O melhor ataque e a pior defesa do Campeonato Italiano estão no mesmo time. Foram necessárias apenas nove rodadas para que a Roma alcançasse uma marca aguardada desde o início da temporada. Com média de 4,13 gols nos jogos em que entrou em campo, as partidas da equipe da capital animam qualquer amante de futebol que resolva assistir a elas. O problema, para o torcedor romanista, é que nem sempre a tempestade de emoções leva a uma vitória.
No último domingo, quem foi ao Olímpico de Roma deve ter se sentido em uma espécie de déjà vu. Em casa, o time vencia a Udinese por 2 a 0, seguindo à risca os preceitos do treinador Zdenek Zeman. Ataque rápido e vertical, entusiasmante, finalizando sempre que possível. Bastou meia hora para Lamela perder dois gols e marcar outros dois. Uma goleada parecia se desenhar… Mas a Udinese conseguiu a virada. Já havia sido assim na partida contra o Bologna, também terminada 3 a 2.
A equipe friulana visitou a capital do país sem os zagueiros Danilo e Benatia, o lateral-direito Basta, os meias Badu e Pinzi e o atacante Muriel. Mesmo remendada e cansada do confronto com o Young Boys, pela Liga Europa, a Udinese conseguiu se assentar em campo e conseguir um antídoto para os mecanismos de jogo da Roma, que pouco têm sido alterados no decorrer de 90 minutos. Quando o cansaço bate ou parte da concentração espaca, o time se perde.
Em muito encontros, o jogo romanista é suficiente para conseguir vitórias, ainda que alterne verdadeiros apagões e momentos geniais. Funcionou na bela virada sobre o Genoa e na vitória razoavelmente fácil sobre a Atalanta, por exemplo. Até por isso, o duelo com a Udinese era considerado fundamental para a ressurreição das chances de uma vaga na Liga dos Campeões para o time da capital. Contra uma equipe muito bem treinada, a Roma derrapou e, agora, está a sete pontos da terceira colocação.
No setor ofensivo, há mais soluções que problemas. Totti vive ótima fase, Lamela amadureceu, Osvaldo continua matador, e ainda há Destro e Nico López no banco. A defesa, por outro lado, é uma tragédia. Uma equipe na qual o paraguaio Piris é o único lateral-direito de ofício não pode ser levada a sério. Na zaga, Marquinhos acabou promovido a solução, aos 17 anos, por causa da má forma física de Burdisso. Tudo isso à frente de um inconstante Stekelenburg, capaz de milagres e falhas vexatórias.
Mesmo que seja a principal culpada pelo início nada animador da Roma no campeonato, a última linha de defensores está condicionada a um meio-campo sem consistência, incapaz de dar qualquer garantia. No 4-3-3 romanista, há lugar para apenas três meias, apesar de tantas boas opções para Zeman. Único titular em todas as rodadas, Tachtsidis foi o homem escolhido para cumprir o papel de “regista”, armador central fundamental para um bom desempenho do jogo pedido pelo técnico. Até agora, é um fracasso.
Os dois atletas de melhor qualidade técnica do meio-campo parecem ainda inadaptados a seus novos papéis. De Rossi tem jogado pela direita e Pjanic ganhou uma oportunidade na esquerda. Ambos atuam melhor centralizados e têm dificuldades em uma estratégia tão acelerada quanto a cobrada pelo treinador, com ultrapassagens e movimentação constante. Como treinamento não falta – a Roma é a única equipe da Série A que trabalha em dois turnos durante a semana – e Zeman jamais altera seu módulo de jogo, a situação do torcedor romanista não é das mais confortáveis.
Pallonetto
– Seleção Trivela da 9ª rodada: Andújar (Catania); Neto (Siena), Donati (Palermo) e Ranocchia (Inter); Bibiany (Parma), Cambiasso (Inter), Hamsík (Napoli) e Pasqual (Fiorentina); Lamela (Roma), Di Natale (Udinese) e El Shaarawy (Milan). Treinador: Stramaccioni (Inter).
– Erros de arbitragem voltaram a protagonizar a discussão depois da última rodada. Os tropeços dos juízes influenciaram Catania x Juventus, Fiorentina x Lazio, Roma x Udinese e Napoli x Chievo. A tecnologia em campo não vai bastar: a profissionalização da arbitragem seria um bom primeiro passo.
– Atualmente quarta colocada no ranking da Uefa, a Itália arrisca perder o posto para a França no fim da temporada. As campanhas ruins de Napoli e Udinese na Liga Europa puxam a média de pontos para baixo. As participações de Juventus e Milan na Liga dos Campeões (uma vitória em seis jogos, equipes somadas) também não encantam.