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Nunca se ganhou tanto dinheiro com futebol e isso não exatamente uma boa notícia

Clubes gastaram cerca de 888 milhões de dólares (R$ 4,3 bilhões) só em taxas; futebol feminino também alcançou marca econômica inédita

O mercado de transferências do futebol atingiu um novo recorde financeiro em 2023 – aliás, que baita ano em números $$. Segundo relatório publicado pela Fifa, os clubes gastaram cerca de 888 milhões de dólares (R$ 4,3 bilhões) só em taxas para intermediários, enquanto o futebol feminino pagou mais de 1 milhão de dólares (R$ 4,9 milhões) em taxas a empresários, algo até então inédito para a modalidade.

As novas estatísticas da entidade máxima do futebol apontam para um aumento de 42,5% no total de taxas pagas este ano, com a Premier League sendo a líder de arrecadação (esse ponto já não é tão novidade assim). A primeira divisão da Inglaterra foi responsável por mais de um quarto de todos os gastos com agentes, com simplesmente 280 milhões de dólares (R$ 1,3 bi).

Já a Arábia Saudita, que ganhou as manchetes dos jornais pelo mundo por sua campanha de “recrutamento” de grandes nomes, gastou nada menos do que 86 milhões de dólares (R$ 420 mi) só em taxas. A Liga Saudita recruta agentes apenas para serem facilitadores nas compras de jogadores, e não garantirem essas vendas.

O Relatório de Agentes de Futebol em Transferências Internacionais da Fifa identifica as taxas gastas e o número total de transferências internacionais realizadas durante o ano fiscal. Os números mostram que o crescimento dos negócios envolvendo agentes foi de 8,4% em 2023, correspondendo a 15,4% de todas as transferências. Mais um recorde de cifras.

FFAR: novo regulamento não impede super lucro

Os valores surreais surgem mesmo no fim de um ano em que a Fifa introduziu novos regulamentos para agentes, o Regulamento de Agentes de Futebol (FFAR). As novas regras limitam as comissões desses empresários e garantem que as taxas de serviços sejam custeadas pelos próprios atletas representados, não mais pelos clubes envolvidos nas transações. 

A nova regulamentação também altera os incentivos dos agentes, penalizando as transferências abusivas – por assim dizer -, mas recompensando aqueles que garantem  estabilidade aos seus clientes, uma vez que comissões agora estão vinculadas aos salários e não mais às vendas. Esse ponto específico tem o objetivo de impedir que os agentes pressionem os jogadores para trocar de clube mesmo contra a sua própria vontade, apenas por conta do lucro via comissão.

O FFAR também procurou impor novos limites aos valores das taxas que qualquer empresário poderia receber. Mas uma série de processos jurídicos desafiaram com sucesso os limites, com um tribunal independente na Inglaterra publicando seus motivos para derrubar a nova regra.

O tribunal concluiu que a introdução de um limite máximo de taxas iria contra a lei da livre concorrência no território inglês. Introduzir um limite máximo foi motivado pelo medo de que os valores das taxas pagas aos agentes fossem muito altos, especialmente em comparação à situação econômica para sustentar o fair play financeiro da liga.

Depois de terem sido levantadas dúvidas quanto à legalidade de tal medida, a Fifa passou a defender o limite como forma de prevenir a “falha do mercado”, ao “reduzir o incentivo pecuniário dos agentes para estimular a atividade de transferência”. Por fim, o tribunal definiu que “não foi capaz de discernir qualquer ligação justificável entre o limite máximo das taxas e os alegados abusos e falhas de mercado.”

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