Mais que a honra ou a glória, o dérbi da Copa vale a salvação
“Queremos chegar à Liga dos Campeões”. “É lícito que os torcedores pensem em título”. Essas duas frases saíram da boca, respectivamente, de James Pallotta, presidente da Roma, e Vladimir Petkovic, técnico da Lazio, durante a temporada que está prestes a terminar. Lendo-as agora e vendo em que posição os rivais romanos concluíram a Serie A, parecem até piada. Depois do fracasso da temporada, os dois times se enfrentarão no domingo em busca de redenção – e, claro, com o bônus de complicar a vida do rival.
Será a primeira vez que o dérbi romano decidirá uma final de Copa da Itália. Na verdade, os clássicos entre times da mesma cidade são bem incomuns em finais no torneio: foram apenas três, um entre Juventus e Torino, em 1937-38, e outro entre Inter e Milan, em 1976-77. No confronto entre os dois times, historicamente, os giallorossi ainda mantém uma larga dominância, mas, na atualidade, pode-se ver que Roma parece ter uma nova dona: a que veste azul. Nos últimos quatro jogos, a Lazio venceu três e empatou apenas um.
Atualmente, porém, a fase da Lazio não é das melhores – e é pior que a da Roma. A queda de produção da equipe biancoceleste é das maiores que a Serie A teve nos últimos anos. Em janeiro, o time comandado por Vladimir Petkovic era vice-líder do campeonato, com 8 pontos a menos que a Juve. Terminou a temporada com 26 atrás da campeã, depois de segundo turno desastroso.
Sem Klose por boa parte de 2013 e com Hernanes em má fase, o time acumulou 9 derrotas, 4 empates e apenas 6 vitórias no returno, somando apenas 22 pontos. Nada tão vergonhoso como o returno do lanterna Pescara, que somou incríveis dois pontos, mas suficiente para ficar na parte baixa da tabela, caso o campeonato levasse em consideração apenas este período do campeonato. Petkovic, que fazia um excelente trabalho, acabou perdendo a mão e todos os elogios feitos à sua
A Roma, por sua vez, fez um campeonato absolutamente mediano. 6ª colocada no primeiro turno, 7ª no segundo, acabou terminando o campeonato por ali mesmo, na 6ª posição, com um ponto a mais que a Lazio, 7ª. A chegada de Aurelio Andreazzoli, após a 23ª rodada, ajudou o time a se equilibrar e a voltar a disputar uma vaga europeia. Naquela ocasião, a Roma era 9ª colocada e subiu alguns degraus, mas não deu para conquistar algo mais. O interino Andreazzoli conquistou nove vitórias em 15 jogos, mas o time tropeçou contra Palermo e Pescara, que viriam a ser rebaixados, e também contra o Chievo, que nada disputava no campeonato no momento do confronto. Nestes três jogos, o time somou apenas um ponto. Com oito pontos a mais, o time dividiria a 5ª posição com a Fiorentina, e estaria classificada à Liga Europa.
Neste cenário e vendo a sombra de Allegri ganhando força, Andreazzoli está quase certo de que não continuará na Roma na próxima temporada. Porém, não deve voltar ao setor juvenil, onde estava antes, e um título poderia fazê-lo ganhar um espaço que nunca teve no mercado de técnicos do país. Seus maiores trabalhos haviam acontecido em times da quarta divisão, no início do século. Agora, aos 59 anos, ele pode ganhar um novo significado na carreira, caso faça a Roma ganhar a décima Copa da Itália de sua história, se tornando a líder isolada em títulos do torneio – deixaria a Juventus, com 9, para trás.
Ironicamente, é a Copa da Itália que ganha com esta final formada por times que tiveram temporadas tão frustrantes. A copa tem se tornado uma competição cada vez mais inexpressiva dentro do próprio país e não tem o respaldo dos grandes times, que brigam pela Liga dos Campeões, uma vez que não se contentariam com a Liga Europa, e costumam colocar times repletos de reservas até as fases mais avançadas do torneio. Por isso, nada melhor do que um inédito dérbi, valendo uma vaga europeia e ajudando a definir o futuro em jogo para os romanos e seus técnicos.
Pallonetto
– Seleção Trivela da 38ª e última rodada: Júnior Costa (Sampdoria); De Silvestri (Sampdoria), Astori (Cagliari), Mexès (Milan), Gabriel Silva (Udinese); Fernández (Fiorentina), Borja Valero (Fiorentina), Valdés (Parma), Pereyra (Udinese); Ljajic (Fiorentina), Di Natale (Udinese). Técnico: Francesco Guidolin (Udinese).