Yo Soy El Diego
Diego Armando Maradona é, realmente, uma personalidade intrigante. Por um lado, dentro dos gramados espalhados pelo mundo, Maradona premiou o planeta com jogadas de um brilho intenso, as melhores e mais belas depois das criadas por Édson Arantes do Nascimento. Por outro, fora dos gramados, Maradona sempre se viu metido em polêmicas e em escândalos onde seu caráter era, constantemente, colocado a prova pelo status quo.
A biografia do ex-jogador, resultado de fatos narrados pelo próprio atleta aos jornalistas Daniel Arcucci e Ernesto Cherquis Bialo, coloca o astro despido para seu público. Tudo revestido, é claro, pela visão ´pouco´ parcial do maior jogador argentino de todos os tempos. Maradona, em suas análises do mundo do futebol, tem o mérito de questionar, e isso fica bem claro no livro, a hierarquia dos dirigentes e empresários que dirigem o esporte no planeta. Todos, sem exceção, são criticados: Havelange, Grondona, José Luiz Nunez (ex-presidente do Barcelona), Corrado Ferlaino (ex-presidente do Napoli) e muitos outros. Para Maradona, essa ´gente´ enriquecia às custas dos jogadores de futebol, os verdadeiros astros do esporte.
Além dos desafetos fora dos campos, o livro relata os inimigos que o ídolo argentino arregimentou em sua carreira futebolística. Alguns deles merecem considerações maravilhosas por parte de Diego. A respeito de Passarella, por exemplo, Maradona pergunta: ´como pode um ex-jogador que colocava fezes nas maçanetas dos quartos dos colegas na concentração cobrar seus atletas que usem cabelos curtos para defender a seleção?´ Até o Rei do futebol, Pelé, foi alvo dos comentários do argentino. Para Diego, ´eu e Pelé poderíamos ter feito muita coisa juntos pelo futebol, pena que ele só pensa em sua carreira política, em ganhar dinheiro e em ser o presidente do Brasil´.
Yo Soy el Diego vale a pena ser lido, não só pelas opiniões e histórias contadas por Diego, um gênio em campo, mas, também, para entender como, muitas vezes, esses atletas não estão preparados para conviver com a glória e com os holofotes que o futebol proporciona. Maradona parece, em alguns instantes, não ter idéia do que é ser Diego Maradona. Em outros instantes, ele extrapola, e se coloca em um papel parecido com o de um Deus. Neste instante, sem nenhuma modéstia, afirma: ´yo soy el Diego, el Diego de la gente´. Pobre Diego. Pobre gente.
