O Napoli se despede de um ícone: Hamsik confirma seu adeus com uma linda carta aos napolitanos

Há diferentes maneiras de representar a grandeza de Marek Hamsik ao Napoli. Nenhum outro jogador vestiu mais a camisa celeste, com 520 partidas. Nenhum outro jogador anotou mais gols pelo clube, 121 no total. E nenhum outro jogador representou tão bem o renascimento dos partenopei ao longo da última década, recuperando-se da bancarrota para novamente se colocar entre os principais clubes da Itália. Se alguns antigos ídolos representam diferentes eras ao Napoli, Maradona acima de todos, Hamsik também marcou sua época. O capitão recusou propostas de outros grandes times e sentiu profundamente a paixão que os napolitanos vivem pelo futebol. Ajudou a alimentá-la. Quase 12 anos após sua chegada, no entanto, chegou o momento de dizer adeus. Sem o mesmo espaço no elenco de Carlo Ancelotti, o eslovaco aceitou uma oferta do Dalian Yifang e vai jogar no futebol chinês. A transação deverá render €20 milhões à agremiação.
Foi exatamente na atual temporada que Hamsik se transformou no jogador com mais aparições pelo Napoli. Parecia pronto a elevar os seus números e a permanecer como uma liderança no elenco, usando a braçadeira de capitão por quase cinco anos. Todavia, a imponência física – tão importante ao seu estilo de jogo – não vinha sendo a mesma de outros tempos e suas aparições na equipe de Carlo Ancelotti se tornaram mais raras. Fabián Ruiz surgiu como o substituto de seu legado em Nápoles e a transferência neste início do ano passou a soar como natural. Segundo o presidente celeste, Aurelio de Laurentiis, outros clubes italianos cortejaram o veterano. Mas não há como imaginá-lo com Calcio com outra camisa que não seja a napolitana. Assim, aceitou uma proposta do Campeonato Chinês e, aos 31 anos, poderá garantir um pouco mais de prosperidade à sua família.
Hamsik chegou ao Napoli em 2007, quando o clube acabara de enfrentar um processo falimentar e conquistara dois acessos consecutivos. Abraçava o projeto visando o recomeço na Serie A e firmou diferentes parcerias ao longo desses anos. Edinson Cavani, Ezequiel Lavezzi, Gonzalo Higuaín, Dries Mertens, Lorenzo Insigne: não foram poucos os jogadores emblemáticos que compartilharam os aplausos no San Paolo com o capitão. Formou um meio-campo histórico, sobretudo com Allan e Jorginho. Enquanto muitos deles escolhiam novos rumos, o eslovaco abraçava a identidade napolitana e sabia o que aquela camisa representava à sua torcida, muito além do futebol. Desta maneira, disputaram novamente a Liga dos Campeões e sonharam outra vez com Scudetto. Faturaram duas vezes a Copa da Itália, uma delas com gol decisivo de Hamsik na final contra a Juventus. O que parecia um devaneio, considerando o declínio do clube a partir dos anos 1990, contou com a energia e a capacidade do intenso meio-campista para se concretizar.
É uma pena que Hamsik não continue sua história com o Napoli. A decisão esportiva e financeira do veterano é totalmente compreensível. A quem se manteve por tanto tempo em alto nível competitivo, não deve ser fácil aceitar o banco. De qualquer forma, permanece a impressão de que, quando ele desejar, as portas do San Paolo continuarão abertas. Que não seja como jogador, ao menos como embaixador ou dirigente. Poucos jogadores foram tão capazes de entender a maneira como os napolitanos vivem o futebol, e isso a torcida valoriza. O eslovaco é um deles e compartilha essa adoração incontrolável pelo manto celeste. Mas a partir de agora, fica apenas do lado de fora.
Para confirmar o adeus, Hamsik dedicou ainda uma bonita carta à torcida do Napoli:
“Napoli no coração ?
Antes de tudo, devo pedir desculpas aos torcedores celestes: eu queria, esperava, sonhava dizer adeus com uma grande volta olímpica, me sentindo abraçado por seus aplausos. Vocês sempre me apoiaram e me amaram incondicionalmente nos momentos bonitos ou difíceis: sempre serei grato por isso.
Eu tatuei Napoli na pele: desde a primeira conquista na Copa da Itália, encerrando a espera após 25 anos. É impossível esquecer aquela festa. É impossível esquecer o momento em que bati o recorde de jogos de Bruscolotti ou quando superei o recorde de gols do DEUS do futebol Diego Armando Maradona. Isso me faz extremamente orgulhoso. Aqui em Nápoles nasceram os meus três filhos, napolitanos em todos os aspectos.
Desejo agradecer a todos: o presidente, que me deu a oportunidade de permanecer aqui por 12 anos e que aceitou meu desejo de tentar uma nova experiência; todos os técnicos que me treinaram, a quem devo meu crescimento como jogador e como homem; toda a comissão técnica e os funcionários do clube; e meus amigos, de quem sentirei falta, mas sei que nunca me abandonarão porque são parte da minha família.
Assim que possível, espero concretizar minha última volta olímpica no San Paolo, para dedicar e receber a saudação que nós merecemos. Amo vocês e amarei esta cidade para sempre. OBRIGADO DE CORAÇÃO a todos e grande sorte aos meus companheiros pelo resto da temporada: espero que vocês possam conquistar a Liga Europa!
#sempreforzanapoli?”
“Un capitano, un esempio, un calciatore e un uomo che Napoli amerà per sempre. E che per sempre resterà nella nostra storia.”
? #GrazieCap17ano⁰⁰
Leggi il comunicato integrale ? https://t.co/UNDAqcdNEh pic.twitter.com/hKDtXXhnC0— Official SSC Napoli (@sscnapoli) 14 de fevereiro de 2019