Serie A

Invenções e falta de confiança: a passagem da Gasperini na Inter

Olhando para o número, parece que a diretoria da Inter não teve paciência com o treinador Gian Piero Gasperini. Só que o início do trabalho do técnico foi controverso, teimoso e mostrou pouca capacidade de adaptação ao ambiente complicado do time. 

Gasperini tentou colocar em prática o seu esquema favorito, 3-4-3, mesmo ao custo de improvisações de jogadores como Sneijder. Sem conseguir fazer funcionar seu esquema, não ganhou a confiança dos jogadores nem da diretoria. Moratti chegou a criticar publicamente o esquema tático, dizendo que “é melhor jogar com uma defesa com quatro jogadores”.

Contra o Palermo, por exemplo, usou Zanetti como zagueiro, Sneijder como ponta esquerda e Ricardo Álvarez ao lado de Cambiasso no centro do meio-campo (ele atua normalmente como ponta pela esquerda). Invenções que deixariam Adílson Batista e Paulo César Carpegiani com inveja.

Além disso, trabalhar no vestiário da Inter não é fácil. os técnicos vivem à sombra de Mourinho, que levou o time à trinca de conquistas em 2009/10, tirou o máximo do time, mas poucos  conseguem essa confiança. O elenco da Inter não irá se desdobrar à toa. Mourinho não fez Eto'o voltar marcado como lateral no primeiro ano. Precisou ganhar confiança do time, armando um esquema que protegesse a defesa e tivesse a característica do time. Explorando as qualidades e protegendo os defeitos.

Todo bom técnico precisa definir o esquema tática a partir dos jogadores que tem à disposição, de acordo com suas características. Não pode ser o contrário. Nenhum esquema é mais importante que os jogadores. Gasperini insistiu no 3-4-3 mesmo com indicações claras da insatisfação que causava no elenco. Soma-se a isso o fato que o elenco da Inter é cheio de veteranos e medalhões, que já têm títulos e conquistas importantes e Gasperini, ao contrário, não é um técnico vencedor. Não há confiança. 

Por fim, um aspecto levantado por Rory Smith, do The Telegraph, é interessante: a herança de Mourinho é um problema para os clubes. Não só pelo excelente trabalho de conquistas que ele faz (e fez) nos clubes que passou, mas porque ele não é um treinador que deixa um legado a longo prazo. Para Rory Smith, a falta de trabalho com jovens compromete o clube a longo prazo e é uma das razões dos problemas do Chelsea depois de dispensá-lo (cinco técnicos em quatro anos) e da Inter (três técnicos em dois anos). É para se pensar.

Resta saber quem vem. E o futuro não é animador para os nerazzurri. Nomes como Delio Rossi, Walter Zenga e até o diretor Luis Figo são especulados para assumir o time. Claudio Ranieri e Carlo Ancelotti também são falados. Este último parece a melhor opção, o mais competente e com conhecimento da Serie A. A dúvida é se Ancelotti aceitaria o emprego. para a Inter, é bom que aceite.

Foto de Equipe Trivela

Equipe Trivela

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