Bundesliga

Título de Xabi Alonso no Bayer Leverkusen consagra a nova escola espanhola

Campeão mundial e bicampeão da Europa como jogador, técnico do Leverkusen espelha no time o estilo que ajudou a consagrar

A histórica conquista da Bundesliga pelo Bayer Leverkusen, a primeira do clube em 120 anos de vida, tem um inconfundível sotaque espanhol. O jovem treinador Xabi Alonso, de 42 anos, imprimiu ao Leverkusen um estilo que tem muito do que ele praticava quando jogava e do que marcou a supremacia espanhola no futebol, entre 2008 e 2012.

Xabi Alonso Olano é basco de Tolosa e filho de Miguel Ángel “Periko” Alonso, que disputou a Copa de 1982 pela Espanha e jogou por clubes importantes como Barcelona e Real Sociedad.

Xabi tem pouco do estilo do pai, que era um meio-campista defensivo e pegador. Como jogador, o técnico campeão alemão era o oposto. Elegante, de toques precisos e passes verticais sempre no ponto certo para o receptor. Ganhou o apelido de Cavalheiro pela postura.

Quando jogou, Xabi Alonso foi um ritmista da escola que consagrou seus companheiros Xavi Hernández e Sérgio Busquets. Xavi era mais exuberante, e Busquets teve mais impacto na vida de um time fantástico do Barcelona. Mas na seleção espanhola, principalmente na Euro de 2012. Na Euro de 2008, Xabi era reserva em um meio-campo no qual brilhava o brasileiro naturalizado espanhol Marcos Sena. Em 2010, na Copa do Mundo da África, foi titular em todas as partidas e fundamental para a estabilidade do meio-campo. Assim como na Euro da Polônica e da Ucrânia, em 2012.

Neste período entre 2008 e 2012 a Espanha enterrou a marca da velha Fúria, com um jogo cadenciado e técnico, muitas vezes sonolento, mas extremamente eficiente, apelidado de tiki-taka. 

Como treinador, Xabi Alonso tem pouco mais de quatro anos de carreira, que começou na base do Real Madrid e passou pela Real Sociedad B. Até agora na Bundesliga, conquistada por antecipação, tem números que corroboram sua filosofia de jogo. Média de posse de bola de 63,1%, 88,9% de acerto de passes, 74 gols marcados (média de 2,6) e 19 sofridos. O Leverkusen não teve nenhum jogador expulso até o momento no campeonato.

Não é de hoje que o estilo espanhol tem impacto no futebol alemão. Há alguns nos tive a oportunidade de entrevistar o grande Paul Breitner, um dos maiores laterais-esquerdos da história (mesmo sendo destro), campeão mundial em 1974. Ele trabalhou para o Bayern e para a Federação Alemã. Na ocasião, alguns anos antes da Copa de 2014, ele disse que a Alemanha foi pesquisar o que a Espanha estava fazendo, porque era o time que estava ganhando. O time alemão campeão do mudo no Brasil tinha DNA indiscutivelmente espanhol.

Xabi Alonso foi jogador de Guardiola no Bayern de Munique. Guardiola quando jogava tinha muita coisa de Xabi Alonso. Ambos foram meio-campistas mais recuados, mas que primavam pela boa qualidade do passe no início das jogadas, o que preparava o terreno para uma conclusão de sucesso. 

Outro meio-campista recuado espanhol tem muita coisa de Xabi Alonso quando jogava: o sensacional Rodri, do City (time de Guardiola). Rodri é o principal ritmista do futebol atual. Como se fosse o maior baterista do planeta, ele determina para onde vai o jogo, acelera, desacelera, avança, recua. Geralmente, tudo no tempo perfeito.

O sucesso de Xabi Alonso na Bundesliga, levando um time ao primeiro título de sua história sem contar com grandes craques (o suíço Xhaka e o alemão Wirtz se destacam) é algo que tem potencial revolucionário. Trata-se de um torneio do qual o Bayern foi campeão onze vezes seguidas, antes da chegada do Cavalheiro Basco.

Foto de Mauricio Noriega

Mauricio Noriega

Colunista da Trivela
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