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Campanha da Inglaterra para ser sede de 2018 só ataca a credibilidade das suas críticas à Fifa

Não existe federação nacional mais crítica à Fifa do que a inglesa. Muito antes de virar moda, a FA tem sido uma forte opositora da entidade, afundada até o pescoço entre denúncias de corrupção. Espera-se que troque o discurso pelas ações e apresente um candidato na próxima eleição para presidente, agora que Blatter renunciou e a impressão é que qualquer um pode vencer. Posição louvável, mas deveria parar de se colocar como destino da Copa do Mundo de 2018, caso a Rússia perca o direito de sediá-la, dependendo das investigações do FBI.

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Imprensa e dirigentes do futebol inglês estão fazendo exatamente isso. Não falam com todas letras que querem roubar o Mundial para si, mas adotam o discurso “se precisarem, estamos prontos”. Após a renúncia de Joseph Blatter, os jornais Independent e Metro publicaram que o país é o favorito para substituir a Rússia. As fontes são as casas de aposta, que não levam em conta a política da Fifa, mas o volume de operações.

Fosse apenas isso, tudo bem, mas personagens importantes estão com a mesma postura. Um porta-voz da FA, ao ser questionado se a Inglaterra poderia receber o Mundial, disse que “absolutamente poderia”, antes de responder que isso provavelmente não aconteceria. O técnico da seleção Roy Hodgson acredita que os ingleses fariam uma “excelente Copa do Mundo”. O presidente da FA, Greg Dyke, disse que “Rússia e Catar não deveriam se sentir muito confortáveis”.

O prefeito de Londres, Boris Johnson, seguiu pela mesma linha ao dizer que a sua cidade já está pronta para ser sede dos jogos, se precisar. “A candidatura inglesa para 2018 merecia muita consideração. Se for provado que a corrupção impediu que o processo fosse justo, a votação deveria ser refeita”, afirmou, e depois repetiu o discurso em entrevista ao Guardian.

Um apoio forte veio da Suécia. O ex-presidente da Uefa e opositor de Blatter na sua primeira eleição, Lennart Johansson, gostaria de ver os inventores do futebol sediando o Mundial de 2018. “Eles não fazem isso desde 1966 e são considerados os pais do futebol. Merecem”, afirmou.

Os ingleses não estão falando que a Inglaterra, de fato, sediará a Copa do Mundo no lugar da Rússia, ou mesmo do Catar, nem estão agindo para que isso aconteça, até onde se sabe. Mas a ânsia de se colocar como o destino natural dos torneios, caso eles mudem de local, apenas ataca a credibilidade das críticas que sempre fizeram à Fifa. Afinal, alimentam os adeptos de teorias da conspiração que acham que a Inglaterra não quer um futebol limpo, apenas sonha em ganhar o Mundial no tapetão.

Todos sabem que a Inglaterra é um dos poucos países que poderia organizar uma Copa do Mundo em curto prazo. Não precisa reforçar isso toda hora.

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Foto de Bruno Bonsanti

Bruno Bonsanti

Como todo aluno da Cásper Líbero que se preze, passou por Rádio Gazeta, Gazeta Esportiva e Portal Terra antes de aterrissar no site que sempre gostou de ler (acredite, ele está falando da Trivela). Acredita que o futebol tem uma capacidade única de causar alegria e tristeza nas mesmas proporções, o que sempre sentiu na pele com os times para os quais torce.
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