“Temos que mudar o orçamento ou o Napoli pode falir”, admite De Laurentiis, dono do clube
Ele também quebrou o silêncio sobre a saída de Gattuso e confirmou que o Napoli fabricará seu próprio uniforme
Desde fevereiro, por ordem do seu dono, Aurelio De Laurentiis, nenhum representante do Napoli conversa com a imprensa. Essa ordem foi finalmente quebrada por uma entrevista coletiva do dirigente nesta quarta-feira, em que ele falou sobre a saída do técnico Gennaro Gattuso e da situação financeira preocupante do seu clube.
De Laurentiis admitiu ser culpado de gastos excessivos e que precisará readequar o orçamento do Napoli, sob o risco de entrar em falência – de novo. Embora também venda muitos jogadores, o clube do sul da Itália fez um mercado de quase € 200 milhões em 2019 e quebrou seu recorde de transferências para tirar Victor Osimhen do Lille na temporada passada (€ 70 milhões).
“Temos que reconhecer que o orçamento precisa ser revisado ou o Napoli pode falir. Se quisermos recolocar o Napoli nos trilhos, precisamos cortar gastos excessivos”, disse, segundo o Football Italia. “Vender apenas um jogador pode não ser suficiente. Precisamos vender aqueles que aumentaram demais a folha salarial. Eu provavelmente não deveria ter feito algumas contratações, mas fiquei empolgado demais e investi muito, fiquei preso a um contrato de cinco anos que não conseguimos respeitar”.
“Ninguém é imune de ser vendido se aparecer a proposta apropriada. O objetivo do Napoli para esta temporada é equilibrar as contas e voltar à Champions League”, afirmou De Laurentiis, que contratou Luciano Spalletti para o lugar de Gennaro Gattuso.
Segundo o dirigente, o blackout da imprensa foi para preservar Gattuso, que em dezembro sofreu com uma doença auto-imune que prejudicou o músculo dos seus olhos. “Em certo momento eu preferi impor um blackout à imprensa porque vi alguns jogos em que o treinador não estava em grande forma e ele conhecia todos os comentaristas da televisão que faziam as entrevistas. Seria fácil cair em uma armadilha naquela situação”, disse.
“Nunca quis demitir Gattuso. Eu o vi sofrer com aqueles óculos e ele efetivamente não estava presente no banco de reservas. Eu até comecei a me preocupar que, se a situação se deteriorasse, nós teríamos que intervir. Eu acreditava que nos classificaríamos para a Champions League e até preparei um comunicado após o jogo contra o Verona agradecendo-o por isso, mas precisei modificar para agradecê-lo pelo trabalho feito”.
“A verdade é que eu já havia decidido parar com Gattuso no verão anterior. Eu o havia trazido apenas para preencher a lacuna após a saída de Caro Ancelotti. Mesmo se ele tivesse vencido a liga, sua missão com o Napoli estava concluída”.
“Eu já havia entrado em contato com Spalletti quando Gattuso ficou doente, mas ele felizmente se recuperou, mas a situação estava clara naquele momento. Eu já havia falado com Spalletti anos atrás. Ele é um treinador que sabe organizar seus times, lidou com situações difíceis na Roma e na Internazionale”, completou.
O Napoli empatou com o Verona na rodada final e ficou em quinto lugar, a um ponto da Juventus, quarta colocada, e da zona de classificação à Champions League. “Eu fui ao vestiário no intervalo e me senti até relaxado depois que abrimos o placar. Eu sempre achei que este seria um torneio falso por causa da Covid e de todas as restrições. Era como jogar futebol em um aquário. Eu queria que tivéssemos boicotado a Eurocopa e os forçado a adiar o começo da temporada”, disse.
Produtor de cinema, De Laurentiis está se aventurando em um novo setor neste momento: a fabricação própria dos uniformes do Napoli, após deixar o contrato com a Kappa terminar, sem alinhar um novo acordo com outras empresas. Frustrado com a baixa venda de camisas, especialmente nos Estados Unidos, decidiu colocar a mão na massa ele mesmo.
“Meus conselheiros disseram que eu sou louco. Adidas, Puma e Nike levam 18 meses para fazer uma camiseta, você quer encontrar alguém para desenhar e produzi-las em tão pouco tempo? E eu respondi: elas que se fodam. Passei todo o dia na fábrica trabalhando nisso. Estava no telefone com a China para falar sobre isso. A ideia pode me custar dinheiro, mas estou começando uma nova realidade no futebol”, afirmou.
Ele também confirmou um contato com a Giorgio Armani, mas disse que não gostou de algumas das ideias propostas. “Então, eu dei uma boa risada sobre isso. Eu vou fazer uma entrevista coletiva quando houver algo mais concreto e provavelmente apresentarei os dois primeiros uniformes no campo de treinamento da pré-temporada. Um navio da China chegará à Itália em 45 dias, que se tornarão 60 dias após várias checagens. Eu devo conseguir apresentar os uniformes entre 7 e 15 de julho”, encerrou.