Prazer, Sassuolo

Você talvez nunca tenha ouvido falar no Sassuolo. Tudo bem, não é nenhum pecado nunca ter ouvido falar em uma equipe que passou a maior parte de seus 90 anos de vida atuando em torneios amadores e disputou a Serie B pela primeira vez em 2008-09. Porém, é bom se acostumar: provavelmente a equipe neroverde estará na elite do futebol italiano na próxima temporada.
O Sassuolo é uma equipe da pequena cidade homônima, localizada na província de Módena, na Emília-Romanha, região centro-norte da Itália. O incomum verde e preto das cores do clube até lembra o do tradicional América Mineiro. Líder da Serie B, com 58 pontos em 26 jogos, o Sassuolo tem o melhor ataque (58 gols marcados) e a melhor defesa (21 sofridos) da competição. São 7 pontos de vantagem sobre o Livorno, vice-líder, e 11 sobre o Verona, terceiro, faltando 16 rodadas para o fim do certame.
Após chegar à segundona em 2008, o Sassuolo surpreendeu e viu o acesso bater na trave três vezes. Na primeira temporada, ficou em 7º, quase chegando aos play-offs. Em 2009-10 e 2011-12, por sua vez, chegou aos play-offs, mas acabou eliminado respectivamente por Torino e Sampdoria. Em cinco participações na Serie B, esteve nas cabeças em quatro delas. O que faz o Sassuolo estar tão bem?
Primeiramente, a equipe conta com o aporte financeiro da Mapei, empresa italiana do ramo de adesivos, selantes e auxiliares para construção. O presidente do Sassuolo é Giorgio Squinzi, dono da multinacional. Apesar disso, o Sassuolo não faz contratações bombásticas e prefere apostar na prospecção de talentos e em jovens jogadores – principalmente italianos. Os grandes destaques do time são o atacante Richmond Boakye, que disputa sua segunda temporada pelo clube, e o defensor Emanuele Terranova, também em sua segunda temporada.
Boakye marcou 10 gols na última Serie B e acabou contratado pela Juventus. Após fazer pré-temporada em Turim, acabou sendo emprestado ao clube emiliano e, em 18 partidas, já marcou 9 gols. Dotado de técnica, velocidade e força, o ganês pode jogar como primeiro ou segundo atacante, e atua ao lado de Leonardo Pavoletti, atacante de 24 anos que já marcou 7 gols no campeonato. Outro bom nome é o atacante Domenico Berardi, de 18 anos, autor de 5 gols no campeonato – ele já virou titular e interessa ao Manchester City. Terranova, por sua vez, nunca teve espaço no Palermo, que o revelou, e só no Sassuolo conseguiu decolar. Espécie de “zagueiro artilheiro”, divide a liderança da artilharia emiliana com Boakye.
Além dos jogadores citados acima, destacam-se no Sassuolo o zagueiro Lino Marzoratti, formado no Milan, e o meia Karim Laribi, formado no Palermo e peça da seleção sub-21 italiana. Embora todos joguem bem, o número reduzido de gols dos artilheiros (se Boakye e Terranova tem 9, o artilheiro da Serie B, Marco Sansovini, do Spezia, tem 18), deixa claro que o grande valor do Sassuolo é o coletivo. E, para isto, é necessário ter um bom técnico.
Não à toa, a escolha dos técnicos em Sassuolo, desde que o time começou a crescer, é quase sempre azeitada. O comandante que levou o Sassuolo à Serie B foi ninguém menos do que Massimiliano Allegri, que hoje está no Milan. Também passaram pelo clube treinadores como Andrea Mandorlini (que hoje tem sucesso no Verona), Stefano Pioli (Bologna) e Fulvio Pea (campeão sub-21 com Sampdoria e Inter, atualmente no Padova). Todos estes sucederam Eusebio Di Francesco, que fez ótimo trabalho no Pescara, decepcionou no Lecce, mas volta a impressionar pelos neroverdi. O seu trabalho é tão bom que o técnico desperta o interesse da Roma, equipe pela qual jogou. Ele está na lista de treinadores cotados para assumir o time na próxima temporada.
Para o futebol italiano, equipes pequenas terem chegado à Serie A, nos últimos anos, foi desastroso. A chegada das equipes nanicas mostrava uma das faces mais negativas da gestão do futebol nacional: equipes mais tradicionais faliam e abriam espaço para que times pequenos, liderados por aventureiros e muitas vezes sem estrutura alguma, alcançassem a elite. O resultado foi amplamente negativo e ajudou a diminuir a competitividade do campeonato. O Sassuolo, porém, pode representar que tem pequenos honestos que podem trabalhar para se estabelecer – como fizeram, por exemplo, Chievo e Catania. É aguardar para ver.
Pallonetto
– Milan, Fiorentina e Roma sorriram na rodada da Serie A. Tudo porque Napoli, Lazio e Inter tropeçaram e permitiram que a briga por uma vaga na Liga dos Campeões ficasse ainda mais aberta. A líder Juventus também tropeçou, mas o Napoli não aproveitou para se aproximar.
– Seleção Trivela da 25ª rodada: Stekelenburg (Roma); Darmian (Torino), Marquinhos (Roma), Gastaldello (Sampdoria), Behrami (Napoli); Kucka (Genoa), Aquilani (Fiorentina); Emeghara (Siena), Totti (Roma), Jovetic (Fiorentina); Sau (Cagliari). Técnico: Vincenzo Montella (Fiorentina).