Mourinho: “Fiquei refém da minha palavra, mas não foi só por isso que recusei a Arábia Saudita”
Mourinho reiterou seu compromisso com a Roma e a boa relação com os proprietários do clube
José Mourinho vai para a terceira temporada de um trabalho histórico à frente da Roma. E por convicção. O treinador recebeu propostas para deixar os giallorossi recentemente, inclusive com vantajosas ofertas financeiras da Arábia Saudita. O patrão poderia ser até o mesmo, mas Al-Hilal e Al-Ahli tentaram convencer o português a se mudar para Riad. Apesar disso, ele optou por permanecer na Itália. Não deu detalhes sobre o que não o atrai no futebol saudita, mas indicou que não era um destino interessante para si. Também pesou a ligação que construiu com os jogadores e os torcedores romanistas.
Em longa entrevista ao Corriere dello Sport, Mourinho falou sobre a maneira como preferiu se manter fiel à palavra de que continuaria na Roma. O técnico garantiu sua continuidade antes da final da Liga Europa, em Budapeste, e também diante das arquibancadas, na reta decisiva da Serie A. Até por isso, não cogitou a possibilidade de ir para a Arábia Saudita.
“No verão recebi duas ofertas da Arábia: Al-Hilal e Al-Ahli. Pensei nelas e, antes de ir para a reunião, informei os donos da Roma esclarecendo que não tinha intenção de aceitar. Em casa eu dizia exatamente a mesma coisa. Por um lado, me sentia prisioneiro da palavra dada aos jogadores em Budapeste e aos torcedores depois do Spezia, prometendo a permanência. Mas se me perguntarem se não aceitei só por isso, respondo que não, não foi só por isso”, afirmou Mourinho.
“Nunca pensei em sair. Sempre fiz o meu trabalho sem pensar nas consequências. Sempre respeitei a direção e as pessoas. Sinto que há respeito e muito de estima da parte deles pelo treinador. É a direção que precisa falar com você. Por alguns dias pensei ‘chega de garotos, por que devo promover garotos se ano que vem não estarei mais aqui'? Em primeiro lugar, trabalho para o clube. Em segundo, para este clube é super importante criar certas condições”, complementou Mourinho.
A boa relação com os Friedkin
Mourinho exaltou também a boa relação que possui com os atuais proprietários da Roma. Segundo o treinador, isso foi um fator essencial para apostar num projeto mais longo com os giallorossi.
“Assinei com a Roma porque, quando conheci os Friedkin, sua maneira de falar realmente me impressionou. Aquelas palavras me tocaram profundamente, eu precisava daquilo. ‘Achamos que você é a pessoa certa para ajudar a tornar a Roma um clube maior'. Transmitiram o seu entusiasmo, num projeto de três anos de contrato. Um crescimento progressivo que eu nunca tinha levado em consideração. Quando cheguei aqui, sabia muito bem no que me metia”, analisou.
Quando chegou, Mourinho visava um projeto não somente de valorizar as raízes da Roma, como também de auxiliar o clube a representar sua grandeza em forma de troféus. Conseguiu, especialmente com a histórica conquista da Conference League: “Eu sabia que a Roma era um clube absolutamente fantástico a nível social. Quando você conhece os jogadores da Roma, você se pergunta por que ganharam tão pouco. É possível que você faça algo para ajudar o clube, os novos proprietários? Eu me arrependi da escolha? Não, absolutamente não”.
O carinho com Dybala
Mourinho dedicou ainda elogios especiais a Paulo Dybala, pela forma como o atacante transformou a Roma durante a última temporada: “Quando chegou o dia 1º de agosto e a cláusula não pôde mais ser exercida, dormi melhor. Para nós, Dybala é ouro, não podemos abrir mão dele. As pessoas sabem do potencial dele como jogador, posso dizer que o potencial dele como pessoa não é de forma alguma inferior”.
O treinador também valorizou sua relação com as jovens promessas que surgem no Estádio Olímpico, num aspecto diferente do que vivenciou em outros trabalhos anteriores: “Os muitos jovens que promovi ao time cresceram nestes dois anos. Quando você trabalha para um clube como Real Madrid, Manchester United ou Chelsea, se lançar um jovem já fez muito”.
Como está a pré-temporada da Roma
Por enquanto, a Roma não atravessa uma pré-temporada muito movimentada. O clube ainda não gastou em reforços, embora tenha aproveitado boas oportunidades. Houssem Aouar é o principal acréscimo, ao chegar no final de seu contrato com o Lyon, e já se destaca no meio-campo. Evan Ndicka também foi um achado ao final de seu contrato com o Eintracht Frankfurt e encorpa a zaga. Também veio o lateral Rasmus Kristensen, emprestado pelo Leeds United. Os romanistas já lucraram €40 milhões em vendas, com as saídas de diversos nomes sem espaço, como Justin Kluivert e Carles Pérez.
A Roma estreia na Serie A em 20 de agosto, contra a Salernitana. O primeiro duelo de peso ocorre em 1° de setembro, diante do Milan. Além das competições domésticas, a equipe mais uma vez estará na Liga Europa, diretamente na fase de grupos. Ao longo da pré-temporada, a Loba venceu Estrela da Amadora e Farense, além de empatar com o Braga e perder para o Toulouse.