Mundial de Clubes

Diniz confia no estilo de jogo do Fluminense diante do ‘melhor time do mundo’, como define o City

O duelo Fernando Diniz x Pep Guardiola acontecerá nesta sexta-feira (22) e podemos esperar um Fluminense que não abra mão de seu estilo de jogo

Quase todo fã do futebol no Brasil sonhava com um duelo Fernando Diniz contra Pep Guardiola. Seja pela semelhança na vontade de ser protagonista do jogo com a posse de bola ou nas diferenças de atacar – um aglomerando jogadores em um mesmo lado e o outro colocando os atletas para ocupar cada setor no campo. Enfim, o duelo acontecerá, nesta sexta-feira (22), na final do Mundial de Clubes entre Fluminense e Manchester City, e para quem imaginou que o treinador brasileiro poderia abrir mão de suas convicções se enganou.

Na entrevista coletiva às vésperas da decisão, Diniz trouxe o que vemos sempre dele: confiança no estilo de jogo, na forma que vê o futebol, independente do adversário – mesmo que seja o melhor time do mundo, como definiu o City.

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– Primeira coisa que tem que ter é confiança. Era o que eu tinha quando era jogador. É a intenção clara do Fluminense. A gente sabe que vai jogar contra o melhor time do mundo. Eles também sabem que são muito bons. Isso não impede a gente de sonhar e dar nosso melhor. […] O Fluminense vai jogar como alguém que acredita em seus valores e que as coisas são possíveis – afirmou.

Na semifinal, o Flu teve momentos de apuros pelos rápidos e verticais contra-ataques do Al-Ahly e por pouco não viu a equipe egípcia abrir o placar na etapa inicial, na qual foi melhor que os brasileiros. Diniz justificou isso com um nervosismo da estreia da competição, aliado a uma diferença entre os gramados onde treinaram e o do estádio. A dificuldade na primeira partida não significa que o técnico mudará a filosofia, como já reiterou antes.

– O estilo de jogo será mantido [contra o City]. Vamos procurar não errar tanto como erramos contra o Al Ahly. Cometemos muitos erros que não costumamos fazer. Uma das coisas ruins é que o campo de treinamento é muito diferente do estádio. A gente sofreu um pouco para se adaptar no primeiro jogo, erramos também um tanto por conta do nervosismo, um pouco por conta da parte técnica e tática. O campo parece de grama sintética, diferente do que jogamos no Brasil e daqui. A grama aqui é de qualidade no campo de treino, mas muda o técnico do jogo – explicou Diniz.

O que esperar do Fluminense na final? Bom, o mesmo time, de saída apoiada, atacando em bloco, jogadores muito próximos em um mesmo setor para facilitar a troca de passes. A diferença para a partida do Al-Ahly, como disse Diniz, será aprimorar a execução e tornar o erro mínimo – essencial, pois qualquer falha frente ao City é mortal.

– A gente tem o apreço pela bola. Vamos tentar seguir com as nossas características, errando menos. Não é só ter a bola. Isso não resume, pelo contrário. A nossa essência é conseguir se defender bem e ceder poucas chances. Nós não erramos por causa do estilo. A gente errou na execução. Tem que melhorar a execução, se não a gente corre risco de tomar gols contra qualquer time. Gostamos de trocar passes, isso se assemelha [ao City], mas a maneira de construção é bem diferente, como também é bem diferente o orçamento (risos) – finalizou Diniz.

Diniz explica a fala antes da semifinal

Viralizou nas redes sociais a forma como Diniz escolheu as palavras para incentivar o elenco do Fluminense antes da semifinal frente ao Al-Ahly. “Vocês estão prontos para encantar o mundo, não tenham medo. É a nossa chance. É para o mundo inteiro. É a habilitação da favela do Brasil, da pobreza do Brasil, o racismo que tem no Brasil, da exclusão social. A gente joga é por essa p**. Não tenham receio, vocês treinaram a vida inteira para isso”, afirmou, aos berros, ao grupo de jogadores.

O técnico abordou isso na coletiva. Com o olhar sempre para o humano antes do jogador, ele detalhou como o Brasil é desigual e exclui os menos favorecidos, principalmente negros e vindos da favela. O resultado é apenas uma consequência, não define ninguém, disse Diniz.

– Foi uma fala espontânea. Eu sou um brasileiro típico. Miscigenado, com sangue europeu, negro e indígena. Tenho muito orgulho de fazer parte do Brasil, mas é um país que exclui muita gente. Com muita exclusão social. O pobre sempre sofre mais. Quase todos os jogadores sofreram muito. Muitos sofrem ou sofreram racismo, vieram das favelas, e tudo isso está na minha fala. A gente representa isso e a luta que é contra isso, racismo, exclusão social. O futebol é para poucos, mas pode ser para muito mais gente. O Brasil pode usar o futebol como meio de educação, pode usar para pulverizar os valores humanos. É o que tento fazer como treinador, mas deveria estar nas escolas. O futebol para mim não é só um jogo, é uma maneira de viver. Os jogadores do Fluminense não só jogam, mas vivem do futebol. O resultado não define quem é o Fluminense, nunca definiu, nunca deixei que me definisse. Para mim são sempre bons, gigantes e as pessoas que eu acredito ter nascido para poder ajudar – exaltou.

Foto de Caio Blois

Caio BloisSetorista

Jornalista pela UFRJ, pós-graduado em Comunicação pela Universidad de Navarra-ESP e mestre em Gestão do Desporto pela Universidade de Lisboa-POR. Antes da Trivela, passou por O Globo, UOL, O Estado de S. Paulo, GE, ESPN Brasil e TNT Sports.
Foto de Carlos Vinicius Amorim

Carlos Vinicius AmorimRedator

Nascido e criado em São Paulo, é jornalista pela Universidade Paulista (UNIP). Já passou por Yahoo!, Premier League Brasil e The Clutch, além de assessorias de imprensa. Escreve sobre futebol nacional e internacional na Trivela desde 2023.
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