Com influência crescente no futebol, Arábia Saudita sediará Mundial de Clubes 2023 em dezembro
Candidata a receber a Copa de 2030, Arábia Saudita mostra a sua influência e receberá o Mundial de Clubes 2023 em dezembro deste ano, ainda no formato atual
O Mundial de Clubes 2023 será realizado na Arábia Saudita, segundo revelou a Federação de Futebol Saudita nesta terça-feira. O torneio será realizado de 12 a 22 de dezembro, voltando, assim, a ser realizado no fim do ano, no mesmo formato do que foi este ano, ou seja, com sete clubes. O país era o mais cotado para receber o torneio e já foi o maior patrocinador da Fifa na edição 2022, disputada neste mês de fevereiro. É mais um passo nos planos sauditas de sediar a Copa 2030 – e, mais do que isso, de ter poder.
A decisão foi tomada no Conselho da Fifa neste dia 14 de fevereiro, dois dias após a vitória do Real Madrid sobre o Al Hilal na final do Mundial de Clubes de 2022, o primeiro clube saudita a chegar à decisão do torneio. O país tem investido muito em futebol: o governo do país comprou o Newcastle, em outubro de 2021.
O Al Hilal, um gigante no país e continental, conquistou o título da Champions League da Ásia em 2021 (e foi assim como representante ao Mundial de 2022, porque a edição atual da competição continental só acaba em maio). Além disso, o Al Nassr contratou o atacante Cristiano Ronaldo, uma estrela mundial.
O fato do presidente da Federação Saudita de Futebol (SAFF), Yasser Al Misehal, foi eleito para o Conselho da Fifa, algo que não dá para separar do crescente poder e influência que os sauditas ganharam junto à Fifa. Os sauditas, é bom dizer, estavam dispostos a financiar a ideia da Fifa de expandir o Mundial de Clubes para mais clubes, na época 24. O Conselho da Fifa aprovou, nesta terça-feira, o novo formato do Mundial de Clubes com 32 clubes, a partir de 2025. Não dá para dizer que as coisas não estão ligadas.
“O Mundial de Clubes da Fifa é uma competição especial que entregou muitos momentos incríveis. Não apenas presentou muitas memórias a milhões de torcedores ao redor do mundo, o torneio criou novas rivalidades internacionais e forjou novas amizades dentro do jogo. Agradecemos a Fifa por sua confiança para que possamos entregar uma edição excepcional do evento”, disse Al Misehal, presidente da SAFF.
“O futebol saudita está passando por um crescimento sem precedentes, há uma energia nova e um senso de otimismo graças a uma clara estratégia em todas as áreas do jogo. Atualmente, temos mais jogadores registrados em todos os grupos etários para garotos e garotas do que jamais tivemos. Temos mais técnicos qualificados, mais árbitros qualificados, uma governança melhor e ligas domésticas mais fortes, incluindo a Saudi Pro League. O futuro é brilhante e este torneio é outro ponto alto para ser aguardado, especialmente quando você considera alguns dos jogos e jogadores que dão água na boca”, continuou o dirigente da SAFF.
A Arábia Saudita será apenas o sexto país a sediar o torneio. Em 2000, a primeira edição organizada pela Fifa – e que nunca mais se repetiria naquele formato, até pela falência da ISL, empresa de marketing que organizava o torneio – foi realizada no Brasil. Depois, a partir de 2005, quando a Fifa se uniu com os organizadores da Copa Intercontinental, considerada o Mundial de Clubes, organizou o torneio no Japão, Emirados Árabes Unidos, Marrocos e Catar.
“Estamos honrados e extremamente empolgados em termos a oportunidade de dar as boas-vindas aos principais clubes do mundo e seus torcedores à Arábia Saudita. Muitos torcedores recentemente testemunharam nossa habilidade como país em competir no mais alto nível possível no campo. Agora temos a chance de provar que somos anfitriões do mais alto nível. Estamos ansiosos para mostrar o nosso amor genuíno ao futebol e nosso desejo de ser uma força para o bem”, afirmou o ministro do esporte da Arábia Saudita, Príncipe Abdulaziz bin Turki Al Faisal.
“Hoje é outro passo importante na nossa jornada de transformação no futebol e como país e acredito que todos os envolvidos irão ver por si mesmos um progresso inegável feito em muitos níveis diferentes. Nós sediamos esportes internacionais pela simples razão que acreditamos verdadeiramente no poder do esporte para inspirar garotos e garotas, criar novas conexões e construir novos relacionamentos. Isso significa muito para nosso povo onde 70% estão abaixo de 35 anos e são absolutamente obcecados por futebol”, continuou o ministro do esporte.
A Arábia Saudita irá sediar também a Copa da Ásia, torneio continental da AFC, em 2027, além da Copa da Ásia Feminina de 2026. É uma demonstração do quanto o país tem investido, não só em dinheiro, mas politicamente em conseguir força. Vale lembrar que estrelas mundiais são embaixadores da candidatura saudita, como Lionel Messi, campeão do mundo na Copa do Catar.
Os sauditas destacam que foi criada uma liga feminina saudita de clubes, com oito equipes. Seguindo dados da Federação Saudita de Futebol (SAFF), mais de 200 mil garotas praticam o esporte toda semana e 50 mil participam das escolas de futebol da liga.
O país está em plena campanha não só pela Copa do Mundo de 2030, mas por mudar a sua imagem internacional. Receber eventos esportivos e gastar uma fortuna para promover o país como destino turístico é algo que tem sido pauta. O patrocínio saudita no Mundial de Clubes, aliás, foi promovendo o país como destino de turismo. Há um turismo de luxo no país, com hotéis de alto padrão, algo similar, em alguns aspectos, com o Catar e Emirados Árabes Unidos.