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Em 2008, duelos entre Milan e Napoli tiveram algozes brasileiros e topo realcançado por Ronaldinho

A rivalidade entre Milan e Napoli surgiu em meados da década de 80, quando os partenopei puderam contar com os melhores jogadores de sua história. Naquela época, apenas a força dos rossoneri poderia ser considerada parelha à dos napolitanos, que tinham um trio de ataque que literalmente fazia MaGiCa, com Maradona, Giordano e Careca compondo a linha ofensiva e, consequentemente, formando o trocadilho. Os diabos de Milão já eram uma potência na Itália e fora dela, e viram a ascensão do Napoli ameaçar suas chances de título no fim dos anos 80 e início dos 90. E apesar da rivalidade ter esfriado conforme os partenopei foram perdendo suas estrelas e uma parte da sua força suprema ao longo dos anos, a alta competitividade nas partidas disputadas entre ambos os times, não importando em qual época e em qual ocasião, nunca deixou de existir. Em 2008, por exemplo, ela foi realçada pelos jogadores brasileiros do Milan, os verdadeiros algozes dos napolitanos naquele ano.

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A espécie de “perseguição” começou na temporada 2007/08, quando o Milan contava com oito brazucas em seu elenco. Alexandre Pato havia chegado oficialmente no clube na janela de inverno, isso após algumas confusões em relação ao seu registro causadas por burocracias da Fifa. A primeira vez que entrou em campo com a camisa rossonera foi justamente contra o Napoli, dez dias depois de ser apresentado. Era uma noite fria de janeiro em Milão e o Diavolo recebeu os napolitanos no San Siro pela Serie A em busca de uma vitória em casa. Algo que, curiosamente, ainda não havia acontecido naquele ano. A fase não era boa. Mesmo com um timaço, na temporada seguinte à da conquista da Champions League o Milan encontrava muitas dificuldades no campeonato, e, àquela altura, estava a mais de 20 pontos atrás da arquirrival Internazionale, líder e posteriormente campeã da Serie A.

O Napoli também não ia bem. E foi ainda mais bagunçado pelos rossoneri em San Siro na estreia de Pato, a qual contou com o atacante mostrando seu cartão de visita ao marcar um gol na vitória de 5 a 2. Quatro dos cinco tentos foram anotados por brasileiros, e se Clarence Seedorf tivesse jogado no Brasil antes disso, dava para inseri-lo na conta e dizer que os brazucas foram literalmente os carrascos dos partenopei naquela noite. Noite esta em que Ronaldo Fenômeno havia acabado de voltar de lesão e retomou sua forma física marcando dois gols. Os outros responsáveis pela construção do resultado foram Kaká, Maurizio Domizzi e Roberto Sosa. Uma vitória importante para o Milan, que conseguiu se reerguer na competição e se classificar para a Liga Europa. Mas, claro, três pontos que fizeram falta para o Napoli, o 12º colocado na tabela ao fim da Serie A.

No mesmo ano, mas na temporada seguinte, os algozes dos napolitanos não mudaram de nacionalidade. E nem de nome, ainda que não vestissem a mesma camisa e fossem jogadores diferentes. Saiu Ronaldo, que não quis renovar contrato com o Milan no meio do ano, e chegou Ronaldinho, para fazer sua primeira, única e inesquecível passagem pelo país do Calcio. E em novembro de 2008, pela décima rodada do Italiano, Milan e Napoli protagonizaram um dos jogos mais apertados e tensos desde os tempos em que os dois eram as equipes mais temidas da Itália. Um duelo com a cara do futebol italiano, com as propriedades daquele campeonato e da forma que seus times jogam.

Não fazia muito tempo que Christian Maggio havia sido comprado pelo Napoli da Sampdoria, e logo em seu primeiro jogo contra o Milan com a nova camisa, foi expulso no fim do primeiro tempo graças ao segundo amarelo que recebeu. Com um a menos, os napolitanos suaram para travar chutes e barrar ataques de um Milan que ficou ainda mais ofensivo no segundo tempo, aproveitando a vantagem em relação a número de jogadores. As chances dos rossoneri abrirem o placar, no entanto, quando não eram impedidas pela defesa napolitana, esbarrava no azar de encontrar com a trave ou com um pênalti mal cobrado por Kaká, por exemplo. Porém, faltando quatro minutos pro apito final, Ronaldinho recolocou o Milan no topo da Serie A após quatro anos sem assumir a liderança do campeonato após cobrança de falta.

Neste sábado, Milan e Napoli fazem seu segundo encontro na temporada. Os napolitanos, que vivem melhor momento e têm melhor sequência, levaram a melhor no primeiro turno do Campeonato Italiano. Venceram os diabos de Milão por 4 a 2 no San Paolo em agosto do ano passado. E a rivalidade persiste, embora não existam mais algozes brasileiros contra o Napoli, só há um rossonero brazuca, o zagueiro Rodrigo Ely, que praticamente está encostado. Já do lado partenopeo tem Allan, Rafael e Jorginho representando o Brasil. O carrasco napolitano do Milan, contudo, é Lorenzo Insigne, que marcou quatro gols nos últimos oito duelos entre ambas as equipes. E é alguém que os rossoneri precisa mesmo ter bastante cuidado, porque a fase que vive o italiano, assim como o resto do time, sobretudo os atacantes, é boa.

Até a 21ª rodada ter início, os partenopei ocuparão a terceira posição na tabela de classificação. O Napoli está a quatro pontos de alcançar a Juventus, atual líder. O Milan, por sua vez, soma 37 pontos e está em quinto lugar. Por isso, a vitória importa muito, muito mesmo para os dois lados. Com o tropeço da Juventus na última rodada, ante a Fiorentina, a briga pelo título voltou a se acirrar, e as esperanças dos torcedores da Roma e do Napoli retornaram com a situação. Talvez não dê para incluir os rossoneri nessa disputa pela taça, mas os três pontos, além de fazerem o Diavolo permanecer vivo na luta por uma vaga em alguma competição europeia, fará com que a arquirrival Internazionale não o ultrapasse caso vença o Palermo fora de casa. Milan e Napoli acontecerá às 17 horas e 45 minutos (horário de Brasília) e terá transmissão do Fox Sports.

Foto de Nathalia Perez

Nathalia Perez

Jornalista em formação trabalhando a favor de um meio esportivo mais humano. Meus heróis sempre foram jogadores de futebol, mas hoje em dia são muito mais heroínas.
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