Graças a seus técnicos, Inter e Roma reforçam as esperanças
Após duas rodadas, o Campeonato Italiano já teve alguns recados dados. O primeiro deles é que Juventus e Napoli são os grandes candidatos ao título, seguidos pela Fiorentina – as três equipes tiveram atuações muito boas. O Milan, apesar de ter perdido seu primeiro jogo, vem em seguida, e Internazionale e Roma surpreenderam, menos pelos resultados, mas pela solidez demonstrada. As duas equipes mudaram de treinador para a disputa desta Serie A e podem acabar colhendo os frutos.
Com a chegada de Walter Mazzarri, o time de Milão voltou a vencer as duas primeiras partidas do campeonato desde 2004. Mais: o time voltou a não sofrer gols em duas partidas consecutivas após quase um ano: a última vez foi com Andrea Stramaccioni, entre a 7ª e a 8ª rodadas da última temporada, no melhor período da equipe, que durou até a 11ª rodada, com uma vitória sobre a Juventus, em Turim.
Com Claudio Ranieri, no ano anterior, a Inter teve momentos de solidez defensiva e chegou até a ficar quatro jogos sem sofrer gol, mas com um futebol pouco envolvente. Não é o que acontece agora: Mazzarri arrumou a defesa, que vinha desarrumada há tempos, e também tem feito a equipe jogar um futebol propositivo e coletivo, em um 3-5-2 .
O técnico toscano declarou, após a vitória sobre o Genoa, na primeira rodada, que a Inter tinha atingido apenas 60% do seu potencial. A partida de estreia, no Giuseppe Meazza, não foi fantástica, mas revelou mudanças. Primeiro, a Inter não sofreu com os ataques do adversário. Dominou o jogo no meio-campo e, no restante, neutralizou os ataques rossoblù, com Campagnaro muito bem em campo. E, no segundo tempo, as entradas de Icardi, Kovacic e Taïder mostraram que o time tem boas peças para o futuro próximo.
Contra o Catania, que tem uma equipe mais entrosada e com tanta qualidade técnica quanto o Genoa, os milaneses fizeram uma partida bem melhor. Novamente, a Inter não foi brilhante, mas foi extremamente eficiente e objetiva. A defesa, mais uma vez, passou ilesa, e foi até mais segura – volta e meia, Nagatomo recuava para impedir avanços de Barrientos, e formava uma linha de quatro. Do outro lado do campo, Jonathan é outro jogador, e está confiante. Demonstra a qualidade que o fez se destacar no Brasil e que tinha sumido na Itália – ele foi bem em alguns jogos, enquanto esteve emprestado ao Parma, mas foi pífio na Inter, até então.
O início de temporada é animador, considerando estes pontos e, também o fato de que Kovacic não está 100%, que Milito está prestes a voltar aos campos e que Taïder, Icardi e Belfodil ainda não se adaptaram completamente ao time – e ao menos os dois primeiros deram mostras de que não está muito longe de isso acontecer. Com moral, a equipe irá enfrentar a Juventus, na próxima rodada, e pode fazer do jogo um divisor de águas (ainda que precoce) para a temporada.
Em Roma, a história é parecida. Zdenek Zeman falhou na aplicação de sua proposta de futebol super ofensivo, e Aurelio Andreazzoli havia remediado parte dos danos. A chegada de Rudi Garcia recuperou o 4-3-3 zemaniano, também utilizado pelo seu antecessor, Luis Enrique, embora o aplique de uma forma diferente. O francês trabalha mais a fase defensiva do que Zeman, e busca um futebol mais objetivo lá na frente. Há semelhanças com Luis Enrique, pois ambos pertencem a uma escola que valoriza a posse de bola, se bem trabalhada.
Na primeira rodada, o time romano foi amplamente superior ao Livorno, que teve o melhor ataque da última Serie B – e não só na segundona o ataque vai bem, uma vez que a equipe tosana aplicou quatro no Sassuolo, na rodada seguinte. O time da casa, empolgado pela volta à elite e empurrado pela torcida, tentou pressionar, mas sem êxito. Contra o Verona, De Sanctis trabalhou mais, mas por apenas um tempo. Após o intervalo, a Roma impôs seu futebol e chegou a fazer 3 a 0.
As contratações de Maicon e Benatia já se mostram vitais para o sistema defensivo, e também podem surtir efeito lá na frente. O brasileiro é o trator que conhecemos e já marcou um gol, que surgiu após uma de suas tradicionais ultrapassagens. Benatia se posiciona muito bem e é pródigo em marcar gols de cabeça. Mais à frente, Strootman, Florenzi e Pjanic, além de De Rossi e Bradley, formam um meio-campo marcador e técnico ao mesmo tempo, como Garcia gosta e tinha à disposição nos melhores anos de Lille. E, no forte ataque, Ljajic, Gervinho, Destro e Totti são sinônimo de muita movimentação e gols.
Ainda é muito cedo para cravar que Inter e Roma não serão fogo de palha e que irão entrar de cabeça em uma briga primeiro por vagas europeias e, depois, um passo de cada vez, para rivalizar com Juve e Napoli pelo título. Porém, a competência dos treinadores é reconhecida, e os trabalhos tendem a evoluir. A margem de evolução nos trabalhos anteriores de Mazzarri e Garcia sempre foi grande.
Mazzarri fez excelentes trabalhos de médio prazo em Livorno, Reggina e Sampdoria, além da crescente a cada temporada pelo Napoli. Já Garcia teve uma boa passagem pelo Le Mans, de uma temporada, mas foi no Lille que teve sucesso, em uma passagem de cinco anos que rendeu um título da Ligue 1 e da Copa da França, além de participações na Liga dos Campeões. Além do potencial de melhora dos trabalhos, os jogadores também tendem a evoluir, já que os grupos são recheados de jovens promissores e de jogadores inteligentes, que devem assimilar melhor a filosofia de cada técnico. Há motivos para acreditar.
Pallonetto
– Fala-se na imprensa italiana que Cesare Prandelli pode deixar a Itália após a Copa do Mundo de 2014 – o anúncio seria dado quando a Itália conquistar a classificação para o Mundial. Allegri, Conte, Mancini, Spalletti e Zaccheroni seriam os favoritos para assumirem, em caso de saída do técnico.
– O mercado de transferências fechou, sem muito alarde nas últimas horas. Kaká foi a grande contratação do dia e os torcedores do Milan chegaram a fechar a Via Turati, onde está localizada a sede do clube, para receber o jogador em sua volta a Milão.
– Para ver todas as transferências dos clubes italianos, vale acessar a .