Zabaleta: A salvação de uma semana ruim

A primeira página do piadístico diário argentino Olé simulava um problema na capa, como se o retângulo em amarelo colado fosse um aviso de escritório: por inúmeros motivos, a edição não pode sair hoje.

Os motivos eram, na verdade, quatro. Adriano, duas vezes, Kaká e Ronaldinho Gaúcho. E mais, especialmente para os torcedores do River, Danilo, Amoroso e Fabão. Apesar bom humor do diário, não era um amanhecer claro na Argentina e, se não fosse uma única conquista, aquela semana de junho teria sido uma tragédia futebolística para os país.

Está certo que não era a seleção principal, como também não era uma semifinal de Libertadores, mas foi bom para nossos vizinhos ver um time conquistando o Mundial sub-20 e eliminando o Brasil com um futebol inteligente, um jogador muito acima da média (que inclusive já esteve nessa seção – Messi) e um meia que vem fazendo o que há muito a Celeste se ressente: liderando o meio-campo com gritos e, com muita propriedade, coordenando o time.

Se a técnica não é seu forte, Pablo Zabaleta responde com muita raça e inteligência tática, posicionando-se bem tanto no ataque quanto na defesa, além de exercer seu comando durante o jogo. Não que ‘Pablito’ seja uma espécie de Cocito ou algo assim – pelo contrário, o jogador tem um belo controle de bola, possui bom jogo de cabeça, conduz a bola com confiança e é capaz de atuar bem na faixa central do campo e tem qualidade suficiente para arriscar belos chutes no ataque, como naquele petardo da entrada da área que eliminou o Brasil na semifinal do sub-20.

Tais características, contudo, o tornariam apenas mais um jogador argentino de bom nível, como tantos outros que se multiplicaram nos últimos tempos e não deram em nada. No entanto, o camisa 8 encarna muito bem o espírito guerreiro e a vontade de jogadores como Simeone e Daniel Passarella que, cada um a sua maneira, marcaram época na seleção celeste, seja pela vontade, seja pela união dessa característica com a técnica.

No entanto, Pablo pode cair num limbo se não colocar limites na sua vontade. No Mundial, o jogador esteve entre os que mais receberam cartões amarelos. E, mesmo no campeonato argentino, faz-se ressalvas em relação a sua violência. Jogando no San Lorenzo desde os 12 anos, o meia é uma referência no setor do time e mesmo jovem já dá declarações, como é a praxe, de que não se interessa pela a mudança de clube, mas se ela acontecer…

Vendo o camisa 8 jogar, a impressão que se tem é que ele verdadeiramente pode ter algo a mais. Tendo em vista que o jogador auxiliou a conquista do segundo lugar com dois gols marcados na final da Copa América sub-17, além de ser um destaque no campeonato mundial da categoria em 2001, Pablo confirma sua vocação para líder. Resta saber se estará à altura do desafio de se consolidar como a referência da seleção principal.

Foto de Equipe Trivela

Equipe Trivela

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