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Símbolo do Milan nos anos 90, parceiro de Raí no PSG, campeão pelo Monaco: os 50 anos de Marco Simone

Um símbolo do Milan nos anos 1990 completa 50 anos neste dia 7 de janeiro. Marco Simone faz aniversário nesta data e é impossível pensar no atacante sem lembra-lo vestindo a camisa do Milan, clube mais marcante na sua carreira. Foram oito anos defendendo as cores rubro-negras, de 1989 a 1997, período que o clube de Milão viveu anos gloriosos. Além do Milan, Simone ainda estenderia a carreira também na França antes de se aposentar.

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A carreira do atacante começa no Como, em 1986. Sem muito espaço no time principal, foi emprestado para o Virescit Boccaleone, da então Serie C1, da qual terminou como artilheiro com 15 gols na temporada 1987/88. Isso, claro, o credenciou a voltar ao Como, mas a campanha do time foi desastrosa. O time foi lanterna da Serie A e foi rebaixado. Simone marcou seis gols e caiu para cima: foi contratado pelo Milan, do técnico Arrigo Sacchi.

Uma das marcas de Simone eram suas chuteiras brancas, em uma época que qualquer coisa além de chuteira preta era bastante raro. Vamos lembrar que estamos falando do início dos anos 1990. Sua velocidade e os cabelos esvoaçantes também são uma marca daquela época de jogos transmitidos pela Band e com o Milan sendo um dos principais times do mundo.

Foi entrando no time aos poucos. Nunca foi um artilheiro, mas teve momentos goleadores na carreira. Seu auge foi na temporada 1994/95, ao menos em termos de gols. Naquela temporada, chegou a 21 gols em 45 jogos em todas as competições, sendo 17 deles na Serie A (em 30 jogos). Os outros quatro gols foram na Champions League (em nove jogos). Era um jogador de elenco, nem sempre titular, mas sempre muito utilizado. Em 1997, depois de oito anos no clube, acertou a sua transferência para o Paris Saint-Germain.

No total, Simone fez 260 jogos pelo Milan (177 na Serie A), com 75 gols (49 na Serie A). Conquistou o Campeonato Italiano quatro vezes, três Supercopas da Itália, duas Champions League, dois Mundiais de Clubes (Intercontinentais) e três Supercopas da Uefa. Foi companheiro de muitos jogadores históricos, entre eles Marco van Basten, George Weah, Ruud Gullit e Dejan Savicevic, para ficar em alguns nomes badalados da época.

Parceria de sucesso com Raí no PSG

No PSG, Simone teve um impacto grande. Foram 41 jogos e 22 gols na temporada 1997/98. O time foi mediano, apenas oitavo colocado na tabela. Mesmo assim, o time conquistou duas taças, das duas Copas do país.

O PSG foi campeão da Copa da Liga Francesa vencendo o Bordeaux na final, nos pênaltis. A final teve empate por 2 a 2. E foi bastante sofrido. O Bordeaux vencia por 1 a 0, gol de Johan Micoud aos 30 minutos do primeiro tempo, quando o Paris teve um pênalti aos 35 minutos do segundo tempo. Raí cobrou, o goleiro defendeu, mas no rebote Simone marcou: 1 a 1. Na prorrogação, Raí se redimiu. Foi dele o segundo gol, de cabeça, colocando o time da capital em vantagem aos dois minutos do segundo tempo da prorrogação. Só que novamente a partida ficaria empatada, com Jean-Pierre Papin marcando o 2 a 2 aos nove minutos. Nos pênaltis, 4 a 2 para o Paris,

O título da Copa da França era especial. A final seria contra o Lens, campeão da Ligue 1 naquela temporada. Mais uma vez, dois gols para o Paris e os autores foram os mesmos: Raí, de cabeça, abriu o placar aos 25 minutos. Aos oito minutos do segundo tempo, foi a vez de Marco Simone recebeu em velocidade e finalizar assim, correndo com a bola, como ele fazia tantas vezes: 2 a 0. Vladimir Smicer completou o placar marcando para o Lens aos 38 minutos. Tarde demais. Na despedida do capitão e ídolo Raí, título para o PSG. E Simone marcando nas duas finais.

Na temporada seguinte, o PSG foi novamente mediano na Ligue 1, terminando em nono lugar. Desta vez, porém, não teve a salvação de títulos de Copas. Seu desempenho, no geral, também foi pior: 10 gols em 37 jogos. Ao final daquela temporada 1998/99, o atacante se transferiu para o Monaco.

Título pelo Monaco

Sua primeira temporada pelo time do Principado foi excelente em gols: 28 em 45 jogos, sendo, numericamente, a sua melhor na carreira. Mais do que isso, foi crucial para levar o time ao título da Ligue 1 naquela temporada 99/00. Seus gols ajudaram o Monaco a levantar a taça ao lado de jogadores muito conhecidos: David Trezeguet, então um garoto, que marcou 22 gols (Simone terminou com 21 na liga). O melhor jogador do campeonato também é bem conhecido: Marcelo Gallardo, argentino e maestro daquele time. E olha que não eram as únicas figuras conhecidas: o goleiro era Fabian Barthez, o zagueiro era um jovem Rafa Marquez e outro dos atacantes era Ludovic Giuly.

Na temporada seguinte, 2000/01, fez 16 gols em 43 jogos, marcando seis gols em seis jogos na Champions League – o Monaco caiu na fase de grupos. O Monaco foi apenas o 11º na Ligue 1, ficando muito abaixo do ano anterior. Em 2001/02, começou a temporada no Monaco, mas foi emprestado ao Milan antes do fim da janela de transferências. De volta ao antigo clube, foi reserva e pouco jogou. Marcou um gol só naquela temporada, em um jogo da Copa da Itália contra a Lazio, em vitória por 2 a 1.

De volta ao Monaco para a temporada 2002/03, foi reserva e só jogou cinco partidas, sendo três delas como titular. Não marcou nenhum gol. Começou a temporada 2003/04 pelo Monaco, mas não entrou em campo nenhuma vez. Se transferiu para o Nice em janeiro de 2004, de graça, mas o desempenho não foi grande coisa. Foram sete jogos, nenhum gol e o atacante decidiu encerrar a carreira. Ele ainda fez um retorno ao futebol em 2005/06, atuando pelo Legnano, da terceira divisão italiana. Fez 11 jogos e marcou um gol, antes de, aí sim, pendurar as chuteiras definitivamente.

Simone teve poucas chances de jogar pela seleção italiana. Estreou em 1992, quando a Azzurra era comandada pelo técnico que o levou para o Milan, Arrigo Sacchi. Fez apenas quatro jogos pela seleção, sem nenhum gol marcado.

Ao pendurar as chuteiras, embarcou na carreira de técnico. Treinou o Monaco na temporada 2011/12, o Lausanne-Sport em 2014/15, o pequeno Tours, da França, em 2015/16, e o pequeno Laval, também da França, em 2016/17. Em 2017, comandou por alguns meses o Club Africain, da Tunísia.

Marco Simone foi escolhido para o Hall da Fama do Milan, com outros jogadores lendários. Uma honra que ele comemora ter conseguido. Sempre será lembrado pelos ótimos momentos que viveu, especialmente pelos rorssoneri, mas também pelo que fez nas suas passagens na França.

Tanti Auguri, Marco!

Foto de Felipe Lobo

Felipe Lobo

Formado em Comunicação e Multimeios na PUC-SP e Jornalismo pela USP, encontrou no jornalismo a melhor forma de unir duas paixões: futebol e escrever. Acha que é um grande técnico no Football Manager e se apaixonou por futebol italiano (Forza Inter!). Saiu da posição de leitor para trabalhar na Trivela em 2009, onde ficou até 2023.
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