Abstenção de Löw e o coleguismo na Bola de Ouro
Que a votação para a Bola de Ouro da Fifa é algo controverso, todo mundo já deve saber. Afinal, técnicos e capitães podem votar em compatriotas, e o que vemos é que a nacionalidade acaba sendo um dos fatores mais determinantes nas escolhas. Joachim Löw é a prova mais recente disso. O técnico da Nationalmannschaft absteve-se de votar no melhor do mundo porque há cinco alemães indicados e os votos seriam revelados após a divulgação do vencedor. O comandante não queria causar qualquer tipo de mal-estar em seu vestiário.
“Ele não conseguiria votar de maneira imparcial, então decidiu se abster. Por um lado, é uma honra para o futebol alemão ter cinco candidatos entre os 23 da lista. Mas, como a Fifa publica os votos, isso coloca o treinador em uma situação difícil”, afirmou Jens Gritter, porta-voz da Associação de Futebol Alemã, ao jornal Bild.
O voto de Joachim Löw poderia perfeitamente ir para um indicado que não tenha nascido na Alemanha, especialmente pelo fato de os principais concorrentes à Bola de Ouro não serem alemães: Cristiano Ronaldo, Lionel Messi e Franck Ribéry. O técnico preferir não votar a ter que escolher alguém que não seja seu compatriota exemplifica perfeitamente como essa votação é feita entre pessoas que têm companheiros de seleção entre os indicados.
A regra anterior, que impedia técnicos e capitães de votarem em jogadores do próprio país, ajudava a diminuir o efeito do “coleguismo” de um capitão votar no seu compatriota só para agradá-lo. Thiago Silva mesmo disse que votou em Lionel Messi, “mas que se pudesse, votaria em Neymar”. Na verdade, com a mudança de regra, ele poderia. Gianluigi Buffon, goleiro da seleção italiana, disse ter votado em Pirlo. Provavelmente veremos mais casos assim nas seleções mais fortes. Em quem será que Philipp Lahm, capitão da Alemanha, irá votar, por exemplo?
No ponto de vista do grupo, a decisão de Löw é acertada, já que escolher um dos cinco alemães como o melhor poderia causar algum tipo de desconforto nos outros quatro. No entanto, ele não é obrigado a computar seu voto a favor de alguém da seleção alemã. É o exemplo perfeito do que há de errado com a pomposa premiação da Fifa. Será que esse é o melhor colégio eleitoral e essa é a melhor regra para eleger quem foi o melhor do mundo no ano?