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Thiago Motta: “O trabalho como treinador é mais gratificante do que como jogador”

Desde os seus tempos de técnico do time Sub-19 do Paris Saint-Germain, na temporada 2018/19, Thiago Motta ganhava diversas menções na imprensa europeia e entre aficionados por tática pelas inovações que buscava promover na equipe, com, por exemplo, sua maneira de enxergar seu esquema tático como um “2-7-2”, lido verticalmente e incluindo o goleiro. A fascinação com que o brasileiro naturalizado italiano fala sobre o ofício de treinador dá a entender que o seu desejo de inovar e de avançar na nova carreira segue intacto, apesar do fracasso em seu primeiro trabalho com uma equipe principal, no Genoa.

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Tendo jogado na equipe italiana em 2008/09, o ex-jogador tinha bons contatos no clube e recebeu a ligação do presidente para assumir o trabalho. Era um desafio duro, a equipe tinha apenas cinco pontos e ocupava a 19ª colocação da Serie A. Ninguém queria aceitar o emprego, mas Motta o encarou, assumindo o comando em outubro de 2019. A aventura durou pouco, o brasileiro foi demitido em dezembro, mas não se arrepende de ter aceitado o convite.

“Eu não lamento nada. De qualquer forma, eu não poderia recusar, a partir do momento em que o presidente me ligou. Outros treinadores não queriam ir, era um momento muito difícil para o clube. Eu tinha jogado lá durante um ano. Se há algo que tenho que lamentar, é a forma como jogamos os três últimos jogos”, afirmou, em entrevista ao jornal francês L'Équipe.

Motta reconhece que tentou implementar um estilo de jogo de saída com a bola que não cabia naquele contexto. “Sair com a bola da defesa nem sempre é fácil com jogadores em dificuldades… Eu poderia ter feito de forma diferente, com menos risco.” A lição de ler melhor as circunstâncias antes de aplicar suas ideias não foi a única da passagem relâmpago.

“Aprendi muitas coisas positivas, em relação às ideias que tinha sobre a gestão de um elenco profissional, sobre a pressão em um clube em crise. Eu tinha algumas ideia sobre essas coisas porque eu era jogador, mas não tem nada a ver. Treinar uma equipe leva o dia todo, você tem que cuidar de tudo fora do campo.”

No Genoa, Motta ainda estava na reta final de sua preparação como técnico. Ele acaba de conclui-la agora, obtendo a licença Uefa Pro, a mais alta possível, durante o período de confinamento, com aulas à distância a partir de Barcelona. Este período de aperfeiçoamento, como ele revela, contou também com um pouco de autocrítica, observando o que havia feito até então em sua trajetória como treinador.

“Segui os cursos para o meu diploma de treinador à distância, de Barcelona, durante duas horas, de manhã e de tarde. Eu também estava entediado. Isso me permitiu refletir sobre o que eu tinha feito e o que eu queria fazer. Eu revi muitas partidas que treinei no Genoa, mas também com a equipe sub-19 do PSG (entre julho de 2018 e junho de 2019). Isso me permitiu cultivar minhas ideias e desenvolvê-las.”

Bastante metódico e com o desejo de controlar diversos aspectos da preparação no dia a dia, Motta detalha um pouco mais de quais ideias estava falando: “A preparação de treinamentos com novas abordagens para ampliar a gama de preparação física, técnica, tática, trabalho específico de posições, durante a semana de trabalho, em preparação para uma partida”.

O futuro próximo do treinador novato ainda é bastante incerto, mas Motta tem certeza de uma coisa: está pronto para assumir um novo trabalho. “Minha ideia é encontrar um trabalho neste verão. Eu quero colocar em prática o que aprendi. Melhorar a cada dia, ficar mais forte a cada dia”, projetou.

No novo ofício, Motta parece encontrar um prazer maior até do que o que viveu como jogador ao longo de 17 anos de carreira: “Eu amo este trabalho, eu até me pergunto se não vou amá-lo mais do que ser um jogador. É mais gratificante”.

“A sensação mais bonita é ver sua equipe se divertindo, ver que os jogadores entenderam a mensagem e que ela é a correta para colocar o adversário em perigo. Estou descobrindo essa sensação, ela é magnífica.”

Foto de Leo Escudeiro

Leo Escudeiro

Apaixonado pela estética em torno do futebol tanto quanto pelo esporte em si. Formado em jornalismo pela Cásper Líbero, com pós-graduação em futebol pela Universidade Trivela (alerta de piada, não temos curso). Respeita o passado do esporte, mas quer é saber do futuro (“interesse eterno pelo futebol moderno!”).
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