Alemanha também tem excesso da polícia. E por causa de uma bandeira

A polícia brasileira não é a única que se excede quando opera em estádios de futebol. Na Alemanha, um grupo de cem policiais soltou gás lacrimogêneo e atacou torcedores do Schalke 04 durante o playoff da Liga dos Campeões contra o Paok, da Grécia. Por quê? Por causa de uma bandeira.
Segundo um porta-voz da polícia alemã, a bandeira dos torcedores do Schalke, com o símbolo do Sol da Vergina, era “muito ofensiva aos fãs gregos” e as medidas tomadas foram necessárias para “não colocar em risco a vida de pessoas inocentes”. O clube, por sua vez, disse que não entendeu o excesso da polícia. “Isso precisa ser desencorajado. É urgente que tenhamos uma discussão. Esse incidente precisa ser analisado”, afirmou, em comunicado.
O Royal Blues Ultras, torcida organizada do Schalke, é parceiro de um grupo de torcedores do clube macedônio Vardar Skopje e levou uma bandeira antiga da Macedônia, com o símbolo do Sol da Vergina, para provocar os fãs gregos que viajaram até Gelsenkirchen para torcer pelo Paok.
O símbolo é uma estrela que foi desenterrada em 1977 e pertencia ao pai de Alexandre Magno, Philip II da Macedônia, ou ao seu meio-irmão, Philip III. Embora macedônio, Alexandre é reconhecido pela Grécia como um grande disseminador da cultura helênica e o país adotou o Sol da Vergina como um símbolo nacional. Ele é utilizado, por exemplo, nas cartas de habilitação e passaportes.
Quando a Iugoslávia separou-se, em 1991, a recém-fundada Antiga República Iugoslava da Macedônia colocou o Sol da Vergina na sua bandeira nacional, para a irritação dos gregos, e criou uma crise diplomática grave entre as duas nações, pois a Grécia tinha medo de que isso mobilizasse separatistas no território macedônio que fica ao norte, na fronteira com o país vizinho. A resolução veio apenas em 1995, quando a Macedônia aceitou retirar o símbolo da bandeira para reatar relações diplomáticas e econômicas com a Grécia.