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Análise da temporada no Campeonato Italiano, parte 2

Na semana passada, começamos a relembrar como foi a temporada no futebol italiano em um especial. Naquela ocasião, analisamos a campanha de dez equipes, aquelas colocadas entre a 11ª e a 20ª posições no torneio, deixando para a segunda parte os melhores da Serie A. É hora de relembrar como os dez primeiros colocados viveram a temporada 2012-13, do Parma à campeã Juventus. Boa leitura!

Para a parte 1, clique aqui. 

Parma

A campanha: 10ª colocação, 49 pontos. 13 vitórias, 10 empates e 15 derrotas.
Ao final de 2012:
8ª colocação
Fora da Serie A:
Eliminado nas oitavas de final da Coppa Italia pelo Catania
O ataque:
45 gols
A defesa:
46 gols
Time-base:
Mirante; Rosi (Benalouane, Zaccardo), Paletta, Lucarelli, Gobbi; Marchionni, Valdés, Parolo; Biabiany, Amauri, Belfodil (Sansone).
Os artilheiros:
Amauri (10 gols), Ishak Belfodil (8) e Nicola Sansone (6)
Os onipresentes:
Marco Parolo (36 partidas), Gabriel Paletta (35) e Massimo Gobbi (34)
O técnico:
Roberto Donadoni
O decisivo:
Amauri
A decepção:
Dorlan Pabón
A revelação:
Ishak Belfodil
O sumido:
McDonald Mariga
Melhor contratação:
Ishak Belfodil
Pior contratação:
Djamel Mesbah
Nota da temporada:
5,5

A temporada parmiggiana foi de altos e baixos. Se no primeiro turno o time de Donadoni surpreendia e parecia capaz de brigar por uma vaga europeia, com direito a invencibiliade caseira, a venda de Zaccardo ao Milan acabou destruindo um projeto promissor. Após a troca que levou o zagueiro/lateral ao clube milanês e Mesbah para o banco de reservas em Parma, a defesa perdeu em liderança e o time acabou acumulando apenas uma vitória nos dez primeiros jogos do returno. Essa série negativa comprometeu e muito o restante da temporada, e o clube se contentou com o meio da tabela. de qualquer forma, o trabalho de Donadoni é um dos melhores do futebol italiano e tem poucos motivos para receber críticas. Desde que voltou à elite, primeiro com Guidolin, depois num parêntese com Marino e Colomba, e, por fim, com o ex-técnico da seleção italiana, o Parma tem feito campanhas consistentes.

Nessa temporada, o bom desempenho valorizou ainda mais o ótimo zagueiro Paletta, um dos jogadores com melhor índice de roubadas de bola no campeonato. Donadoni ainda conseguiu recuperar jogadores que estavam acabados para o futebol, como Marchionni, e outros que vinham em fase bem negativa, como Amauri (que teve momentos de seu auge, no Palermo e nos primeiros meses de Juventus), Valdés e Parolo. O Parma ainda teve dois dos melhores jovens do campeonato: Belfodil, que está na mira da Inter após marcar oito gols e dar quatro assistências, e Sansone, um meia-atacante muito rápido e com personalidade: fez gols contra Inter, Juventus e no dérbi contra o Bologna.

Inter

A campanha: 9ª colocação, 54 pontos. 16 vitórias, 6 empates e 16 derrotas.
Ao final de 2012:
4ª colocação
Fora da Serie A:
Eliminada nas semifinais da Coppa Italia pela Roma e nas oitavas de final da Liga Europa pelo Tottenham
O ataque:
55 gols
A defesa:
57 gols, a segunda pior
Time-base:
Handanovic; Ranocchia, Samuel, Juan; Zanetti, Guarín, Cambiasso, Gargano (Kovacic), Pereira (Nagatomo); Cassano (Álvarez), Palacio (Milito).
Os artilheiros:
Rodrigo Palacio (12 gols), Diego Milito (9) e Antonio Cassano (7)
Os onipresentes:
Samir Handanovic (35 jogos), Javier Zanetti e Esteban Cambiasso (ambos com 33 jogos)
O técnico:
Andrea Stramaccioni
O decisivo:
Samir Handanovic
A decepção:
Ezequiel Schelotto
A revelação:
Mateo Kovacic
O sumido:
Dejan Stankovic
Melhor contratação:
Rodrigo Palacio
Pior contratação:
Matías Silvestre
Nota da temporada:
3

A torcida da Inter está aliviada neste momento. Afinal, a temporada mais estranha do clube na história e a pior em quase 20 anos já acabou. A equipe ficou fora de competições europeias pela primeira vez depois de 14 anos e, com 16 derrotas, atingiu o recorde negativo de partidas perdidas em campeonatos com 20 equipes. Para piorar, a equipe acabou tendo a segunda pior defesa da Serie A (38 dos gols sofridos em 2013, quando a taxa de lesões aumentou muito) e terminou a temporada com saldo de dois gols negativos. A estranheza da temporada é tanta que esta Inter tem também a segunda melhor marca de vitórias consecutivas na história do clube: 9 em sequência, perdendo apenas para o time de Mancini em 2006-07.

Stramaccioni acabou demitido, mas foi poupado pela diretoria do clube e pelos torcedores, que não viram nele uma grande parcela de culpa pelo desastre que aconteceu sobretudo em 2013. O álibi para a má fase (o enorme número de lesões) tem fundo de verdade, já que até o surto de jogadores lesionados atingir a Inter, a equipe fazia um campeonato digno: brigava pela Liga dos Campeões, demonstrava ter um ataque capaz de incomodar e tinha até vencido a Juventus em Turim, além de ter batido Milan, Fiorentina e Napoli. Agora, de mãos abanando após o fim da temporada e já com Mazzarri confirmado como técnico, a equipe buscará se reconstruir mais uma vez, com pilares como Handanovic, Kovacic, Cassano, Palacio, Milito e Icardi.

Catania

A campanha: 8ª colocação, 56 pontos. 15 vitórias, 11 empates e 12 derrotas.
Ao final de 2012:
9ª colocação
Fora da Serie A:
Eliminado nas oitavas de final da Coppa Italia pela Lazio
O ataque:
50 gols
A defesa:
46 gols
Time-base:
Andújar; Álvarez (Bellusci), Legrottaglie, Spolli, Marchese; Izco, Almirón (Biagianti), Lodi; Barrientos (Castro), Bergessio, Gómez.
Os artilheiros:
Gonzalo Bergessio (13 gols), Alejandro Gómez (8) e Francesco Lodi (6)
Os onipresentes:
Alejandro Gómez (36 partidas), Lucas Castro (36) e Gonzalo Bergessio (35)
O técnico:
Rolando Maran
O decisivo:
Alejandro Gómez
A decepção:
Alexis Rolín
A revelação:
Souleymane Doukara
O sumido:
Adrián Ricchiuti
Melhor contratação:
Lucas Castro
Pior contratação:
Alexis Rolín
Nota da temporada:
8

Ano após ano, o sorriso dos torcedores do Catania é maior. Em todas as últimas quatro temporadas, o clube quebrou o recorde de pontos, confirmando uma ascensão baseada na continuidade dos treinadores e em uma boa rede de olheiros espalhada, sobretudo, pela Argentina – o trabalho foi mantido mesmo após a saída do diretor esportivo Lo Monaco. Desta vez, os méritos vão para o técnico Maran, que estreava na elite depois de bons trabalhos na segundona com Vicenza e Varese, mas chegava com uma aura de desconfiança, afinal a passagem de Montella havia sido muito boa. Além do recorde de pontos, o seu time ficou na 8ª posição, a melhor classificação dos etnei na tabela – alcançada outras três vezes.

Dentro de campo, Maran manteve uma estrutura muito semelhante àquela de Montella. A equipe baseava seu jogo no 4-3-3, mas variava (até mesmo dentro de uma mesma partida) também entre o 4-2-3-1 e o 3-5-2. Os maiores destaques foram Lodi, no primeiro turno, e Gómez, no segundo. Jogador cerebral, Lodi comandou o meio-campo siciliano, mas acabou tendo uma pequena queda depois que Milan e Inter demonstraram interesse em seu futebol. Mais constante, o argentino Gómez fez sua melhor temporada na Itália, mostrando um futebol muito objetivo e insinuante, caindo pelas pontas do campo e contando com as ajudas de Castro e Barrientos. No comando do ataque, Bergessio também teve seu melhor ano na Itália e, apesar de não ser um atacante com grande nome, deve permanecer no comando do ataque rossoazzurro.

Lazio

A campanha: 7ª colocação, 61 pontos. 18 vitórias, 7 empates e 13 derrotas. Classificada à Liga Europa.
Ao final de 2012:
2ª colocação
Fora da Serie A:
Campeã da Coppa Italia e eliminada nas quartas de finais da Liga Europa pelo Fenerbahçe
O ataque:
51 gols
A defesa:
42 gols, a quarta melhor
Time-base:
Marchetti; Konko (González), Biava, André Dias (Ciani, Cana), Radu; Candreva, Hernanes, Ledesma, González (Mauri), Lulic; Klose.
Os artilheiros:
Miroslav Klose (15 gols), Hernanes (11) e Antonio Candreva (6)
Os onipresentes: Cristián Ledesma (36 partidas), Antonio Candreva (35), Hernanes e Álvaro González (ambos com 34)
O técnico:
Vladimir Petkovic
O decisivo:
Federico Marchetti
A decepção:
Libor Kozák
A revelação:
Eddy Onazi
O sumido:
Mauro Zárate
Melhor contratação:
Éderson
Pior contratação:
Louis Saha
Nota da temporada:
6,5

Com a mesma base da temporada anterior, a Lazio fez apenas uma mudança substancial: com a saída de Edy Reja, o presidente Lotito levou o técnico Petkovic para o Olímpico por um baixo custo anual – apenas 600 mil euros. A aposta rendeu aos aquilotti o título da Coppa Italia, conquistada sobre a rival Roma, mas tinha potencial para mais. Ao fim de 2012, a Lazio era a vice-líder da Serie A e jogava um futebol muito sólido, no qual Marchetti (um dos melhores arqueiros da temporada) e a forte linha defensiva, auxiliados pelo recuo de Ledesma, eram o destaque. Hernanes e Candreva criavam no meio-campo, Klose fazia os gols e todos estavam combinados assim. Porém, Klose se machucou e passou dois meses parado, e a defesa biancoceleste também sofreu com desfalques. Floccari até se esforçou, mas seus cinco gols – e a nulidade de Kozák, que passou em branco – não foram suficientes. A casa caiu.

A decepção pela sétima posição foi aplacada pelo título da copa nacional, mas a torcida da Lazio está cansada. Reja nunca teve o apoio incondicional da maior parte dos torcedores porque, de acordo com eles, se contentava com pouco – ou seja, não ambicionava a Champions. Hoje, a diretoria também quer mais e Petkovic só não caiu porque conseguiu um título e, claro, manteve a invencibilidade contra a Roma, que já dura mais de dois anos. Para a próxima temporada, além de manter a forte base (ao menos Marchetti, Ledesma, Hernanes, Candreva, Lulic e Klose), será importante para a equipe reforçar mais o elenco e colocar a base para trabalhar. Onazi e Rozzi, revelados em Formello, tem futuro.

Roma

A campanha: 6ª colocação, 62 pontos. 18 vitórias, 8 empates e 12 derrotas.
Ao final de 2012:
6ª colocação
Fora da Serie A:
Vice-campeã da Coppa Italia, derrotada pela Lazio
O ataque: 71 gols, o terceiro melhor
A defesa:
56 gols, a quarta pior
Time-base:
Stekelenburg (Goicoechea); Piris, Marquinhos, Leandro Castán (Burdisso), Balzaretti; Bradley, De Rossi (Tachtsidis), Florenzi (Pjanic); Lamela, Totti, Osvaldo.
Os artilheiros: Pablo Osvaldo (16 gols), Erik Lamela (15) e Francesco Totti (12)
Os onipresentes:
Alessandro Florenzi (36 partidas), Francesco Totti (34) e Erik Lamela (33)
Os técnicos:
Zdenek Zeman, até a 23ª rodada e Aurelio Andreazzoli, da 24ª em diante
O decisivo:
Francesco Totti
A decepção: Daniele De Rossi
A revelação:
Marquinhos
O sumido:
Rodrigo Taddei
Melhor contratação:
Marquinhos
Pior contratação:
Mauro Goicoechea
Nota da temporada:
5

A Roma foi a única equipe entre as dez primeiras colocadas da Serie A a ter trocado de técnico durante a competição. Não é à toa: é o time cujo projeto está mais obscuro. A diretoria contratou Zeman, autor de um belo trabalho na segundona com o Pescara, muito mais para tentar conquistar a torcida, já identificada com ele e sedenta por um futebol ofensivo, mas deveria saber que o “pacote zemaniano” não é aquele que põe títulos na sala de troféus de clube algum. Quando a Roma ia caindo de produção, mas mantinha uma alta média de gols feitos e também de sofridos, a diretoria não quis saber e demitiu o tcheco. Andreazzoli, seu assistente, o substituiu e logo implantou um 3-4-2-1 menos vistoso, mas muito mais eficiente. A vaga europeia ficou por um fio e, agora, no terceiro ano da nova gestão, um terceiro projeto deve começar quase do zero.

A grande incógnita do próximo projeto é o lugar de De Rossi. Desde o vice-campeonato nacional em 2009-10 o meia vive uma fase muito ruim – Zeman chegou, corretamente, a barrá-lo durante boa parte do campeonato. No gol, Goicoechea foi um desastre, assim como a gestão do caso Stekelenburg, que deveria ter saído em janeiro por divergências com o ex-treinador, mas acabou ficando depois de já estar quase assinado com o Fulham, clube para o qual deve se transferir nos próximos dias – para completar, Goicoechea, seu substituto, foi uma lástima. Apesar de tudo, a Roma teve pontos muito positivos, como as afirmações de Florenzi e Lamela, os gols de Osvaldo (Destro, no entanto, ficou ofuscado e não rendeu o esperado)… e, claro, a grande forma de Totti, mesmo aos 36 anos. Os romanistas puderam comemorar ainda a ascensão de Totti à vice-artilharia histórica na Serie A, com 227 gols. Sem dúvida, porém, o destaque da temporada foi a contratação de Marquinhos, que, aos 18 anos, joga como um veterano. Se não vendê-lo, o clube romano terá um zagueiraço por anos.

Udinese

A campanha: 5ª colocação, 66 pontos. 18 vitórias, 12 empates e 8 derrotas. Classificada à Liga Europa
Ao final de 2012: 10ª colocação
Fora da Serie A:
Eliminada nas oitavas de final da Coppa Italia pela Fiorentina, nos play-offs da Liga dos Campeões pelo Braga e na fase de grupos da Liga Europa
O ataque:
59 gols
A defesa:
45 gols
Time-base:
Brkic; Benatia (Angella, Heurtaux), Danilo, Domizzi; Basta, Allan, Badu (Pinzi), Pereyra, Pasquale (Gabriel Silva); Lazzari (Muriel); Di Natale.
Os artilheiros:
Antonio Di Natale (23 gols), Luis Muriel (11) e Roberto Pereyra (5)
Os onipresentes:
Roberto Pereyra (37 partidas), Allan (36) e Antonio Di Natale (33)
O técnico:
Francesco Guidolin
O decisivo: Antonio Di Natale
A decepção:
Maicosuel
A revelação:
Piotr Zielinski
O sumido:
Willians
Melhor contratação:
Allan
Pior contratação:
Maicosuel
Nota da temporada:
7

Guidolin, Di Natale e companhia protagonizaram mais um milagre em Údine. Um menor que os dois anteriores, no entanto, mas suficiente para levar a equipe à Europa pelo terceiro ano consecutivo. Novamente, o time começou o campeonato tropeçando e teve um 2012 ruim, com direito à eliminação da LC e da Liga Europa. Os reforços não se adaptavam muito bem (casos de Maicosuel e Willians, que em janeiro voltou ao Brasil), a torcida descobria que Brkic não era Handanovic, e já via que Pasquale e Gabriel Silva não pareciam substitutos à altura de Armero, de saída para o Napoli. O ciclo de Guidolin estava perto do fim e o técnico chegou a colocar o cargo à disposição da diretoria. Porém, a equipe iniciou uma arrancada no início de 2013 e ganhou cinco posições no ano, fechando a temporada em alta.

Pelo quarto ano consecutivo, Di Natale marcou mais de 20 gols em uma única temporada e foi o grande nome do time. Logo abaixo dele, se ano passado o brasileiro Danilo foi o grande destaque, desta vez outro jogador verde e amarelo apareceu como destaque: Allan, ex-Vasco, se adaptou muito rápido, deu cinco assistências para gol e, ao lado de Basta, constituiu um lado direito muito forte. Titular no segundo turno, Gabriel Silva cresceu de produção e também ganhou moral. No segundo turno, o crescimento da Udinese pode ser atribuído ao despertar de dois jovens, que vinham mal: Muriel e Pereyra. O primeiro recuperou a forma física e marcou nove gols no returno, enquanto o segundo fez três gols e contribuiu com muita movimentação. Certamente, os dois, Allan, o jovem polonês Zielinski e Vydra (que esteve emprestado ao Watford) serão os próximos a se valorizarem na corte de Guidolin.

Fiorentina

A campanha: 4ª colocação, 70 pontos. 21 vitórias, 7 empates e 10 derrotas.
Ao final de 2012:
3ª colocação
Fora da Serie A:
Eliminada nas quartas de final da Coppa Italia pela Roma
O ataque:
72 gols, o segundo melhor
A defesa: 44 gols, a quinta melhor
Time-base:
Viviano; Roncaglia (Tomovic), Rodríguez, Savic; Cuadrado, Aquilani, Pizarro, Borja Valero, Pasqual; Jovetic, Ljajic (Toni).
Os artilheiros:
Stefan Jovetic (13 gols), Ádem Ljajic (11) e Luca Toni (8)
Os onipresentes:
Borja Valero (37 partidas), Juan Guillermo Cuadrado (36), Manuel Pasqual e Gonzalo Rodríguez (ambos com 35)
O técnico:
Vincenzo Montella
O decisivo: Borja Valero
A decepção:
Mattia Cassani
A revelação:
Ádem Ljajic
O sumido:
Mohamed Sissoko
Melhor contratação:
Borja Valero
Pior contratação: Cristián Llama
Nota da temporada:
8

Quando a Fiorentina começou a montar o time para esta temporada, já se esperava que a equipe fosse fazer uma boa campanha. Foram contratados jogadores que, se bem comandados, poderiam mudar o patamar da equipe (Viviano, Rodríguez, Roncaglia, Valero, Cuadrado, Aquilani, Pizarro), e um técnico muito promissor. A expectativa é que a equipe viesse a crescer ao longo do campeonato, mas logo os florentinos responderam e começaram o campeonato à toda, brigando na parte de cima da tabela. O entrosamento foi quase instantâneo, mas a grande exigência física e o cansaço psicológico acabaram fazendo o time não vencer nos quatro primeiros jogos do ano – perda de pontos que se mostrou fundamental para tirar o time da Champions.

Montella montou uma Fiorentina muito parecida com seu Catania do ano anterior. Um 3-5-2 envolvente, com meio-campistas excepcionais, hábeis em manter a posse de bola, e dois alas muito bons no apoio, além de atacantes que “conversam” bem. O resultado é que os titulares nestes setores acumularam, juntos, 44 assistências para gols. Valero, ponto de referência do time, conseguiu ofuscar Jovetic, outrora o dono do time, uma vez que chamou a responsabilidade e foi uma espécie de Pirlo para a equipe toscana. O espanhol foi o jogador de linha que mais jogou em todo o campeonato,o segundo que mais passou a bola, logo abaixo do italiano, e ainda o terceiro colocado no quesito assistências, com 11, quatro a mais que o juventino. No ataque, a grata surpresa foi a explosão de Ljajic, que precisou de quase três anos para demonstrar todo o seu potencial em Florença (11 dos 15 gols que marcou no clube foram feitos neste ano). Por muito pouco a Fiorentina ficou fora da LC (a torcida não perdoa o erro de arbitragem favorável ao Milan na última rodada), mas é bom que os outros times não bobeiem ano que vem. O time brigará ainda mais forte.

Milan

A campanha: 3ª colocação, 72 pontos. 21 vitórias, 9 empates e 8 derrotas.
Ao final de 2012:
7ª colocação
Fora da Serie A:
Eliminado nas quartas de final da Coppa Italia pela Juventus e nas oitavas de final da Liga dos Campeões pelo Barcelona
O ataque:
67 gols, o quinto melhor
A defesa:
39 gols, a terceira melhor
Time-base:
Abbiati; Abate, Zapata (Yepes), Mexès, De Sciglio (Constant); Nocerino (Ambrosini), Montolivo, Flamini (Muntari, Constant); Boateng, Pazzini (Balotelli), El Shaarawy.
Os artilheiros:
Stephan El Shaarawy (16 gols), Giampaolo Pazzini (15) e Mario Balotelli (12)
Os onipresentes:
Stephan El Shaarawy (37 partidas), Riccardo Montolivo (32) e Giampaolo Pazzini (30)
O técnico:
Massimiliano Allegri
O decisivo:
Mario Balotelli
A decepção:
Kevin-Prince Boateng
A revelação:
Mattia De Sciglio
O sumido:
Francesco Acerbi
Melhor contratação:
Mario Balotelli
Pior contratação:
Bakaye Traoré
Nota da temporada:
7,5

O Milan fez um campeonato no melhor estilo corrida de recuperação. Largou muito mal, acabou encostando em alguns carros e teve de trocar pneus e aerofólios. A estratégia de equipe mudou em meados de outubro e na “pit-stop” de mercado de janeiro, a adição de uma peça chamada Balotelli mudou tudo. Desde que o Super Mario chegou, o Milan apenas subiu de produção, embora El Shaarawy tenha sumido. Ao todo, o ataque rossonero se mostrou um dos mais letais do campeonato, com três atacantes que marcaram mais de 10 gols na temporada – todos italianos, dois deles contratados nesta temporada; Pazzini e o próprio Balotelli. O Milan, vale destacar, crescia também na parte final dos jogos: 24 gols (35% dos marcados em 2012-13) foram feitos nos últimos 15 minutos.

Quem também merece méritos é Allegri. O técnico virou o jogo, escalando o time num 4-3-3 interessante e equilibrado. Com isso, o Diavolo sofreu apenas 13 gols após a virada do ano, mesmo jogando com uma defesa de peças contestáveis, como Mexès e Zapata, que vinham em má fase (cresceram, depois), Constant improvisado na lateral esquerda em alguns jogos e o inexperiente De Sciglio, uma das gratas surpresas no campeonato. Montolivo foi importante para isto, pois cumpriu papel tático importante na recomposição e na armação de jogadas, atuando mais ou menos como Pirlo em seus tempos de Milão. Allegri (com a ajuda de Galliani) venceu a queda de braço com Berlusconi e fica no clube, com méritos. Mas, se há críticas a se fazer a seu trabalho, aí vão duas: fazer Boateng render como antes e deixar a equipe mais forte em confrontos diretos. Afinal foram apenas três vitórias em 12 jogos contra os sete primeiros colocados. Seu Milan foi implacável contra os pequenos, mas para a Liga dos Campeões, é preciso mais.

Napoli

A campanha: 2ª colocação, 78 pontos. 23 vitórias, 9 empates e 6 derrotas.
Ao final de 2012:
5ª colocação
Fora da Serie A:
Vice-campeão da Supercopa italiana, eliminado nas oitavas de final da Coppa Italia pelo Bologna e nos 32 avos de final da Liga Europa pelo Viktoria Plzen
O ataque:
73 gols, o melhor
A defesa:
36 gols, a segunda melhor
Time-base:
De Sanctis; Campagnaro, Cannavaro, Gamberini (Britos); Maggio, Inler (Dzemaili), Behrami, Zúñiga; Hamsík, Pandev (Insigne); Cavani.
Os artilheiros:
Edinson Cavani (29 gols), Marek Hamsík (11) e Blerim Dzemaili (7)
Os onipresentes:
Marek Hamsík (38 partidas), Lorenzo Insigne (37), Edinson Cavani, Blerim Dzemaili e Morgan De Sanctis (todos com 34)
O técnico:
Walter Mazzarri
O decisivo:
Edinson Cavani
A decepção:
Eduardo Vargas
A revelação:
Lorenzo Insigne
O sumido:
Marco Donadel
Melhor contratação:
Valon Behrami
Pior contratação:
Bruno Uvini
Nota da temporada:
8

Apenas o segundo melhor Napoli da história, abaixo daquele comandado por Maradona e Careca, que foi bicampeão italiano. Se aquele time do fim da década de 1980 e início de 1990 tinha essa dupla, o atual tem os inspiradíssimos Cavani e Hamsík, que juntos valem cerca de 100 milhões de euros. A saída de Lavezzi não chegou a ser sentida, porque Insigne e Pandev fizeram bom campeonato, mas sobretudo porque Mazzarri foi inteligentíssimo. Taticamente, o time passou a atacar ainda mais pelas laterais, com os ofensivos Maggio e Zúñiga, e o meio-campo passou a participar mais do jogo – não à toa, Hamsík fez 11 gols, Dzemaili sete e Inler seis. Hamsík foi adiantado por Mazzarri e marcou 11 gols, além de dar 14 assistências e se tornar o líder do quesito no campeonato.

Quem também liderou foi Cavani, artilheiro do campeonato com a incrível marca de 29 gols em 34 jogos – por pouco, não se juntou a Toni como os únicos a marcarem 30 ou mais gols desde a temporada 1958-59. O incrível é notar que durante metade da Serie A, Cavani não jogou tudo o que podia, pois não estava bem fisicamente. Além de montar um time muito eficiente no ataque e fazer as individualidades dos seus principais jogadores aparecerem ao máximo, Mazzarri ainda conseguiu dar um jeito na defesa, que sofria demais nas temporadas anteriores, sobretudo em bolas alçadas – nisso, Gamberini, um especialista no assunto, foi muito útil. Depois de quatro anos, os caminhos do técnico e do time se dividiram e o teste será de fogo para ambos. Mazzarri, com belo trabalho e desafios vencidos em Nápoles, terá a grande chance da carreira na Inter, enquanto o Napoli tentará brilhar por mais tempo com Benítez. Apesar da troca no comando, cenário é bom para os azzurri e será ainda melhor se Cavani e Hamsík ficarem.

Juventus

A campanha: Campeã, 87 pontos. 27 vitórias, 6 empates e 5 derrotas.
Ao final de 2012:
1ª colocação
Fora da Serie A:
Campeã da Supercopa italiana diante do Napoli, eliminada nas semifinais da Coppa Italia pela Lazio e nas quartas de final da Liga dos Campeões pelo Bayern Munique
O ataque:
71 gols, o terceiro melhor
A defesa:
24 gols, a melhor
Time-base:
Buffon; Barzagli, Bonucci, Chiellini; Lichtsteiner, Vidal, Pirlo, Marchisio (Pogba), Asamoah; Giovinco (Marchisio), Vucinic.
Os artilheiros:
Arturo Vidal (10 gols), Mirko Vucinic (10) e Fabio Quagliarella (9)
Os onipresentes:
Andrea Barzagli (34 partidas), Leonardo Bonucci (33), Andrea Pirlo e Gianluigi Buffon (ambos com 32)
O técnico:
Antonio Conte
O decisivo:
Arturo Vidal
A decepção:
Lúcio
A revelação:
Paul Pogba
O sumido:
Simone Pepe
Melhor contratação:
Paul Pogba
Pior contratação: Lúcio
Nota da temporada:
8,5

A Juventus desta temporada pode ser definida por um paradoxo: foi menos espetacular que no ano passado, mas também foi mais dominante. Viva em três competições até janeiro, a Juve só se dedicou exclusivamente à Serie A quando o 29º campeonato já estava praticamente ganho, na metade de abril, depois de cair para o futuro campeão Bayern Munique na Champions. A disputa de três competições (ao contrário da última temporada, em que a Velha Senhora só teve olhos para o Campeonato Italiano e praticamente desprezou a Coppa Italia) claramente exigiu mais da equipe, e o técnico Antonio Conte foi perfeito na gestão do elenco. Nenhum atleta precisou se desgastar em excesso nos jogos do campeonato e os reservas acabaram dando conta do recado, enquanto o time sonhava em ir o mais longe possível na LC.

É bom lembrar que em nenhum momento a equipe teve o título realmente ameaçado e só foi levemente questionada quando perdeu a invencibilidade, na 11ª rodada, em um 3 a 1 sofrido contra a Inter, e em fevereiro, quando o Napoli tentava uma aproximação. Novamente, a força coletiva foi a marca da temporada juventina – 13 jogadores marcaram gols e nenhum subiu muito na artilharia. Em uma temporada de pouco brilho para Pirlo e Buffon, que atuaram apenas acima da média, os destaques ficaram para Vidal, um leão no meio-campo, e para a revelação Pogba, de 20 anos. O primeiro, eleito pela torcida como o melhor jogador da temporada, é muito voluntarioso e é, taticamente, o termômetro da equipe, uma vez que é o que melhor reúne a marcação e a chegada de surpresa no ataque. Já Pogba mostrou enorme maturidade para sua idade e, muito provavelmente, tomará a titularidade de um Marchisio opaco. Com os reforços que chegarão no mercado, a expectativa é de que a Juve mantenha a hegemonia nacional e parta para voos maiores na Europa.

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