Olimpíadas

Ouro da Espanha prova que o futebol também pode escrever grandes histórias olímpicas

Duelo entre franceses e espanhóis teve de tudo e mais um pouco, e terminou com um herói improvável

A final olímpica do futebol masculino teve de tudo e mais um pouco: frango, apagão, golaço, virada, raça, empate no último minuto do tempo regulamentar, redenção e herói improvável. A verdade é foi um jogaço, digno da medalha de ouro.

Na tarde desta sexta-feira (9), a Espanha venceu a França por 4 a 3, no Parque dos Príncipes, em um confronto cheio de reviravolta e, pela segunda vez, na história, levou a medalha de ouro.

Os gols espanhóis foram marcados por Fermín López, duas vezes, e Alejandro Baena, ainda no primeiro tempo, e Sergio Camello duas vezes na prorrogação. Pelo lado Francês, Enzo Millot fez no primeiro tempo, Maghnes Akliouche e Mateta fizeram na segunda etapa.

Como foi o jogo entre França e Espanha na decisão do futebol masculino

Já era de se esperar que os primeiros minutos da decisão entre França e Espanha seriam de pressão dos donos da casa. Empurrados pelos quase 50 mil torcedores no Parque dos Príncipes, os franceses abriram um placar em um lance que facilmente poderia se confundir com um dos episódios de Super Campeões, animação de sucesso no fim da década de 1990.

A verdade é que o lance também dá para dizer que foi um frangaço histórico do goleiro espanhol Arnau Tenas, mas vamos manter a referência de Tsubasa e seus amigos para aliviar o goleiro campeão, que fez defesas algumas importantes.

A jogada não parecia perigosa à primeira vista – a França tentou chegar com um lançamento cortado pela defesa da Espanha. A bola, então, sobrou para Enzo Millot, meio-campista do Stuttgart, da Alemanha.

Apesar da liberdade que teve quando viu a bola chegando em sua direção, Enzo estava quase sem ângulo na lateral da grande área. Ainda assim ele optou por arriscar e seu bem. A bola fez uma curva que enganou completamente o goleiro espanhol e foi parar no fundo das redes para abrir o placar aos 10 minutos.

O futebol olímpico masculino estava se encaminhando de final épica para os franceses. 1 a 0 em casa, torcida empolgada e time muito perto da segunda medalha de ouro.

Mas aí a zaga francesa, que até então só tinha levado um gol durante toda Olimpíada (na vitória por 3 a 1 na semifinal contra o Egito), sofreu um apagão de 10 minutos e jogou fora a vantagem no placar e o sonho de conquistar o seu segundo ouro olímpico.

E a reação dos visitantes começou no melhor estilo espanhol: paciência e toque de bola.

Entre o primeiro toque e o último toque na bola, o do atacante Fermín López, que empurrou para as redes do goleiro Guillaume Restes, foram 2 minutos e 42 segundos de posse, com 26 passes. A bola saiu de pé em pé, da defesa ao ataque, até encontrar o camisa 10 Alejandro Baena, que deixou Fermín livre dentro da área para vencer o goleiro, aos 17′.

Apenas 6 minutos também veio a virada. E novamente com Fermín López. A jogada começou na esquerda quando Juan Miranda cruzou na área. Abel Ruíz meteu a cabeça na bola, mas Restes espalmou. O rebote do goleiro francês caiu nos pés do artilheiro, que só completou para as redes e garantiu a virada.

A torcida espanhola ainda comemorava o segundo gol quando o terceiro gol saiu – e foi um baita golaço. Três minutos após virar o jogo, Alejandro Baena cobrando falta como manda o manual ampliou a vantagem.

De caçador a caça: França busca empate na raça (e no vacilo espanhol)

Com 3 a 1 no placar, a Espanha voltou do intervalo com a clara intenção de apenas esperar o apito final para comemorar a sua segunda medalha de ouro no futebol masculino nos Jogos Olímpicos. Afinal, quem precisava correr atrás do prejuízo eram os franceses.

O problema é que a seleção espanhola não combinou muito bem esse roteiro com a França.

Na segunda etapa, a Espanha passou de caçador a caça em 45 minutos. O time, que antes dominada todas as ações do jogo, passou a ser encurralado no seu campo de defesa e só conseguia respirar nos contra-ataques.

Apesar disso, conseguiu suportar bem a pressão francesa por 35 minutos, até que o segundo gol francês, anotado Maghnes Akliouche, colocou fogo no jogo. Em uma falta na lateral da área, Olise mandou na área e meio campista do Mônaco diminuiu o placar.

Apesar da pressão, o jogo ia chegando ao fim e a Espanha ainda estava na frente. Até que aos 45 minutos do segundo tempo, o meio campista Adrián Bernané, que entrou no segundo tempo no lugar do artilheiro Fermín López, puxou Kalimuendo dentro da área em um lance bem controlado e cedeu o pênalti convertido por Mateta para empatar o jogo e levar para a prorrogação.

De vilão a herói: Bernané se redime por pênalti e garante ouro espanhol

Bernabé entrou em campo para substituir Fermín López, que havia marcado duas vezes na final. Nos pouco mais de 20 minutos que teve no segundo tempo, cometeu o pênalti que levou o jogo para a prorrogação.

Mas como estamos nas Olimpíadas, Adrian Bernabé mostrou que não há tempo para lamentar e a superação é sempre possível. Logo no começo do primeiro tempo da prorrogação, o meio-campista fez a jogada que definiu a final.

Sergio Camello foi o herói da Espanha no título. Foto: Icon Sport
Com dois toques na bola, Sergio Camello entrou na prorrogação e virou o herói da Espanha no título. Foto: Icon Sport

No meio-campo, ele recebeu passe nas costas dos volantes e com um passe sutil enganou três defensores para encontrar, com um passe fenomenal, o atacante Sergio Camello, que finalizou com uma cavadinha para desempatar. E antes do final do jogo, o próprio Camello ainda teve tempo de fazer mais um, para colocar números finais ao jogo.

Um herói improvável, que só entrou em campo porque o seu companheiro, Samuel Omorodion, foi cortado às vésperas da decisão. Nada mais Olímpico que isso.

Foto de Márcio Júnior

Márcio JúniorRedator de esportes

Baiano formado pela Faculdade Regional da Bahia. Cobriu de carnaval a Copa do Mundo na TVE Bahia, onde venceu o prêmio de reportagem do mês. Passou pela ALBA, Rádio Educadora, Superesportes e Quinto Quarto antes de se tornar repórter na Trivela.
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