Olimpíadas

Marrocos é a melhor notícia no futebol de seleções

Paixão e entrega dos africanos empolgou na Copa e na Olimpíada.

Dá gosto ver o Marrocos jogar. Foi assim na Copa do Mundo do Catar, quando os marroquinos levaram uma seleção africana e árabe pela primeira vez a uma semifinal. Os marroquinos terminaram em primeiro no grupo F, à frente de Croácia e Bélgica, e deixaram pelo caminho favoritos como Espanha e Portugal.

Liderados pelo craque Achraf Hakimi, do PSG, e empurrados por uma torcida apaixonada, os marroquinos seduziram torcedores pelo mundo jogando um futebol alegre, ousado e vistoso. Chamou a atenção o fato de 14 jogadores do elenco de Marrocos na Copa terem nascido em outros países. Entre eles o próprio Hakimi, que nasceu em Madri, fez a base no Real e optou por ser marroquino no futebol de seleções. Outro destaque no Mundial, o goleiro Yassime Bonou, o Bono, nasceu no Canadá.

O sucesso do futebol marroquino é fruto de um trabalho de uma década, patrocinado pelo rei Mohamed IV, um entusiasta do esporte. Ele bancou a construção de uma moderna academia de futebol que leva seu nome, na cidade de Rabat. A estrutura oferecida foi decisiva para que muitos jogadores de origem marroquina nascidos fora do país optassem por defender a seleção africana.

Nos Jogos de Paris, os três jogadores acima de 23 anos permitidos que o Marrocos convocou foram Hakimi, o goleiro Munir Mohamedi, que joga no Al Wehda, da Arábia Saudita; e o atacante Soufiane Rahimi, do Al Ain, dos Emirados Árabes Unidos. A lista de 18 jogadores conta com apenas quatro que atuam no Marrocos: o goleiro Ghanimi, os zagueiros Nakach e Tahif e o atacante Maohoub.

Embora tenham perdido para a Espanha na semifinal, os marroquinos entusiasmaram novamente. O estilo leve e ousado que beira a irresponsabilidade, os dribles e a velocidade tornam a experiência de ver o Marrocos jogar algo extremamente agradável. A disputa com o Egito pela medalha de bronze abre mais uma janela de oportunidade histórica para ambos: a primeira medalha olímpica. O time egípcio é treinado pelo brasileiro Rogério Micale, campeão olímpico de 2016 com o Brasil. 

Marrocos vai enfrentar o Egito de Micale na disputa da medalha de bronze (foto: Iconsport)

Marrocos foi o primeiro adversário da Seleção Brasileira após a Copa de 2022. Em amistoso realizado em Tãnger, no Marrocos, em 25 de março de 2023, os marroquinos venceram por 2 a 1. Foi a primeira vitória do Marrocos sobre o Brasil na história, no terceiro confronto. Talentos como Hakimi, Boufal e Amrabat mostraram que o entusiasmo do Catar seguia vivo. 

Na Copa Africana de Nações de 2023, disputada em 2024, o Marrocos foi eliminado pela África do Sul nas oitavas-de-final. O bom desempenho em Paris projeta uma participação melhor em 2025, quando o torneio será disputado no Marrocos. 

Em um futebol marcado pela mesmice e que teve edições pouco empolgantes da Copa América e da Euro, o Marrocos surge como uma lufada de ar fresco no deserto de ideias.

Olho neles!  

Foto de Mauricio Noriega

Mauricio Noriega

Colunista da Trivela
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