Antes do Mundial, torcedores do LAFC protestam contra repressão à imigração de Trump
Partida da MLS vira palco de manifestação política após ações do Serviço de Imigração provocarem tensão nas ruas de LA

No último jogo antes da disputa do Mundial de Clubes, a notícia no BMO Stadium, em Los Angeles, foi muito além das quatro linhas no último domingo (8). A vitória do LAFC por 3 a 1 sobre o Sporting Kansas City, pela MLS, foi acompanhada de protestos contundentes da torcida contra o governo do presidente americano Donald Trump.
Os protestos foram relacionados a repressão à imigração promovida pelo governo dos Estados Unidos desde o início do segundo mandato de Trump. Durante a semana anterior ao jogo, a cidade de Los Angeles foi palco de uma série de operações conduzidas pelo Immigration and Customs Enforcement (ICE, “Serviço de Imigração e Controle de Aduanas”, em tradução livre).
As batidas imigratórias geraram indignação generalizada, especialmente após a decisão do presidente dos EUA de enviar dois mil soldados da Guarda Nacional à cidade para, segundo ele, “restaurar a ordem”, mesmo diante da oposição do governador da Califórnia, Gavin Newsom, que chamou a ação de “alarmante abuso de poder”.
Conforme o jornal “LA Times”, houve ao menos 27 prisões durante a repressão aos protestos que aconteciam nas ruas da cidade.
LAFC apoia chegada de imigrantes em meio ao Mundial
Em meio ao clima de tensão, os torcedores do LAFC fizeram questão de se posicionar. Pouco antes do início da partida, faixas foram estendidas nas arquibancadas com mensagens claras: “Abolir o ICE” e “Imigrantes são o coração de Los Angeles”.

A manifestação não passou despercebida, e jogadores também demonstraram solidariedade. Após o apito final, o atacante Jeremy Ebobisse, um dos atletas mais engajados da liga em causas sociais, comentou sobre a situação:
“O que está acontecendo em Los Angeles não é normal, e não podemos tratar como se fosse. Tem sido um momento doloroso para a cidade. Eu moro no centro, e vi e ouvi o que está acontecendo. Parte o coração testemunhar as ações duras que estão ocorrendo em nossas ruas.”
Antes da partida, o próprio Los Angeles FC divulgou uma nota oficial se solidarizando com a população atingida pelas ações do ICE. O comunicado ressaltou o compromisso do clube com a diversidade e a proteção das comunidades locais:
“O LAFC acredita que a verdadeira força de nossa comunidade vem das pessoas e culturas que formam o tecido desta bela e diversa cidade. Hoje, enquanto muitos em nossa cidade experimentam medo e incerteza, o LAFC está lado a lado com todos os membros de nossa comunidade. Estamos com vocês, Los Angeles.”
Protestos se espalham pela MLS
O protesto em Los Angeles não é um caso isolado na MLS. No mês passado, em Nashville, o grupo de torcedores “La Brigada De Oro”, formado por latino-americanos que apoiam o Nashville SC, boicotou uma partida do clube em protesto contra ações similares de repressão imigratória.
Na ausência do grupo, outros torcedores exibiram cartazes com a mensagem bilíngue: “Não estamos todos aqui/Not all of us are here”, em uma referência à ausência forçada de imigrantes vítimas da repressão.
📂 LAFC vs SKC pic.twitter.com/ykjMqaUK0J
— LAFC (@LAFC) June 10, 2025
A MLS, que sempre se destacou por sua base multicultural, enfrenta agora o desafio de se posicionar diante de um momento de instabilidade política e social — curiosamente, em meio à chegada de diversos torcedores de outros países por conta da Copa do Mundo de Clubes.
Após superar o playoff diante do América do México, o LAFC está no Grupo D do torneio, que ainda conta com Flamengo, Chelsea e Espérance. Sua estreia será contra os Blues, na próxima segunda-feira (16).