Mundial: Último encontro com peça-chave do Inter Miami causou crise em lenda do Palmeiras
Em 1999, Júnior ficou traumatizado com a missão de marcar Beckham

DIRETO DE MIAMI — O Palmeiras enfrenta o Inter Miami, nesta segunda (23), pela terceira rodada da Copa do Mundo de Clubes, o Mundial da Fifa. Uma peça fundamental da equipe dos EUA já cruzou o caminho do clube alviverde no passado. E deixou más lembranças.
Na madrugada de um inesquecível 30 de novembro, em Yokohama, batidas na porta foram ouvidas no quarto de César Sampaio, então capitão do Palmeiras.
Meio chorando, meio com falta de ar, o lateral-esquerdo Júnior relatava que não conseguia dormir e precisava de ajuda.
Sonhava, havia dias, que falhava na marcação. E que o Palmeiras perdia a final do Mundial de Clubes de 1999, ainda em sua versão jogo único entre campeões sul-americanos e europeus, por sua causa.
Terror loiro
O terror de Júnior, vulgo “Nagata”, era um inglês loiro, destro, de 1,83m, que atuava pela direita do meio-campo e ataque do Manchester United. E que disputava com Arce, do próprio Palmeiras, o posto de dono do melhor cruzamento do mundo.
Há dias, Felipão vinha dizendo ao baiano, fundamental para a conquista da Libertadores que classificara o Alviverde para o Intercontinental, a mesma frase:
– Não deixa o Beckham cruzar!
Júnior assistira aos vídeos dos gols do United nascidos de assistências do britânico. Eram muitos. E o lateral do Verdão temia muito acabar contribuindo para a estatística.

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“Tá amarrado”, disse companheiro do Palmeiras
Sampaio, além de capitão, era uma referência religiosa do grupo. Bem como Cléber, seu colega de quarto. A terceira ponta da tríade evangélica era Zinho, o vice-capitão, que foi chamado para a intervenção.
O trio conversava com Júnior, para acalmá-lo. E, em dado momento, os quatro se deram as mãos e oraram. Cléber então colocou as mãos nas pernas do companheiro.
— Ele virou e falou: “Gente, ele tá amarrado, vamos orar mais”! — contou Júnior, entre risos, ao jornalista Edu Menezes, da “ESPN”, em 2023.
Faltou proteção para alguns
Quis o destino, no entanto, que o cruzamento fatal, na noite seguinte, acontecesse do lado direito da defesa verde. E que Marcos, já àquela altura, o grande ídolo daquele time, falhasse decisivamente.
Na tentativa de cortar um cruzamento de Ryan Giggs, o goleiro caçou borboleta. Roy Keane, livre, fez o único gol validado do jogo. Vale sempre lembrar que Alex teve um gol legal anulado.
— O Marcos brinca que rezaram tanto para mim, que esqueceram de rezar para ele — revelou Júnior.
Mesmo tendo passado, e inclusive conquistado um Mundial, com o São Paulo, em 2005, “Júnior Lateral”, como cantava a torcida do Palmeiras, é ídolo no clube.
Muitos torcedores o colocam na seleção do Palmeiras de todos os tempos, muito embora ele dispute a primazia com o também lendário Roberto Carlos.

Beckham foi de craque a dirigente
Quando desembarcou, em 2007, no Los Angeles Galaxy, David Beckham tinha um plano. Mais do que um jogador do LA Galaxy, o camisa 7 queria uma oportunidade de negócio.
Nas tratativas com a MLS, que articulou com o Galaxy a sua chegada, David requisitou a oportunidade de ser proprietário de um time quando houvesse expansão futuro no número de clubes. E saiu da sala do CEO da liga com contrato assinado e a promessa de que seria atendido.
E assim foi. Em 2018, o Inter Miami foi fundado no Estado da Flórida, na região do Condado de Miami-Dade, na cidade de Fort Lauderdale.
Beckham divide a propriedade da equipe com os irmão e empresários José e Jorge Mas, donos da MasTec, uma empresa do setor de construção civil. Juntos, trouxeram para a liga de futebol ianque o maior jogador de futebol dos últimos 17 anos.
Lionel Messi, que hoje cruza o caminho do Palmeiras, cumpre nos EUA e no Inter Miami um papel semelhante ao vivido por Beckham há quase duas décadas. Sua atuação como peça de marketing e foco de atração é tão ou mais importante que seu futebol no gramado.