Itália

Presidente da Federação Italiana de Futebol é investigado por suspeita de lavagem de dinheiro

Gabriele Gravina é acusado de ter desviado dinheiro e comprado apartamento em Milão após negociação de livros antigos; ele também está envolvido em outra investigação

Após confusões e prisões nos últimos anos na Serie A e também em divisões menores, o futebol italiano pode estar prestes a sofrer com mais um escândalo envolvendo grandes autoridades nos próximos meses. Isso porque Gabriele Gravina, presidente da Federação Italiana de Futebol (FIGC) está sendo investigado pelo Ministério Público de Roma por suspeitas de desvios de dinheiro e peculato desde 2018. Gravina é também um dos vice-presidentes da UEFA.

A investigação é referente a venda dos direitos de televisão da Lega Pro, a terceira divisão italiana. À época, Gravina era o presidente da entidade que organizava o torneio. Segundo informações do Il Post, as autoridades suspeitam que a venda dos direitos à empresa ISG Ginko estava ligada ao comércio de livros do século XVI que Gravina vendeu posteriormente por centenas de milhares de euros. Com esse dinheiro, ele deu entrada em um apartamento comprado em Milão, que agora é propriedade da filha de um dos sócios dele. Essa investigação pode ser transferida para o Ministério Público de Milão.

Outro processo envolvendo o nome de Gravina

Mas além da investigação sobre a compra do apartamento, o Ministério Público também apura outro processo envolvendo o nome do mandatário. Com auxílio do procurador de Perugia, as autoridades da capital italiana estão investigando 16 pessoas acusadas de terem obtido informações privadas sobre políticos e celebridades através de softwares. Um deles inclusive acessou dados da Direção Nacional Antimáfia. Dentre os investigados, estão nomes como Guido Crosetto, ministro da Defesa da Itália, Matteo Renzi, ex-Primeiro-ministro, e também a ex-namorada de Silvio Berlusconi, Marta Fascina.

Segundo a imprensa local, Gravina compareceu à Procuradoria de Roma para prestar esclarecimentos sobre este caso. E quando lá chegou, foi informado pelas autoridades de que uma investigação contra ele tinha sido formalmente iniciada algumas horas antes. Os advogados do atual presidente da FIGC disseram que Gravina já prestou esclarecimentos e também forneceu documentos para negar as acusações contra ele.

- - Continua após o recado - -

Assine a newsletter da Trivela e junte-se à nossa comunidade. Receba conteúdo exclusivo toda semana e concorra a prêmios incríveis!

Já somos mais de 3.200 apaixonados por futebol!

Ao se inscrever, você concorda com a nossa Termos de Uso.

Histórico doloroso no futebol italiano

Não são poucos os casos de escândalos de corrupção no futebol italiano. Presentes desde os anos 1980, envolvendo a perda intencional de jogos com envolvimento de atletas, treinadores e dirigentes, o mais famoso de todos foi o Calciopoli, em 2006. Na ocasião, a Juventus perdeu o título da Serie A de 2006, e foi rebaixada no ano seguinte, por conta de seu diretor de futebol ter sido condenado por ter envolvimento com comissões de arbitragem. Clubes como Lazio, Fiorentina e Milan também foram punidos.

Mais recentemente, equipes da Serie B foram envolvidas em casos de manipulações de resultados, com a prisão de 16 pessoas, incluindo jogadores, em 2012. Três anos depois, outro caso semelhante, mas com equipes de menor expressão, mas agora envolvendo também apostas. Nesse escândalo, chamado de Calcioscommesse, mais de 50 pessoas foram presas.

Ainda se sabe pouco sobre as investigações contra Gravina, até porque existe a possibilidade de outra promotoria assumir o caso. Mesmo assim, o trauma de anos anteriores e o prejuízo que causou volta a assolar a Itália. O país, que estava se recuperando e inclusive tinha recuperado vagas em competições via coeficiente da UEFA, pode sofrer novamente caso seja comprovada a lavagem de dinheiro de seu principal mandatário na atualidade.

Foto de Vanderson Pimentel

Vanderson PimentelRedator de esportes

Jornalista formado em 2013, e apaixonado por futebol desde a infância. Em redações, também passou por Estadão e UOL.
Botão Voltar ao topo