Japão evoluiu demais e vai incomodar muita gente

Se você acha que o Japão continua sendo aquele time tosco dos anos 1990 que se enrolava com a bola, abusava da correria, pare já. Caso você não tenha visto nada da seleção de Alberto Zaccheroni ou tenha tomado a atuação discreta contra o Brasil como base, volte ao título e releia.
Senhores, a cara nova do Japão é esta que sofreu um injusto 4 a 3 perante a Itália. Um time que se adapta às novas tendências táticas e que tem jogadores realmente talentosos foi o que se apresentou diante dos italianos. Uma equipe física, bem armada e inteligente para sair no contragolpe. Durante a primeira meia hora de jogo essa foi a tendência e especialmente no fim do segundo tempo da Arena Pernambuco os japoneses colocaram a defesa italiana em absoluto terror.
Desde agosto de 2010, todo o planejamento da seleção estava prestes a mudar, com a chegada de Zaccheroni ao comando. Um time que já estava se livrando das limitações técnicas e que mostrava boa margem de crescimento, sem falar em Keisuke Honda, meia insinuante que despontou muito bem na Copa daquele ano.
Com a bola nos pés, o Japão sabe se comportar muito bem e não parece se apequenar diante de grandes adversários. O bom trabalho dos laterais Uchida e Nagatomo, a condução de Hasebe e o talento de Honda e Kagawa certamente tornam os japoneses adversários complicados. Okazaki completa o setor ofensivo com bom cabeceio e agilidade para encontrar alternativas dentro da área.
A proposta de Zaccheroni é tentar encurtar o espaço dos adversários na criação e sair em velocidade para pegar a defesa adversária desprevenida, de preferência indo até a linha de fundo. Quando enfrenta oponentes de igual para igual, o Japão leva vantagem nos minutos finais do jogo por estar conservado fisicamente. E essa é uma receita que vem sendo trabalhada pela comissão técnica: os nipônicos serão sempre os últimos a cansar.
A se lamentar fica o fato da seleção mais intensa até aqui na competição ter dado adeus antes da fase final. Passam Brasil e Itália, que carregam sua tradição e uma reconhecida capacidade de superar azarões. Mas eles que não esqueçam que o Japão está chegando e jogando uma bola no mínimo louvável.
Para 2014, os japoneses não serão apenas figurantes ou uma daquelas seleções que participam apenas para chegar nas oitavas de final.