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Di Natale: “Sou torcedor do Napoli, tive medo de que a camisa celeste pesasse em mim”

Udine é a cidade onde Antonio Di Natale fez fama. O ex-atacante, entretanto, nunca deixou de ser um napolitano convicto. Foi no coração do sul da Itália que o menino nasceu, cresceu e alimentou a sua paixão pelo futebol. Afinal, eram anos em que a devoção pela camisa celeste transbordavam as ruas, diante do sucesso de Maradona, Careca e dos outros craques dos partenopei. Mas aquele jovem talentoso passou longe de defender seu clube de infância. Atuando em uma escolinha ligada ao Empoli, mudou-se para a Toscana aos 13 anos, passando a integrar as categorias de base. Por lá se tornou profissional, até se transferir à Udinese, onde chegou ao ápice.

Às vésperas de completar 40 anos, Di Natale admite que o Napoli continua sendo o seu time favorito, agora dividindo espaço com o Empoli e a Udinese. E comentou o porquê de, mesmo defendendo a seleção nacional, nunca ter tentado voltar a sua velha casa, para ser idolatrado no Estádio San Paolo. De certa maneira, uma prova de humildade daquele que foi um dos melhores atacantes do país em sua época.

“Eu sou napolitano e amo Nápoles. Mas, para mim, vestir a camisa do Napoli teria um peso muito grande. Eu tinha medo de não me sair bem e estragar a relação com o clube. Continuo sendo um grande torcedor do Napoli. Eu também ficou de olho no Empoli e na Udinese, portanto tenho três times no meu coração”, declarou, em entrevista à Rádio CRC. Manteve-se em Udine, para ser considerado o maior ídolo da história da Udinese.

Segundo o veterano, ele preferia evitar os jogos contra o Napoli: “Era como marcar gols em meus irmãos”. Ao longo de sua carreira, o artilheiro disputou apenas 14 jogos contra os celestes, menos do que contra outros 17 times da Serie A. Curiosamente, entre lesões e suspensões, só enfrentou os napolitanos uma vez em suas últimas três temporadas. Além disso, a partir de 2010, só pisou no gramado do San Paolo mais uma vez. Em duas partidas fora de casa contra o Napoli neste período, sequer foi relacionado.

Di Natale admitiu, inclusive, que procurará o técnico Maurizio Sarri para um estágio, pensando no futuro como treinador: “O Napoli está próximo do nível da Juventus, mas é importante manter todos no elenco, incluindo o Sarri, e então adicionar jogadores importantes ao grupo. Eles têm um time ótimo para se assistir. Na próxima temporada, pedirei a Sarri se posso acompanhar alguns treinamentos, porque gosto de trabalhar com jogadores jovens. Não há garantias de que um bom jogador se tornará um bom técnico, então quero descobrir se tenho o que é preciso”.

Além disso, Totò referendou Lorenzo Insigne como o seu sucessor na seleção. Ambos possuem, inclusive, tipos físicos parecidos, embora o jogador do Napoli costume atuar mais pelos lados do campo: “Eu penso que Insigne é meu herdeiro. Ele só precisa marcar gols de maneira mais consistente. É um grande jogador e, se Gian Piero Ventura der uma chance, ele também se sairá bem com a Itália”.

Por fim, Di Natale também falou sobre a vida após pendurar as chuteiras: “Eu descansei após 21 anos de futebol, agora posso assistir a alguns jovens jogadores começando a carreira. Naturalmente, sinto falta do campo, mas precisava descansar. Eu não tenho arrependimentos. Talvez eu pudesse ter ganhado um pouco mais de dinheiro em outro lugar, mas minha família estava feliz em Udine”.

Foto de Leandro Stein

Leandro Stein

É completamente viciado em futebol, e não só no que acontece no limite das quatro linhas. Sua paixão é justamente sobre como um mero jogo tem tanta capacidade de transformar a sociedade. Formado pela USP, também foi editor do Olheiros e redator da revista Invicto, além de colaborar com diversas revistas. Escreveu na Trivela de abril de 2010 a novembro de 2023.
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