividade ofensiva. Péter Gulácsi está entre os melhores goleiros da Bundesliga e, no miolo de zaga, Dayot Upamecano fez algumas atuações gigantes, para se firmar como um zagueiro de muita projeção. Já nas laterais, por vezes adaptados como zagueiros de lado, há a regularidade de Lukas Klostermann e Marcel Halstenberg.

Um jogador para ficar de olho: Konrad Laimer não é dos nomes mais incensados no RB Leipzig, mas está entre os jogadores mais importantes na engrenagem de Nagelsmann. O volante participa um bocado na construção do jogo, mas prima mesmo por seu trabalho na marcação. É o principal ladrão de bolas no time e acaba se tornando ainda mais preponderante após a saída de Diego Demme, vendido ao Napoli durante a janela de inverno.

Como a nova realidade pode ajudar ou atrapalhar: O Leipzig não pode reclamar da pausa, já que não vinha tão bem nos últimos meses. A equipe venceu apenas dois de seus últimos sete jogos pela Bundesliga, embora tenha acumulado quatro empates neste intervalo. É um time com média de idade baixíssima e com boas opções na rotação, o que ajuda na reta final. Resta saber como a falta de experiência afetará. Apesar da volta de alguns atletas, o capitão Willi Orban deve seguir como desfalque até o fim do mês.

A tabela na sequência da Bundesliga: Freiburg (C), Mainz (F), Hertha (C), Colônia (F), Paderborn (C), Hoffenheim (F), Fortuna Düsseldorf (C), Dortmund (C), Augsburg (F)

Provável escalação na reestreia: Gulacsi – Mukiele, Klostermann, Halstenberg – Adams, Sabitzer, Laimer, Angelino – Nkunku, Werner – Schick

Borussia Mönchengladbach (4° colocado, 49 pontos)

Como vinha no campeonato: Das surpresas mais agradáveis nesta Bundesliga, o Mönchengladbach permaneceu todo o primeiro turno como forte candidato ao título, o que não se vivia desde os anos 1970. Marco Rose deu muito certo no Borussia Park e armou um time que sabe ser vertical e perigoso nas bolas paradas. Foram oito rodadas como líderes, com os Potros entre os melhores mandantes da competição. O segundo turno mostra que o sonho não deve durar tanto tempo, mas aparecer na fase de grupos da Champions League já seria algo positivo, a um clube que pode crescer constantemente e faz bons trabalhos no mercado de transferências, como se nota no atual elenco.

Quem estava se destacando: Marcus Thuram e Alassane Pléa se entendem muito bem no ataque, os principais responsáveis pelos gols do Gladbach, com a alternativa de Breel Embolo. Patrick Herrmann também merece menção, voltando a se colocar entre os protagonistas do clube. Denis Zakaria é o esteio na cabeça de área, volante que pode dar saltos maiores na carreira. As laterais têm sua dose de qualidade com Stefan Lainer e Ramy Bensebaini. Já a defesa se vale da rodagem do zagueiro Matthias Ginter e também do goleiro Yann Sommer, entre os melhores de suas posições na Bundesliga.

Um jogador para ficar de olho: Florian Neuhaus é o xodó da torcida do Gladbach. Formado pelo Munique 1860 e com passagem pelo Fortuna Düsseldorf, o meio-campista de 23 anos chegou ao Borussia Park na temporada passada e se estabeleceu como uma figura constante no meio-campo. Dotado de boa qualidade técnica, distribui passes precisos e contribui com assistências. Pode atuar na armação, embora entre mais recuado na trinca utilizada por Marco Rose em seu 4-3-1-2.

Como a nova realidade pode ajudar ou atrapalhar: O Gladbach foi o primeiro time a sediar um “jogo fantasma” na Bundesliga e venceu o clássico contra o Colônia no vazio Borussia Park. Os jogadores tiveram tempo para digerir a nova situação. O clube, aliás, resolveu ocupar suas arquibancadas com torcedores de papelão para ao menos colorir o entorno. Mas é um time que pode se dar mal com a maratona, especialmente porque não tem um elenco tão recheado. Na volta, com uma lesão no joelho, Zakaria será desfalque.

A tabela na sequência da Bundesliga: Frankfurt (F), Leverkusen (C), Werder Bremen (F), Union Berlim (C), Freiburg (F), Bayern (F), Wolfsburg (C), Paderborn (F), Hertha (C)

Provável escalação na reestreia: Sommer – Lainer, Ginter, Elvedi, Bensebaini – Herrmann, Strobl, Neuhaus – Embolo – Plea, Thuram

Bayer Leverkusen (5° colocado, 47 pontos)

Como vinha no campeonato: Mais uma vez, o Leverkusen não começou a Bundesliga com a força que se esperava, mas desencadeou sua ascensão ao final do primeiro turno. A equipe de Peter Bosz vinha de sete vitórias em nove rodadas até a parada, o que permitiu a aproximação da zona de classificação à Champions. E o torneio continental permanece bastante palpável, principalmente com o confronto direto diante do Gladbach em breve. O comandante holandês rearranjou suas peças e voltou a encontrar um bom encaixe da equipe, que desandou a fazer gols nas últimas rodadas. Alternativas ao ataque não faltam.

Quem estava se destacando: Kai Havertz lidou com as críticas por cair de desempenho no primeiro turno, mas estava voando baixo neste início de ano. Outro nome essencial aos Aspirinas é o atacante Kevin Volland, artilheiro e líder de assistências do time no campeonato. Charles Aránguiz desempenha uma função vital, conferindo dinamismo no meio-campo. Os gêmeos Lars e Sven Bender orientam a defesa, também qualificada pelo talento de Lukas Hradecky sob os paus, talvez o melhor goleiro da liga até o momento. Vale mencionar ainda Exequiel Palacios, boa contratação garantida em janeiro.

Um jogador para ficar de olho: Paulinho demorou muito tempo para ganhar sua primeira chance como titular na Bundesliga. Depois de sair do banco 21 vezes desde a temporada passada, o brasileiro apareceu na escalação contra o Eintracht Frankfurt, no início de março. Simplesmente arrebentou com o jogo, anotando dois gols e dando uma assistência. Mas aquela seria a última rodada antes da paralisação. O ex-vascaíno pode voltar com moral nesta reta final.

Como a nova realidade pode ajudar ou atrapalhar: O Leverkusen é um dos times que lamentam a sequência que a pandemia interrompeu. Vinha bem e a tendência era encurtar a distância para os concorrentes à sua frente, com o aumento da produtividade. Em compensação, nomes que estavam lesionados voltam a ficar à disposição, como os irmãos Bender e Alario. Pelos jogadores à disposição no setor ofensivo, pode se dar bem com o aumento no número de substituições. E, com todo respeito à BayArena, a falta de torcida não será das mais sentidas.

A tabela na sequência da Bundesliga: Werder Bremen (F), Gladbach (F), Wolfsburg (C), Freiburg (F), Bayern (C), Schalke (F), Colônia (C), Hertha (F), Mainz (C)

Provável escalação na reestreia: Hradecky – Tah, S. Bender, Tapsoba – L. Bender, Baumgartlinger, Aranguiz, Wendell – Bellarabi, Diaby – Havertz

Schalke 04 (6° colocado, 37 pontos)

Como vinha no campeonato: Durante algum tempo, o Schalke se mostrou propenso a brigar pelo G-4 na Bundesliga e ocupou até mesmo a terceira colocação. David Wagner logo criou uma boa relação na Veltins Arena, mas alternou momentos promissores com outros para esquecer. E a verdade é que o segundo turno apontava para uma queda dos Azuis Reais. O time só venceu o seu primeiro compromisso e engoliu algumas derrotas acachapantes, com direito a dois 5 a 0 – para Bayern e Leipzig. Ficar com uma vaga na Liga Europa parecia bem mais plausível, até pelo excesso de empates do time.

Quem estava se destacando: Suat Serdar não se saiu tão bem na temporada passada, mas caiu nas graças da torcida e começou a despontar até mesmo à seleção alemã. O meio-campista contribuiu com sete gols, artilheiro do time na liga, surgindo como elemento surpresa. Amine Harit foi outro que voltou a crescer, com algumas boas atuações neste campeonato, chamando a responsabilidade para si. Já na defesa, a bola da vez é o zagueiro Ozan Kabak. Aos 20 anos, o turco não precisou de tempo de adaptação após ser trazido do Stuttgart.

Um jogador para ficar de olho: Talvez ele nem volte a jogar nesta temporada, mas Alexander Nübel certamente é um personagem central no Schalke. Visto como ponto de partida à reconstrução do clube, o promissor goleiro renegou a braçadeira de capitão e acertou sua transferência ao Bayern para 2020/21. Seguiu no time, mas a queda de desempenho e todo o conflito ao seu redor o levou a ser barrado. O problema é que o substituto, Markus Schubert, não se mostrou tão pronto a tomar a camisa 1.

Como a nova realidade pode ajudar ou atrapalhar: O Schalke pôde respirar com a paralisação, mas a tabela guarda seus desafios à sequência do torneio. Neste momento, o clube já começa a pensar além. Os Azuis Reais estão em uma situação financeira não muito robusta e seriam um dos mais prejudicados caso a liga fosse cancelada. A visibilidade da Bundesliga pode contribuir para o time, enfim, fazer algum bom negócio. David Wagner também se vale dos atletas que voltam de lesão, entre eles Suat Serdar e Salif Sané.

A tabela na sequência da Bundesliga: Dortmund (F), Augsburg (C), Fortuna Düsseldorf (F), Werder Bremen (C), Union Berlim (F), Leverkusen (C), Frankfurt (F), Wolfsburg (C), Freiburg (F)

Provável escalação na reestreia: Schubert – Kenny, Todibo, Nastasic, Oczipka (c) – Caligiuri, McKennie, Serdar – Harit – Burgstaller, Raman

Wolfsburg (7° colocado, 36 pontos)

Como vinha no campeonato: O Wolfsburg mantém um time relativamente barato e sem grandes estrelas, mas tem feito bons papéis na Bundesliga ao se aproximar da zona de classificação às copas europeias. Participar da Liga Europa mais uma vez será o seu objetivo. O time chegou a ficar invicto até o fim de outubro, mas com um grande número de empates. Depois de colecionar derrotas, voltou a se recuperar a partir de fevereiro. O técnico Oliver Glasner se adaptou bem à agremiação, contratado para a atual temporada. Mas falta melhorar o rendimento como mandante.

Quem estava se destacando: Wout Weghorst sabe fazer gols e vinha de outra temporada positiva com o Wolfsburg. O centroavante holandês anotou 11 tentos pela Bundesliga. Já o cérebro do time é Maximilian Arnold. O meia de 25 anos pode não ter estourado como alguns apostavam, mas é uma liderança inerente dos Lobos. O volante Joshua Guilavogui, o zagueiro Robin Knoche e o goleiro Koen Casteels formam a espinha dorsal no sistema defensivo.

Um jogador para ficar de olho: Kevin Mbabu demorou a se encaixar no time, trazido do Young Boys após boas temporadas na Suíça. Entretanto, o lateral começou a ganhar a posição no segundo turno, com a ausência de William, e tem se destacado. Sobe bastante no apoio, com muita velocidade. Aos 25 anos, é um jogador com potência física e que poderá mostrar isso neste recomeço da liga.

Como a nova realidade pode ajudar ou atrapalhar: O Wolfsburg teve pressa a voltar aos treinamentos e, como o primeiro a iniciar seu condicionamento, tentará tirar vantagem disso. É um time que joga bastante com bolas longas, então entrosamento não será tanto problema. Mas também tem os seus poréns, com o departamento médico cheio de jogadores-chave nesta retomada – incluindo Guilavogui e Weghorst, além de William.

A tabela na sequência da Bundesliga: Augsburg (F), Dortmund (C), Leverkusen (F), Frankfurt (C), Werder Bremen (F), Freiburg (C), Gladbach (F), Schalke (F), Bayern (C)

Provável escalação na reestreia: Casteels – Mbabu, Knoche, Brooks, Roussillon – Steffen, Schlager, Arnold – Mehmedi, Ginczek, Brekalo

Freiburg (8° colocado, 36 pontos)

Como vinha no campeonato: O Freiburg não é dos times que recebem muita badalação na Bundesliga, mas com certa frequência se coloca na metade superior da tabela. Desde 2011 à frente da equipe, o técnico Christian Streich é uma das principais razões desse bom desempenho, levando o elenco acima de seus limites. Sem grandes invenções, são times bem montados na defesa e que aproveitam os destaques ofensivos. Durante boa parte do primeiro turno, o Freiburg ocupou a zona de classificação às copas europeias e até descolou uma vaguinha no G-4. Porém, as vitórias se tornaram mais raras na reta final do primeiro turno e a tabela difícil daqui pra frente é um obstáculo.

Quem estava se destacando: Nils Petersen é um velho conhecido da torcida do Freiburg e quase sempre balança as redes pelo clube. Foram oito gols e duas assistências até o momento. O ala Jonathan Schmid é outra arma da equipe, aparecendo bastante no ataque e anotando os seus gols, com Christian Günter se soltando na esquerda. Há outros atletas de potencial no elenco, mas que não conseguiram aparecer com a frequência esperada na equipe, a exemplo do ponta italiano Vincenzo Grifo. O goleiro Alexander Schwolow costuma salvar resultados, enquanto Dominique Heintz e Robin Koch são importantes à zaga.

Um jogador para ficar de olho: Gian Luca Waldschmidt chegou à temporada bastante comentado, após suas grandes atuações com a Alemanha no Campeonato Europeu Sub-21. O jovem até anotou cinco gols, mas não cumpriu todas as expectativas e também lidou com problemas de lesão. Pode aparecer um pouco mais nesse recomeço, quem sabe para descolar uma transferência no futuro. Uma das grandes virtudes do atacante são os seus chutes venenosos de fora da área.

Como a nova realidade pode ajudar ou atrapalhar: A um clube que geralmente passa fora do radar, o Freiburg ganha espaço na mídia e pode até ser mais reconhecido. Talvez faça um bom negócio com seus valores nos próximos tempos. É time para o meio da tabela e precisará se segurar com os vários jogos duros que terá pela frente. Se há boas peças na escalação titular, o elenco permanece com carências à maratona.

A tabela na sequência da Bundesliga: Leipzig (F), Werder Bremen (C), Frankfurt (F), Leverkusen (C), Gladbach (C), Wolfsburg (F), Hertha (C), Bayern (F), Schalke (C)

Provável escalação na reestreia: Schwolow – Gulde, Koch, Heintz – Schmid, Haberer, Höfler, Günter – Waldschmidt, Petersen, Höler

Hoffenheim (9° colocado, 35 pontos)

Como vinha no campeonato: O Hoffenheim sabia que esta seria uma temporada de entressafra, com a saída de Julian Nagelsmann e de jogadores importantes. O técnico Alfred Schreuder assumiu o posto e não conseguiu acertar o time durante as primeiras rodadas, mas melhorou com o passar do primeiro turno e teve tempo para trabalhar melhor suas ideias durante a paralisação. Ainda não é um time tão constante, alternando fases ao longo da campanha. Além do mais, os pontos desperdiçados na Rhein-Neckar Arena custaram bastante aos alviazuis.

Quem estava se destacando: Uma das principais razões à ascensão do Hoffenheim no campeonato foi a volta de Andrej Kramaric, protagonista na linha de frente. Durante a pausa, todavia, o croata se machucou. Robert Skov é um jogador central à produtividade ofensiva, mas ainda sem causar o impacto que se viu no Campeonato Dinamarquês. Referência na equipe, o goleiro Oliver Baumann geralmente dá conta do recado. Sebastian Rudy, Benjamin Hübner e Pavel Kaderábek são outras boas opções num elenco mais rodado que o costume no clube.

Um jogador para ficar de olho: Aos 20 anos, Christoph Baumgartner surge como uma das principais revelações do Hoffenheim. O austríaco começou a temporada no banco, mas ganhou espaço principalmente no segundo turno. Com bom porte físico e aparições constantes na área, contribuiu com quatro gols e três assistências, número positivo a quem só fez dez aparições como titular. Também ajuda por sua combatividade, atuando como meia ou como atacante.

Como a nova realidade pode ajudar ou atrapalhar: O Hoffenheim teve um bom tempo para processar a goleada sofrida em casa para o Bayern e o episódio ocorrido com o presidente Dietmar Hopp. Não é um time que sentirá falta de sua atmosfera na Rhein-Neckar Arena e vê uma tabela mais tranquila à sua frente. A maior dificuldade será superar os desfalques ofensivos, em lista que inclui Andrej Kramaric, Ishak Belfodil e Sargis Adamyan.

A tabela na sequência da Bundesliga: Hertha (C), Paderborn (F), Colônia (C), Mainz (F), Düsseldorf (F), Leipzig (C), Augsburg (F), Union Berlim (C), Dortmund (F)

Provável escalação na reestreia: Baumann – Posch, Akpoguma, Hübner – Kaderabek, Rudy, Grillitsch, Samassekou, Skov – Bebou, Baumgartner

Colônia (10° colocado, 32 pontos)

Como vinha no campeonato: O Colônia começou a Bundesliga flertando fortemente com um novo rebaixamento, após conquistar a segundona na última temporada. A equipe venceu apenas dois de seus 14 primeiros compromissos – e um deles contra o lanterna Paderborn. A transformação foi total a partir de então, com oito vitórias nas 11 rodadas seguintes e uma guinada que levou os Bodes para o meio da tabela. Não só se distanciaram da briga contra o descenso, como também botavam a Liga Europa outra vez na mira. O técnico Markus Gisdol, trazido pelo clube em novembro, é o responsável pela boa fase.

Quem estava se destacando: Apesar da queda recente, o Colônia conseguiu manter um bom elenco na segunda divisão. Jonas Hector (agora jogando muito bem como volante) e Timo Horn permaneceram no clube, para liderar o renascimento. Entre os destaques no acesso, o artilheiro Jhon Córdoba continua rendendo bem na elite e anotou dez gols até o momento. Já o atacante Mark Uth foi uma boa aposta no início da temporada e recupera seu moral, após a passagem apagada pelo Hoffenheim. Ellyes Skhiri foi outro que se encaixou de imediato.

Um jogador para ficar de olho: Trazido do Anderlecht no início da temporada, o zagueiro Sebastiaan Bornauw custou um bom dinheiro ao Colônia, mas sem se apresentar como uma contratação midiática. O defensor de 21 anos, contudo, compensa os €6 milhões desembolsados pelos Bodes. É um dos melhores do time na campanha, não só pela contribuição na marcação, mas também por anotar seus gols de cabeça e distribuir lançamentos ao ataque.

Como a nova realidade pode ajudar ou atrapalhar: Se fosse possível escolher, o Colônia certamente não queria interromper sua arrancada na tabela. Em compensação, a parada pode ter ajudado Markus Gisdol a aprofundar mais suas ideias aos Bodes. Há jogadores que podem crescer e corresponder no novo momento, em especial os atacantes Anthony Modeste e Simon Terodde. E se o clube registrou casos de coronavírus nesta volta às atividades, não há restrições além da ausência do ala Ismail Jakobs.

A tabela na sequência da Bundesliga: Mainz (C), Fortuna Düsseldorf (C), Hoffenheim (F), Leipzig (C), Augsburg (F), Union Berlim (C), Leverkusen (F), Frankfurt (C), Werder Bremen (F)

Provável escalação na reestreia: Horn – Ehizibue, Bornauw, Leistner, Katterbach – Skhiri, Hector – Kainz, Uth, Jakobs – Cordoba

Union Berlim (11° colocado, 30 pontos)

Como vinha no campeonato: A quem apontava o Union Berlim como candidato ao rebaixamento imediato, o resultado é surpreendente. O clube da capital possui um orçamento bem mais baixo que o da maioria dos concorrentes, mas supera as expectativas em sua primeira temporada na elite da Alemanha reunificada. Os berlinenses têm claras limitações e exibem um futebol aguerrido, até rudimentar, sob as ordens de Urs Fischer. Mas não se intimidam e arrancaram grandes resultados desde o início da campanha. Como era de se esperar, o Estádio An der Alten Försterei é um dos mais difíceis de encarar na Bundesliga e a equipe conquistou quase dois terços de seus pontos por lá.

Quem estava se destacando: O Union Berlim possui vários jogadores que buscam seu lugar ao sol. Neste sentido, ninguém aproveita melhor a chance que Sebastian Andersson, já preponderante nos tempos de segundona. O centroavante sueco contabiliza 11 gols, muitos deles gerados pela presença de área do tanque. O goleiro Rafal Gikiewicz é outro que amplia sua idolatria em Berlim, enquanto o lateral Christopher Trimmel é uma arma com seus cruzamentos. Veteranos trazidos para dar mais tarimba ao time recém-promovido, Neven Subotic e Christian Gentner cumprem seus papéis.

Um jogador para ficar de olho: Dentre os atletas do Union Berlim, um dos mais propensos a descolar um contrato melhor nos próximos anos é Marvin Friedrich, zagueiro de 24 anos. Cria do Schalke, chegou a Berlim para contribuir ao acesso e é um atleta importante no esquema de jogo. Além da boa estatura para ganhar as bolas na defesa, também é bastante acionado por seus lançamentos longos.

Como a nova realidade pode ajudar ou atrapalhar: Sem dúvidas, o Union Berlim é um dos times que mais sofrerão sem o apoio de sua torcida. A massa transforma o An der Alten Försterei em caldeirão e dificultou para muitos clubes de peso. Se há um consolo é que a distância em relação à zona de rebaixamento não coloca os berlinenses em muitos apuros. Mas a volta ao campeonato será um teste, já encarando Bayern (sem a presença do técnico Urs Fischer, liberado por causa da morte de seu sogro) e depois o dérbi contra o Hertha. Outro ponto importante está na renovação de muitos jogadores, em elenco de curto prazo. O goleiro Gikiewicz já anunciou não continuará, sem chegar a um acordo com a diretoria.

A tabela na sequência da Bundesliga: Bayern (C), Hertha (F), Mainz (C), Gladbach (F), Schalke (C), Colônia (F), Paderborn (C), Hoffenheim (F), Fortuna Düsseldorf (C)

Provável escalação na reestreia: Gikiewicz – Hübner, Schlotterbeck, Subotic – Trimmel (c), Gentner, Andrich, Lenz – Ingvartsen, Bülter – Andersson

Eintracht Frankfurt (12° colocado, 28 pontos)

Como vinha no campeonato: Depois do sucesso retumbante na temporada passada, o Eintracht Frankfurt enfrenta mais turbulências na atual campanha. Era de se esperar que as Águias penassem, depois de perderem suas referências no ataque. O primeiro turno ainda guardou bons momentos, em especial a goleada sobre o Bayern. Mas o time de Adi Hütter começou a tropeçar constantemente depois disso e só venceu três partidas nas últimas 14 rodadas. A Liga Europa servia de consolo, mas dificilmente o Frankfurt reverterá a situação contra o Basel após os 3 a 0 na ida. Há, pelo menos, a Copa da Alemanha no horizonte. É o caminho mais curto às copas europeias, apesar do Bayern pelo caminho. Pela distância, não dá nem para se descuidar do risco de queda.

Quem estava se destacando: Talvez o melhor jogador da metade inferior da tabela seja Filip Kostic. O sérvio vinha gastando a bola pelo lado esquerdo do ataque, em especial por sua aptidão em deixar os companheiros na cara do gol. Sem a efetividade de seus antecessores, Gonçalo Paciência teve seus momentos no comando do ataque, com Bas Dost e André Silva entre as opções. Martin Hinteregger foi um ótimo negócio das Águias, liderando a defesa e também aparecendo na frente para marcar. Já sob as traves, Kevin Trapp recuperou a forma que o levou à seleção e tem feito boas atuações.

Um jogador para ficar de olho: Daichi Kamada vinha rendendo bem mais na Liga Europa do que na Bundesliga até a paralisação, mas é um atleta que tende a crescer no Frankfurt. O meia japonês de 23 anos saiu de uma boa temporada com o St. Truiden, na Bélgica, e não foi repassado a outro empréstimo na atual campanha. Jogando atrás dos atacantes, aparece na área para concluir e possui facilidade aos dribles.

Como a nova realidade pode ajudar ou atrapalhar: A pausa parece ter sido bem-vinda para o Eintracht Frankfurt acertar os seus ponteiros, quando a equipe degringolava. É um time que perde sua força como mandante, com os portões fechados na Commerzbank-Arena. Em compensação, sem a pressão das torcidas adversárias, poderá melhorar o parco rendimento como visitante. E dentro de um elenco montado com a temporada continental em vista, pode aguentar a sequência de jogos.

A tabela na sequência da Bundesliga: Gladbach (C), Bayern (F), Freiburg (C), Wolfsburg (F), Werder Bremen (F), Mainz (C), Hertha (F), Schalke (C), Colônia (F), Paderborn (C)

Provável escalação na reestreia: Trapp – Toure, Abraham (c), Hinteregger, N'Dicka – Ilsanker, Rode – Chandler, Kamada, Kostic – Silva

Hertha Berlim (13° colocado, 28 pontos)

Como vinha no campeonato: Talvez a equipe mais ajudada pela paralisação. O Hertha Berlim vinha cheio de expectativas e esteve longe de cumpri-las, com apenas cinco vitórias no primeiro turno. Houve mudança no comando durante este período e Jürgen Klinsmann começou bem, mas entrou em rota de colisão com a nova diretoria e saiu de uma hora para outra. Mesmo com um mercado abastado em janeiro, os berlinenses não engrenaram de imediato e seguiam longe de impressionar. Bruno Labbadia chegou durante a pausa e precisa mostrar uma nova cara ao time, entre o encaixe dos reforços e também o acerto do sofrível sistema defensivo, entre os piores da liga.

Quem estava se destacando: Entre os mais experientes do elenco, o goleiro Rune Jarstein e o meia Per Ciljan Skjelbred vinham segurando as pontas desde o primeiro turno. Dedryck Boyata e Vladimir Darida eram outros que não deixavam a situação piorar ainda mais. De qualquer forma, os olhares se voltam mesmo aos novos reforços que desembarcaram no inverno: Santiago Ascacíbar logo tomou a posição na cabeça de área. Já na frente, Krzysztof Piatek e Matheus Cunha formam a nova dupla de ataque, com a opção de Vedad Ibisevic e Dodi Lukebakio ao setor.

Um jogador para ficar de olho: Aos 20 anos, Matheus Cunha foi um dos grandes nomes da seleção brasileira no Pré-Olímpico de 2020. Até por isso, o atacante demorou a se juntar ao elenco do Hertha Berlim. Mas começou bem, com gols importantes contra Fortuna Düsseldorf e Werder Bremen. De reserva de luxo nos tempos de Leipzig, tem bola para se firmar como um bom artilheiro na capital.

Como a nova realidade pode ajudar ou atrapalhar: É um novo mundo também para o Hertha – ou assim pretendem. A mudança no comando técnico e a aposta em Bruno Labbadia durante o hiato de jogos mostra que os berlinenses tiveram tempo para pensar, apesar de certa demora a voltar aos trabalhos. O problema é que as coisas não costumam acontecer automaticamente na capital e a Velha Senhora sempre tem uma certa propensão a decepcionar. Mas há esperanças, claro, a um time que vinha se apresentando abaixo das possibilidades. Precisarão mostrar serviço rápido, com uma tabela dura.

A tabela na sequência da Bundesliga: Hoffenheim (F), Union Berlim (C), Leipzig (F), Augsburg (C), Borussia Dortmund (F), Frankfurt (C), Freiburg (F), Leverkusen (C), Gladbach (F)

Provável escalação na reestreia: Jarstein – Klünter, Stark, Boyata, Mittelstädt – Skjelbred, Grujic, Maier – Cunha – Piatek, Dilrosun

Augsburg (14° colocado, 27 pontos)

Como vinha no campeonato: O Augsburg já fez boas campanhas desde que chegou à Bundesliga, mas cumpre seu papel de figurante nas últimas temporadas, satisfeito em fugir da degola. O time ocupou a zona de rebaixamento durante a metade inicial do primeiro turno, mas conquistou vitórias antes da pausa de inverno, a ponto de se colocar em uma posição mais segura. O segundo turno começou claudicante, com seis derrotas em oito rodadas, mas a tabela bem mais difícil explica as dificuldades encaradas pela equipe. A tendência é a situação melhorar, por mais que a má fase tenham levado à saída do técnico Martin Schmidt.

Quem estava se destacando: Num elenco relativamente barato, o Augsburg possui bons jogadores. Florian Niederlechner chegou para ser a referência no ataque e rendeu muito bem na campanha, com 11 gols e seis assistências. Outro jogador que contribui bastante na frente é o ala/ponta Philipp Max, participando de 12 tentos até o momento na campanha. Com problemas físicos, Alfred Finnbogason perdeu espaço nesta temporada, mas segue no elenco. Também há o peso do veterano Daniel Baier, ídolo no meio-campo.

Um jogador para ficar de olho: Contratado do Luzern, o meia Rubén Vargas é a principal revelação do Augsburg na temporada. O jovem de 21 anos já vinha ganhando as primeiras convocações à seleção da Suíça e virou titular dos bávaros. Foram quatro gols até o momento na Bundesliga, chegando à frente para finalizar e abrindo caminho com os seus dribles. Pode despontar neste momento de recomeço.

Como a nova realidade pode ajudar ou atrapalhar: O Augsburg vive a história mais curiosa neste retorno à Bundesliga. Como em todos os clubes, o elenco precisava se manter isolado em quarentena, mas o novo técnico Heiko Herrlich quebrou as regras ao sair para comprar pasta de dente. Ele declarou que não sabia da proibição, mas pagará seu preço: não pôde treinar o time nos últimos dias e também não ficará à beira do campo na reestreia. Passará por dois testes de coronavírus até ser considerado apto a voltar. O comandante, que assumiu o time justamente antes da pausa, ao menos é a esperança de melhorar o aproveitamento.

A tabela na sequência da Bundesliga: Wolfsburg (C), Schalke (F), Paderborn (C), Hertha (F), Colônia (C), Mainz (F), Hoffenheim (C), Fortuna Düsseldorf (F), Leipzig (C)

Provável escalação na reestreia: Koubek – Framberger, Gouweleeuw, Jedvaj, Max – Khedira, Baier (c) – Richter, Löwen, Vargas – Niederlechner

Mainz 05 (15° colocado, 26 pontos)

Como vinha no campeonato: O Mainz tem caminhado perigosamente na corda bamba durante esta temporada. A equipe começou mal o campeonato e vagou pela zona de rebaixamento, mas as vitórias a partir de novembro livraram um pouco o perigo. Só que a equipe não consegue deslanchar e manteve sua posição logo acima do Z-3 durante todo o início do segundo turno. Não é um time que nutre muitas expectativas, mas também não convence. O ataque diminui um pouco o prejuízo gerado pela defesa bastante vazada. Como consolação, seu histórico de roubar pontos contra os principais times do campeonato pode animar esta reta final.

Quem estava se destacando: Robin Quaison carregou o Mainz em várias partidas. O atacante sueco é o principal nome na linha de frente e contribuiu com 12 gols, jogando como centroavante ou mais recuado na ponta. Bom finalizador, anotou duas tripletas. Também há boas peças no apoio, a exemplo dos meias Jean-Paul Boëtius e Karim Onisiwo. O veterano Daniel Brosinski é bastante útil na lateral, enquanto o goleiro Robin Zentner evitava que sua zaga gerasse um estrago maior, até romper os ligamentos e virar desfalque.

Um jogador para ficar de olho: Centroavante com bom porte físico, Jean-Philippe Mateta brilhou em sua primeira temporada com o Mainz 05, mas uma lesão no menisco atrapalhou bastante na atual Bundesliga. O segundo turno servia para recuperar o ritmo, mas sem a efetividade da campanha anterior. A pausa pode colaborar para que jovem de 22 anos volte ao seu melhor e se combine com Quaison na frente.

Como a nova realidade pode ajudar ou atrapalhar: O Mainz já tinha trocado de técnico durante o primeiro turno, com a contratação de Achim Beierlorzer. O novo comandante teve mais tempo para preparar o seu elenco aos próximos desafios. A necessidade é encontrar uma regularidade nesta reta final. E os alvirrubros precisarão lidar com a ausência do goleiro Zentner, que deverá se ausentar até o fim de junho.

A tabela na sequência da Bundesliga: Colônia (F), Leipzig (C), Union Berlim (F), Hoffenheim (C), Frankfurt (F), Augsburg (C), Dortmund (F), Werder Bremen (C), Leverkusen (F)

Provável escalação na reestreia: Müller – St. Juste, Bruma, Niakhate – Baku, Barreiro, Latza (c), Mwene – Onisiwo, Quaison – Szalai

Fortuna Düsseldorf (16° colocado, 22 pontos)

Como vinha no campeonato: O Fortuna Düsseldorf negou os prognósticos em seu retorno à Bundesliga na temporada passada, quando encerrou a campanha na confortável décima colocação. O caminho não tem sido tão tranquilo assim na atual campanha e o time, que até bateu alguns adversários diretos nas primeiras rodadas, despencou a partir de novembro. Entre goleadas e partidas apáticas, chegou a segurar a lanterna. O segundo turno, ao menos, fazia bem aos alvirrubros. Responsável pelo acesso, Friedhelm Funkel deixou o cargo de técnico e Uwe Rösler vinha esboçando uma reação, mesmo com o acúmulo de empates.

Quem estava se destacando: O pior ataque da Bundesliga se vale bastante da presença de Rouwen Hennings, atacante que fez grande parte de sua carreira nas divisões de acesso. Ele anotou 11 dos 27 gols do Fortuna até o momento. No apoio, Erik Thommy e Kenan Karaman são outros que fazem minimamente suas partes. Já o sistema defensivo tem alguns jogadores cumpridores, a exemplo do lateral Matthias Zimmermann e do zagueiro Andre Hoffmann.

Um jogador para ficar de olho: Aos 25 anos, Kaan Ayhan não é nenhum novato e começou sua carreira no Schalke 04. Contudo, a mudança para o Fortuna Düsseldorf ainda na segundona fez bem ao zagueiro e ele se coloca entre os pilares das últimas campanhas dos alvirrubros. É um defensor técnico, que gosta de jogar com a bola no chão e sabe ler as jogadas. Vinha ganhando convocações à seleção turca.

Como a nova realidade pode ajudar ou atrapalhar: O Fortuna Düsseldorf começa fazendo um jogo decisivo contra o Paderborn, fundamental na briga contra o rebaixamento. Também ainda terá o Augsburg pela frente. Só que os alvirrubros não podem se descuidar, encarando diversos adversários da metade superior da tabela. A uma equipe que ainda tateava seus rumos, a exigência será grande. E jogar sem torcida é pior, já que o fator casa tenderia a ser importante nesta reta final, com duelos de peso em seu mando.

A tabela na sequência da Bundesliga: Paderborn (C), Colônia (F), Schalke (C), Bayern (F), Hoffenheim (C), Dortmund (C), Leipzig (F), Augsburg (C), Union Berlim (F)

Provável escalação na reestreia: Kastenmeier – Ayhan, Hoffmann, Suttner – Zimmermann, Stöger, Bodzek, Berisha, Thommy – Karaman, Hennings

Werder Bremen (17° colocado, 18 pontos)

Como vinha no campeonato: Não é de hoje que o Werder Bremen faz esforço para ser rebaixado. Os Verdes até vinham de um bom desempenho na última temporada, mas voltaram a apontar para baixo. Se o primeiro turno já não começou tão bem, com muitos empates, a situação piorou antes do inverno. O time chegou a emendar dez rodadas com nove derrotas, o que invariavelmente o derrubou à zona de rebaixamento. O jovem técnico Florian Kohfeldt se segura no cargo de maneira surpreendente, mas a emergência no Weserstadion é enorme. O time vem sendo péssimo em casa, onde só ganhou um jogo e anotou míseros oito gols em seus 11 compromissos. Os números mais que dobram como visitante, com três vitórias e 19 tentos.

Quem estava se destacando: Milot Rashica não deve ficar por muito tempo no Werder Bremen. O kosovar se salva na equipe e garante pontos essenciais. Anotou sete gols e deu quatro assistências, além de ter feito grandes exibições também na Copa da Alemanha. Um dos mais conhecidos no meio, Davy Klaassen é outro que evita um caos ainda maior no Weserstadion. O elenco ainda tem à disposição os veteranos Nuri Sahin e Theodor Gebre Selassie, bem como Leonardo Bittencourt, destaque na ligação.

Um jogador para ficar de olho: Não tem como fugir da menção a Rashica. Além de jogar muita bola, o kosovar é daqueles caras que tendem a marcar época com a sua seleção. Atua geralmente aberto na esquerda, mas também pode entrar centralizado e até no miolo do ataque. Gosta de driblar e de partir com o campo aberto. Une a isso sua capacidade na definição de média distância e também a precisão nos passes. É uma arma aos contragolpes.

Como a nova realidade pode ajudar ou atrapalhar: O Werder Bremen está localizado em um estado de política rigorosa sobre o coronavírus. Até por isso, o clube demorou mais que os outros a normalizar as suas atividades. Essa espera pode ser uma desvantagem, ainda mais com uma tabela inicial complicada. Com ou sem torcida, o time já vinha mal no Weserstadion. Precisa tirar a diferença para evitar o descenso à segundona. Para aumentar um pouco as esperanças, tem uma partida atrasada contra o Eintracht Frankfurt.

A tabela na sequência da Bundesliga: Leverkusen (C), Freiburg (F), Gladbach (C), Schalke (F), Frankfurt (F), Wolfsburg (C), Paderborn (F), Bayern (C), Mainz (F), Colônia (C)

Provável escalação na reestreia: Pavlenka – Veljkovic, Vogt, Moisander (c) – Gebre Selassie, M. Eggestein, Sahin, Friedl – Bittencourt, Selke, Rashica

Paderborn (18° colocado, 16 pontos)

Como vinha no campeonato: O Paderborn vive a maior gangorra do futebol europeu nos últimos anos. Chegou a ser líder da Bundesliga em sua temporada de estreia, em 2014/15, mas caiu naquela mesma campanha e emendaria outros três descensos. Era para ter chegado à quarta divisão, salvo por um imbróglio judicial do Munique 1860, que o fez seguir na terceirona. Então, foram dois acessos milagrosos até voltar à elite. Com um elenco em constante mudança e jogadores baratos, o novo descenso parecia barbada. A equipe até fez alguma graça na virada dos turnos, mas a salvação parece distante. É um franco-atirador.

Quem estava se destacando: Diferentemente de outros clubes ameaçados, o Paderborn dividia o protagonismo em seu ataque. Streli Mamba é o artilheiro, com cinco gols, enquanto Kai Pröger se mantinha como garçom, acumulando seis assistências. Com passagem anterior pelo clube, Dennis Srbeny veio na janela de inverno e anotou quatro gols em suas primeiras oito aparições. O volante albanês Klaus Gjasula é outro que emenda boas apresentações na elite, assim como o zagueiro Sebastian Schonlau, presente em toda a epopeia do clube desde 2015.

Um jogador para ficar de olho: Luca Kilian passou oito anos nas categorias de base do Borussia Dortmund e fez toda a sua formação no clube, até alcançar o segundo quadro. Sem espaço na equipe principal, o zagueiro de 20 anos preferiu sair e buscar mais minutos na Bundesliga com o Paderborn. Tem feito um bom campeonato e mostra capacidade para seguir na primeira divisão, num clube maior. Alto e forte, também se destaca no combate pelo chão. Porém, volta lesionado à competição.

Como a nova realidade pode ajudar ou atrapalhar: O Paderborn sabia que dificilmente continuaria na primeira divisão. Até por isso, não cometeu qualquer loucura no mercado de transferências e tentará aproveitar o orçamento maior para se estabilizar na segundona durante a próxima temporada. A salvação segue ao alcance, mas não deve ser necessariamente a prioridade. Os nanicos podem fazer caixa com algumas vendas e enfrentar melhor a retração de suas finanças por causa da pandemia.

A tabela na sequência da Bundesliga: Fortuna Düsseldorf (F), Hoffenheim (C), Augsburg (F), Dortmund (C), Leipzig (F), Werder Bremen (C), Union Berlim (F), Gladbach (C), Frankfurt (F)

Provável escalação na reestreia: Zingerle – Jans, Strohdiek, Schonlau, Collins – Vasiliadis, Gjasula, Sabiri – Pröger, Srbeny, Antwi-Adjei

Foto de Leandro Stein

Leandro Stein

É completamente viciado em futebol, e não só no que acontece no limite das quatro linhas. Sua paixão é justamente sobre como um mero jogo tem tanta capacidade de transformar a sociedade. Formado pela USP, também foi editor do Olheiros e redator da revista Invicto, além de colaborar com diversas revistas. Escreveu na Trivela de abril de 2010 a novembro de 2023.
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