Sem medo dos grandes, Venezia pressiona e arranca empate contra a Juventus
Boa atuação no segundo tempo quase rendeu uma virada aos arancioneroverdi
Quem visita o estádio Pierluigi Penzo, em Veneza, sabe que não sairá de lá com uma vitória fácil na mala. A Roma, derrotada em outubro, provou deste veneno. Neste sábado, pela Serie A, a Juventus descobriu a dificuldade que é enfrentar o Venezia. O empate em 1 a 1 foi mais uma pequena comemoração para os arancioneroverdi neste retorno à elite.
A Juve, que está mais longe do que gostaria de brigar pelo scudetto, começou impondo sua superioridade em campo. Ainda que haja alguma crítica em relação ao desempenho e ao potencial ofensivo deste elenco, só houve um dono na partida contra o Venezia e certamente não foram os mandantes. Se tivesse um ritmo mais forte, provavelmente a equipe de Massimiliano Allegri teria sofrido menos ou resolvido mais cedo a situação.
A má notícia da tarde para Allegri veio cedo: aos 12 minutos, Paulo Dybala precisou ser substituído por lesão. O brasileiro Kaio Jorge entrou na vaga do argentino e ficou até o fim, sem muito brilho, mas fazendo sua parte e tentando arriscar ao gol. Sem Dybala, coube a Álvaro Morata comandar o ataque juventino.
Falta fome aos bianconeri?
É questão de estilo. A Juventus, especialmente neste retorno de Allegri, tem preferido o pragmatismo. O problema é que muitas vezes, na Serie A, um gol só não resolve nada. O jogo, um tanto parado e sem grandes chances, teve seu primeiro lance capital na primeira etapa. Aos 32, Luca Pellegrini acionou Morata com um passe baixo e o espanhol guardou.
Morata, que tem uma capacidade ímpar de ler as jogadas e os espaços de campo, fez um gol como quem tira o coelho de uma cartola. A defesa do Venezia não vinha dando muitos centímetros, sobretudo dentro da área, aumentando ainda mais o mérito de Morata na movimentação e na conclusão.
Econômica, a Juve perdeu com Juan Cuadrado a chance de ir para o segundo tempo com dois gols à frente. O colombiano recebeu um passe e tinha todo o campo livre. Na hora de sacramentar, Cuadrado puxou demais para a direita, perdeu o ângulo e chutou rente à trave. Uma chance dessas não se perde impunemente.
Em vez de acelerar para tentar confirmar a vitória, a Juve se conformou com o 1 a 0 e passou a gastar o tempo até o apito final. Muito pouco para um elenco desse calibre, ainda que a situação financeira não seja das melhores. A punição pela inércia veio: aos nove minutos da etapa final, Mattia Aramu recebeu um bom passe de Ridgeciano Haps próximo à meia-lua e emendou um chute no canto inferior da meta de Wojciech Szczesny. O polonês saltou, mas não alcançou a bola, fora de sua trajetória.
Um empate bastante desanimador
Somente depois do empate a Juve foi tentar buscar o segundo gol, mas o Venezia já tinha entendido como neutralizar as ameaças ofensivas dos bianconeri. A tática de picar o jogo com faltas e reduzindo os espaços perto da área serviu para os donos da casa. E quando a bola passou, o goleirão Sergio Romero estava ligado para evitar o pior.
A Juventus dominou o terço final de campo mas não fez o bastante para marcar mais uma vez e vencer o duelo. O empate foi mais uma demonstração da falta de intensidade dos comandados de Allegri. O futebol entediante apresentado está condizente com a posição na tabela: em sexto, atrás da Fiorentina, a Velha Senhora já vê o Napoli, terceiro colocado, a oito pontos de distância. Nesse momento, talvez seja mais adequado mirar nas Copas.
Ao Venezia, que objetiva inicialmente a permanência, este ponto arrancado contra mais um grande em seus domínios é um sinal de que há forças para brigar com outros concorrentes intermediários até o final da Serie A. O empate inclusive aumentou a vantagem dos arancioneroverdi para a zona de rebaixamento: são seis pontos a mais do que o Genoa, que encabeça o grupo dos que estão indo para a Serie B.