Uruguai faz La Plata virar Montevidéu e arranca vitória sobre a Itália para ser campeão mundial sub-20
Pela primeira vez em sua história, o Uruguai consegue o título mundial da categoria sub-20 em um torneio disputado na vizinha Argentina e com apoio massivo na final

O Uruguai viveu um dia de glórias. O Estádio Ciudad de La Plata foi convertido em uma versão do Centenário, como se estivesse em Montevidéu, para uma decisão de Copa do Mundo. Uma Copa do Mundo sub-20, que foi dura, sofrida, mas que acabou com a vitória do Uruguai por 1 a 0, em um lance no final do jogo, que garantiu a taça. A Celeste é campeã do mundo sub-20 pela primeira vez em sua história.
Tanto Uruguai quanto Itália chegaram à decisão com ares de ineditismo no ar. Qualquer um deles seria um campeão inédito do torneio. A Itália sequer tinha chegado à final do torneio. O Uruguai tinha sido finalista duas vezes, em 1997 e em 2013.
As campanhas também traziam grandes momentos. O Uruguai estreou com uma goleada por 4 a 0 sobre o Iraque, depois perdeu da Inglaterra por 3 a 2 e venceu a Tunísia por 1 a 0. Nas oitavas de final, venceu Gâmbia por 1 a 0, derrotou os Estados Unidos por 2 a 0 nas quartas de final e bateu Israel na semifinal também por 1 a 0.
A Itália começou com uma vitória enorme sobre o Brasil por 3 a 2, depois de abrir vantagem por 3 a 0 ainda no primeiro tempo. Depois, perdeu da Nigéria por 2 a 0 e venceu a República Dominicana por 3 a 0. Nas oitavas de final, fez um clássico de camisas pesadas contra a Inglaterra e venceu por 2 a 1. Nas quartas, venceu a Colômbia por 3 a 1. Na semifinal, venceu a Coreia do Sul por 2 a 1.
O jogo em si foi muito prejudicado pela péssima qualidade do gramado do Estadio Ciudad de La Plata, o que, aliás, foi uma marca do torneio. A Argentina tem estádios incríveis, que permitiram uma proximidade maravilhosa com a torcida. Só que ao mesmo tempo, o que se viu, especialmente neste estádio de La Plata, é que a qualidade do gramado ficou muito prejudicada, o que sempre influencia o futebol jogado também.
Na decisão, a expectativa era enorme dos dois lados, mas nas arquibancadas, só dava Uruguai. A torcida uruguaia aproveitou a proximidade do país-sede para encher o estádio e quase todos os 40 mil presentes estavam torcendo pelo país sul-americano.
Empurrado pela arquibancada, o Uruguai foi quem mais tentou o gol desde o início. A Itália pareceu acuada em diversos momentos. Teve muitos problemas na saída de bola no 4-3-1-2 armado pelo técnico Carmine Nunziata. Alguns dos destaques do time, como o meia Cesare Casadei, Tommaso Baldanzi e Simone Pafundi, tiveram atuações apagadas.
Fabricio Díaz assustou em um chute de fora da área logo no começo do jogo. Depois, Anderson Duarte deu uma cabeçada precisa em cruzamento de Fabricio Diaz, mas o goleiro Sebastiano Desplanches fez uma grande defesa. Foram os melhores momentos do primeiro tempo do Uruguai, que tinha um domínio territorial, com uma Itália sem conseguir atacar, mas se defendendo bem.
Só mesmo aos 40 minutos do segundo tempo que o cadeado italiano foi quebrado. Em cobrança de escanteio, a bola ficou em um bate-rebate danado até sobrar no alto, na segunda trave, para Luciano Rodríguez, que tocou de cabeça para a rede e saiu para o abraço: 1 a 0 para os Charrúas. O gol foi checado pelo VAR e a demora foi agonizante, mas no fim a confirmação foi quase como uma segunda comemoração.
Foi um gol especial porque Luciano Rodríguez estava voltando de suspensão. Ele foi expulso de maneira bastante questionável no jogo contra Gâmbia, nas oitavas de final, em um lance que o seu adversário fez a falta puxando a camisa e depois caiu no chão como se tivesse tomado uma cotovelada. Ele acabou expulso por agressão e recebeu dois jogos de suspensão. Só voltou para esta final e acabou sendo decisivo.
Apesar dos minutos finais de uma tentativa italiana de ir para cima com o que tinha, a Azzurra, que não conseguia se organizar ofensivamente, ficou ainda menos organizada. Não parecia haver força dos italianos para buscar o resultado. O apito final decretou o fim do jogo e o início de uma festa.
O Uruguai termina como campeão e com uma estatística curiosa do seu goleiro: Randal Rodríguez não sofreu gols em seis jogos na competição, o que o torna apenas o terceiro goleiro a conseguir o feito depois de Christopher Toselli, do Chile, em 2007, e Mika, de Portugal, em 2011. Os dois anteriores não tinham sido campeões, mas Rodríguez foi.
No Uruguai, alguns nomes mostraram muita qualidade e já estão inclusive no time principal do Uruguai que vai disputar os primeiros jogos sob o comando de Marcelo Bielsa nesta semana. O goleiro Randal Rodriguez, do Peñarol, estará no elenco do argentino, assim como o zagueiro Sebastián Boselli, que atua no Defensor Sporting. Assim como Fabricio Díaz, um meio-campista que brilhou e é do Liverpool-URU. Anderson Duarte, Luciano Rodríguez e Mateo Ponte, outros jogadores do elenco, também estão na lista de Bielsa.
A Itália deixa o torneio com a sensação amarga de uma derrota. Ainda assim, há pontos positivos. Cesare Casadei termina como artilheiro do campeonato, com sete gols. O jogador do Chelsea, recentemente contratado junto à Inter de Milão, é um nome bastante promissor que tem boas chances de aparecer no time principal em breve. Simone Pafundi, outro que brilhou, é jogador da Udinese e já tem jogado pelo clube e deve ganhar espaço pelo ótimo desempenho que mostrou.