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Em seu possível adeus, Di Natale só provou que não deve se aposentar

A Serie A contou com apenas um jogo neste sábado. Udinese x Sampdoria, partida entre dois times da tabela, que não valia absolutamente nada para o campeonato. Mas que poderá valer muito aos sentimentos da torcida bianconera, caso uma possibilidade seja confirmada. Antonio Di Natale talvez tenha feito a última partida de sua carreira. E de maneira consagradora, para seus fãs nunca mais se esquecerem dos três gols no empate por 3 a 3.

>>> Di Natale, há 300 jogos dando exemplo de como honrar uma camisa

Di Natale ainda não definiu se vai mesmo se aposentar. Há meses, ele anunciou que poderia pendurar as chuteiras ao final da temporada. Neste sábado, preferiu não cravar nada. “Estou me divertindo. Agora irei para as férias com minha mulher, depois de dois jogos de caridade. É uma pena que a temporada termine justo agora, que estou em boa forma física e apreciando as minhas atuações. Veremos o que acontecerá, tentarei continuar. Espero continuar”, disse na saída de campo, em entrevista à Sky Italia.

Perdendo ou não seu maior ídolo, a torcida da Udinese pode se sentir confortável pelo homem de grande caráter que pôde admirar. Di Natale recusou diversas propostas para se manter fiel ao clube. São mais de 300 partidas e dez anos de serviços prestados, exemplo de como honrar uma camisa. Chegou até a cogitar a aposentadoria antes, com a morte de seu ex-companheiro Piermario Morosini, mas mudou de ideia para seguir alegrando seus fiéis seguidores – e, mais do que isso, assumiu a tutela da irmã excepcional de seu amigo, morto dentro de campo por problemas cardíacos.

Em seu hipotético adeus, Di Natale fez aquilo que os bianconeri se acostumaram a assistir: balançou as redes, relembrando que poucos atacantes italianos tiveram tanto faro de gol quanto ele nos últimos anos. O primeiro gol foi uma pintura, cobrando falta com categoria. O segundo, mostrou um de seus melhores recursos, batendo com o lado de fora da chuteira após grande jogada de Roberto Pereira. Por fim, lembrou sua capacidade de decidir nos momentos mais difíceis, roubando uma bola e passando pelo goleiro no mano a mano para definir o placar aos 43 do segundo tempo. Uma atuação fabulosa, com 13 chutes do camisa 10 (de 22 de sua equipe) e ainda bola na trave.

Di Natale chegou 17 gols na Serie A. Não foi tão efetivo quanto nos anos anteriores, mas seguiu com ótimos números. São 193 gols no campeonato, o sétimo maior artilheiro de todos os tempos. E isso aos 36 anos, demonstrando uma vitalidade física surpreendente. Se quiser, Totò sabe que tem condições para jogar em alto nível por mais um tempo. A tripletta deste sábado, apenas a segunda pela Udinese, reforça essa sensação. A torcida bianconera não deve achar uma má ideia.

Foto de Leandro Stein

Leandro Stein

É completamente viciado em futebol, e não só no que acontece no limite das quatro linhas. Sua paixão é justamente sobre como um mero jogo tem tanta capacidade de transformar a sociedade. Formado pela USP, também foi editor do Olheiros e redator da revista Invicto, além de colaborar com diversas revistas. Escreveu na Trivela de abril de 2010 a novembro de 2023.
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