Drogba: Antes tarde do que nunca
Ele é o atual artilheiro da Liga dos Campeões e do campeonato francês. Nos 15 jogos desta temporada, já marcou 13 gols. Seu nome é Didier Drogba, e ele é mais um africano que aparece chamando a atenção no cenário do futebol mundial. Forte e veloz, o jogador tem o estilo parecido com o de Luis Fabiano, atacante do São Paulo. ´´Esse cara não tem medo. Ele é fisicamente impressionante. Se continuar assim, será um dos principais atacantes do mundo´´, afirma o campeão mundial pela França, Stephane Guivarc´h.
Desde que chegou ao Olympique de Marselha, no começo da temporada, Drogba vêm se impondo cada vez mais. Contratado para ser reserva da promessa russa Sytchev, ele ganhou a posição rapidamente, com poucos jogos e muitos gols. Atualmente, ele é a única certeza no ataque da equipe francesa. A outra vaga é disputa por Marlet, Sytchev, Mido e pelo ex-atleta do Goiás Fernandão.
Seu desempenho tem sido importante para manter a equipe como uma das líderes do campeonato francês, atrás apenas do Monaco. Doze jogos bastaram para que Drogba passasse de reserva a uma das maiores esperanças da torcida de conseguir um caneco que não levanta desde 1992.
Mesmo recém-contratado pelo OM, Drogba já é vítima de boatos da imprensa européia. Alguns jornais têm colocado o atleta em equipes inglesas e no Parma, em uma negociação que levaria o brasileiro Adriano à Inter de Milão.
Despertar tardio
Destacando-se apenas aos 25 anos, Drogba teve de ter paciência para conseguir se destacar no futebol mundial. Assim como Cafu, o jogador foi reprovado em muitas ´peneiras´ antes de conseguir um lugar ao sol.
O Guingamp, por exemplo, foi um dos clubes que mais fechou as portas ao jogador da Costa do Marfim. Foram quatro respostas negativas. Depois de muito batalhar, o atacante conseguiu uma chance como profissional no Le Mans, onde jogou duas temporadas. Era a visibilidade que ele precisava. Adivinhem quem foi a equipe que acabou pagando US$ 4,5 milhões pelo jogador? O próprio Guingamp.
Suas três primeiras temporadas como profissional não chamaram muito a atenção. Em 43 partidas, o jogador fez apenas sete gols. No ano seguinte, porém, seus números mudaram radicalmente. Jogando ainda pelo Guingamp, Drogba fez 17 gols em 34 jogos, terminando como o terceiro maior artilheiro da competição.
A temporada atual confirma os bons números obtidos no último campeonato. O jogador – em apenas 12 jogos – já fez os mesmos sete gols que demorou três temporadas para marcar no início da carreira. Além disso, já fez cinco gols na Liga dos Campeões, incluindo um gol no supertime do Real Madrid.
O que chama a atenção é o fato de o jogador ter crescido em todas as temporadas desde que estreou como profissional. Sua média de gols subiu de 0,23 – no primeiro ano – para os 0,86 que vem mantendo na temporada atual.
Com um parafuso a menos
Mas a última leva de jogadores africanos que conseguiram destaque no futebol mundial não se destaca pelo profissionalismo e pela cabeça no lugar. Martins não consegue se firmar na Inter e parece ter entrado em atrito com seu novo treinador. Kallon foi pego no antidoping. Diouf foi multado por cuspir em um torcedor do Celtic há dois meses e segue inseguro no Liverpool. Com Drogba, a situação não é muito diferente.
O jogador foi expulso em recente partida de sua equipe, depois de não conseguir se controlar frente a uma provocação de Basto. A principal razão da expulsão, segundo o próprio jogador explica ao site da equipe em que atua, foi o fato de começar a partida no banco de reservas. ´´Eu me senti terrivelmente impotente no banco e, quando entrei em campo, canalisei minha energia de forma errada´´, explica.
Se quiser confirmar a previsão de Guivarc´h e se tornar um atacante de renome no cenário mundial, Drogba tem que aprender a controlar seus impulsos. Principalmente porque, com 25 anos, já não é mais nenhum menino. Ele também terá que conseguir ter a cabeça no lugar se os gols começarem a rarear porque, em uma equipe com tantos atacantes de bom nível, qualquer descuido pode lhe custar a posição.