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Vítima de insultos racistas, Muntari deixa o campo após árbitro se recusar a parar o jogo

Mais um episódio deplorável de racismo aconteceu neste domingo, durante partida da Serie A. O meio-campista Sulley Muntari, atualmente no Pescara, foi vítima dos insultos durante a derrota para o Cagliari na Sardenha. E não foram apenas as ofensas que incomodaram o ganês. O árbitro se recusou a atender o pedido do jogador, para que o jogo fosse paralisado na intenção de conter os abusos. Pior, Daniele Minelli ainda mostrou o cartão amarelo ao veterano. Revoltado, Muntari abandonou o campo, deixando os Delfini com um a menos nos minutos finais.

Após a partida, Muntari comentou o caso. Enfatizou que sua intenção era discutir com os racistas, principalmente pela presença de crianças que repetiam os insultos. Além disso, reiterou sua insatisfação com o árbitro. Analisou que Minelli deveria ajudá-lo a combater o problema, e não puni-lo por isso. Inclusive, antes de deixar o campo, o ganês conversou também com o quarto árbitro sobre a postura de seu colega.

“Vocês viram o que aconteceu. Os torcedores cantavam durante o primeiro tempo. Havia uma criança pequena que fazia isso próxima dos pais, então fui até ela e pedi que não continuasse. Dei a minha camisa na saída para o intervalo, para ensinar que estas coisas não se fazem. Serve de exemplo para que cresça bem. Já no segundo tempo, se repetiu na curva e eu falei com o árbitro. Ele me disse que eu não deveria conversar com o público. Perguntei se ele não tinha ouvido, insisti que ele deveria ter coragem de parar a partida. O árbitro não está no campo para apitar, ele deve fazer de tudo. Inclusive dar o exemplo aos torcedores”, apontou.

A federação italiana e a organização da Serie A precisam agir de maneira contundente sobre o episódio – apurando os detalhes e tomando as medidas cabíveis, tanto na punição quanto na prevenção. Embora os casos de racismo sejam recorrentes na Itália, a atitude das autoridades quase sempre é branda. Uma questão gravíssima, que deveria ter consequências criminais, não apenas esportivas.

Foto de Leandro Stein

Leandro Stein

É completamente viciado em futebol, e não só no que acontece no limite das quatro linhas. Sua paixão é justamente sobre como um mero jogo tem tanta capacidade de transformar a sociedade. Formado pela USP, também foi editor do Olheiros e redator da revista Invicto, além de colaborar com diversas revistas. Escreveu na Trivela de abril de 2010 a novembro de 2023.
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