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Clubes italianos não fazem loucuras com salários, mas perdem terreno na Europa

A Serie A italiana ainda figura entre as principais ligas do futebol europeu, mas a distância entre ela e as outras competições tem crescido gradativamente. A crise financeira em que se encontram os clubes tem tido reflexos claros no desempenho dentro de campo, e o sinal recente mais claro do momento difícil foi revelado em uma matéria especial da Gazzetta dello Sport nesta segunda-feira. De acordo com o jornal, juntos, os 20 clubes da Serie A gastarão € 849 milhões em salários nesta temporada. O número parece bastante alto, mas, colocado em comparação ao mesmo levantamento feito em 2010, evidencia a queda de poder financeiro. Há quatro anos, o valor chegava a praticamente € 1.1 bilhão. Quase todos estão, com sucesso, diminuindo suas folhas salariais, mas isso tem um custo natural.

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De acordo com a matéria da Gazzetta, dentre os grandes clubes italianos, a Juventus é a única a aumentar sua folha salarial em relação à temporada passada, e seu gasto com salários de jogadores chega a € 108 milhões, o maior na Itália. A tendência é que o valor fique ainda maior, já que o prodígio Paul Pogba, que hoje recebe € 1.5 milhão, está negociando sua renovação de contrato. O Milan, mesmo tendo terminado em oitavo no último Italianão e sem disputar qualquer competição europeia nesta temporada, é o terceiro em gasto com salários: € 94 milhões. Além disso, os rossoneri têm dois atletas entre os cinco mais bem pagos da Serie A. Philippe Mexès e Fernando Torres, com € 4 milhões por temporada, aparecem na quinta posição.

É da vice-campeã italiana Roma que vem um dos valores mais surpreendentes, no entanto. O time é o segundo que mais gasta com salários, € 98 milhões, e tem o jogador mais caro de todo o Campeonato Italiano: Daniele De Rossi. O volante recebe, por temporada, € 6.5 milhões, valor superior em um milhão ao de Higuaín, que aparece na segunda colocação. Tevez, artilheiro da última edição do torneio e um dos principais nomes da campeã Juve, recebe € 4.5 milhões. Apesar de sempre parecer muito fiel aos giallorossi, com certeza a bola que ganha contribui com a vontade de De Rossi de seguir na capital.

Tevez, da Juventus, disputa com De Rossi, da Roma (AP Photo/Massimo Pinca)
Tevez, da Juventus, disputa com De Rossi, da Roma (AP Photo/Massimo Pinca)

Fechando o top 5 de times com maiores folhas salariais aparecem Internazionale e Napoli, empatados em € 70 milhões, número bastante inferior aos dos três primeiros. Os nerazzurri, em especial, aparecem com esse valor graças à política de corte de gastos do novo dono do clube, Erick Thohir. O indonésio estabeleceu um teto salarial e não renovou com os argentinos Cambiasso, Milito e Samuel, o que ajudou bastante a manter as finanças mais controladas.

Em geral, a diminuição significativa nos valores de salários nesse período dos últimos quatro anos revela que os dirigentes italianos não têm feito loucuras para contratar ou manter seus times. Por outro lado, o impacto na competitividade tem sido evidente. Nessa temporada, por exemplo, apenas dois italianos estão na fase de grupos da Liga dos Campeões. Com exceção da Juventus, que conseguiu manter um time forte nos últimos anos, as equipes do país têm virado uma ponte para que bons atletas cheguem a torneios mais fortes, situação bem contrastante com o período de supremacia da Serie A nas décadas de 1980 e 1990.

Foto de Leo Escudeiro

Leo Escudeiro

Apaixonado pela estética em torno do futebol tanto quanto pelo esporte em si. Formado em jornalismo pela Cásper Líbero, com pós-graduação em futebol pela Universidade Trivela (alerta de piada, não temos curso). Respeita o passado do esporte, mas quer é saber do futuro (“interesse eterno pelo futebol moderno!”).
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